|
janeiro 16, 2018
Athos Bulcão na Caixa Cultural, Recife
Mostra apresenta gravuras, azulejos, murais e projetos de um dos ícones da arte moderna brasileira
A Caixa Cultural Recife apresenta dia 21 de dezembro de 2017 a exposição Athos Bulcão - Tradição e Modernidade, que traça um resumo artístico de um dos ícones da arte moderna brasileira. Com curadoria de Marcus de Lontra Costa em parceria com a Fundação Athos Bulcão de Brasília, a mostra é composta por 40 obras em azulejaria, gravuras, serigrafias, vídeos, projetos, plantas, estudos, textos e material iconográfico que ajudam a elucidar a trajetória do artista e a traçar um elo entre sua vida, a arte e a arquitetura. A abertura da mostra acontece no dia 21/12 às 19h e tem entrada gratuita. A visitação vai de 22 de dezembro a 28 de janeiro de 2018, podendo ser feita de terça-feira a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos, das 10h às 17h.
A exposição privilegia a produção arquitetônica de murais e azulejaria do artista, de caráter geométricos e monumentais, como os painéis do Sambódromo (RJ), Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitscheck, Rodoferroviária e a Igrejinha N. S. de Fátima, em Brasília, e a Embaixada do Brasil em Buenos Aires na Argentina. No intuito de explorar a heterogeneidade e pluralidade modernista de Bulcão, foram selecionadas aproximadamente 40 obras de formatos variados, que abrangem seus fundamentos criativos e signos plásticos poéticos.
Cada um dos seis núcleos artísticos contém um grande mural de azulejos, acompanhado de seu projeto/planta e uma foto de sua aplicação no local de origem (construção/arquitetura), em conjunto com uma monumental instalação cenográfica da fachada do Teatro Nacional de Brasília, marco da arquitetura nacional e ícone da capital brasileira. Há ainda uma sessão dedicada exclusivamente à produção de gravuras e serigrafias, e a exibição de um vídeo-entrevista com o artista.
Athos Bulcão potencializa a arquitetura e trabalha peculiaridades oferecidas pelo espaço projetado, as relações deste com a paisagem e com a natureza, como a incidência da luminosidade solar. Em seus azulejos destacam-se a modulação e o grafismo criados com base nas formas geométricas. Sua obra, inscrita em alguns dos principais edifícios modernos brasileiros, notabiliza-se pelo equilíbrio encontrado nas relações entre arte e arquitetura.
Sua arte também está ligada aos espaços públicos, entre murais, painéis e relevos para os edifícios do Congresso Nacional e Câmara dos Deputados, entre outros. Há mais de 200 obras de integração da arte à arquitetura espalhadas por Brasília - DF. Os azulejos e os painéis de integração fazem parte do acervo da humanidade.
“Athos Bulcão contribuiu de forma decisiva para a história da arte brasileira e agrega valores internacionais na construção das questões vanguardistas do século XX. Considerado um dos mais expressivos artistas de sua geração, a exposição propõe o resgate de sua memória através de uma mostra abrangente e de qualidade relevante”, destaca o curador Marcus de Lontra Costa.
Athos Bulcão (1918-2008) nasceu no Rio de Janeiro e sempre teve incentivo no campo das artes. Em 1939, abandona a medicina para dedicar-se à pintura. Torna-se amigo de Burle Marx, Carlos Scliar e Enrico Bianco. Por Murilo Mendes é apresentado ao casal Vieira da Silva e Arpad Szenas freqüentando o ateliê deles na década de 1940. Trabalha com Candido Portinari na construção do painel de São Francisco de Assis, na Igreja da Pampulha (BH). Sua primeira exposição individual veio em 1944, na inauguração da sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil.
Entre 1948 e 1950, vive em Paris com bolsa de estudo concedida pelo governo francês. Realiza cursos de desenho na Académie de La Grande Chaumière e de litografia no ateliê de Jean Pons.
De volta ao Brasil, com os preparativos para a transferência da capital para Brasília, a convite do arquiteto Oscar Niemeyer, torna-se um dos principais artistas a desenvolver uma obra integrada à arquitetura. Trabalha em associação com Oscar Niemeyer e posteriormente com o arquiteto João Filgueiras Lima. Como escultor, trabalha desde 1955 realizando obras de integração arquitetônica. Em 1971, trabalha com Oscar Niemeyer em projetos na França, Itália e Argélia.
Escultura, máscara, pintura, desenho, ilustração, figurino, fotomontagem, mural, azulejaria – tudo é linguagem e expressão do talento de Athos Bulcão. Do contato com a vanguarda modernista no Rio de Janeiro à formação europeia em Paris, esta trajetória levaria o artista a finalmente fixar-se em Brasília nos anos 1960, contribuindo com sua obra para a criação de um novo olhar sobre o espaço urbano, nos grandes projetos dos quais participa e que buscam integrar artes plásticas e arquitetura.
Pelo conjunto de sua obra, Athos Bulcão recebeu vários prêmios e condecorações, como a Ordem do Mérito Cultural (MinC) do ano de 1995. No mesmo ano, ele foi condecorado com o Diploma de Reconhecimento do Instituto dos Arquitetos do Brasil por sua obra em prol da arquitetura nacional. Em 1996, o artista ganhou o título de Cidadão Honorário de Brasília.
Athos Bulcão foi amigo de alguns dos mais importantes artistas brasileiros modernos, como Carlos Scliar, Jorge Amado, Burle Marx, Vinícius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Manuel Bandeira.