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janeiro 27, 2018
Palavra-Coisa na Carbono, São Paulo
A Carbono Galeria inaugura o ano com a exposição PALAVRA-COISA, uma coletiva com curadoria de Daniel Rangel e participação de 8 artistas.
A mostra reúne obras de Almandrade, Antoni Muntadas, Arnaldo Antunes, Fernando Laszlo, Lenora de Barros, Marcos Chaves Tadeu Jungle e Walter Silveira, produzidas especialmente para a exposição que exploram as dimensões verbais, sonoras e p¬lásticas que unem literatura, música e artes visuais.
Sobre a exposição, o curador escreve: “A expressão ‘palavra-coisa’ foi utilizada pelo trio de inventores da poesia concreta brasileira: Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, em uma das definições no plano-piloto para poesia concreta, que publicaram em 1958. (ler texto curatorial)
A tensão descrita na sentença sugere fronteiras tênues, separadas apenas por hifens que unem ainda mais os vocábulos. A proposta é que a dimensão semântica assuma a identidade e torne-se a própria ‘coisa em si’.
O poema, originário da literatura, é então potencializado por um encontro de aspectos temporais, influenciados pela música, com outros espaciais, conectados sobretudo às artes visuais.
Esta fusão semântica, sonora e plástica é o cerne do termo verbivocovisual, traduzido pelos mesmos teóricos, a partir da obra do poeta irlandês James Joyce. O conceito verbivocovisual tornou-se frequente na produção dos três poetas paulistas desde dos anos 1950. Eles criaram uma nova forma de fazer poesia explorando diferentes suportes e linguagens para formalizar seus poemas, para além do livro tradicional.
Hoje, após exatos sessenta anos da publicação do referido plano-piloto, são inúmeros os que se apropriam do conceito verbivocovisual para criação de suas obras. Alguns mais semânticos que visuais, outros mais plásticos que verbais, contudo, os poucos aqui reunidos, denominamos todos de ‘artista-poetas’. “
As obras, no total 17, passam a fazer parte do acervo de edições da Carbono, que conta hoje com diversos trabalhos de importantes e conceituados artistas. O coletivo escolhido pelo curador, traz tanto artistas que estão normalmente mais vinculados ao universo da poesia visual, como Arnaldo Antunes, Tadeu Jungle, Walter Silveira e Fernando Laszlo, quanto artistas visuais estabelecidos no sistema de artes, mas que flertam constantemente com as palavras e a poesia, como Antoni Muntadas, Marcos Chaves, Almandrade e Lenora de Barros.
“A mostra cumpre ainda, em outro espaço-tempo, um dos principais objetivos almejados pelos criadores da poesia concreta; a de se criar uma “arte geral da palavra”. Comenta Daniel Rangel.
Sobre o curador
Graduado em comunicação social em Salvador, Bahia, é curador, produtor e gestor cultural.
Foi diretor-artístico e curador do Instituto de Cultura Contemporânea (ICCo) em São Paulo. Foi diretor de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, da Secretaria de Cultura do Governo do Estado e atuou como assessor de direção do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) na gestão de Solange Farkas.
Produziu, entre outras, a exposição Ready Made in Brasil (2017), a exposição Quiet in the Land (2000), uma parceria entre o Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York, o MAM-BA e o Projeto Axé, em Salvador. Foi curador-convidado da Bienal Internacional de Curitiba em 2015. Pesquisador Associado do grupo de pesquisas Fórum Permanente do IEA-USP.
Ao longo dos últimos 10 anos realizou inúmeras curadorias no Brasil e no exterior, com destaque para II Trienal de Luanda, em Angola (2010), a 16ª Bienal de Cerveira, em Portugal (2012), a itinerância com arte contemporânea africana chamada Transit_BR (2012/13), que passou por Salvador, Brasília e São Paulo, entre outras importantes exposições individuais e coletivas.