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dezembro 18, 2017
Iberê Camargo na FIC, Porto Alegre
Exposição Sombras no Sol apresenta o Rio de Janeiro na visão de Iberê Camargo
Com curadoria de Eduardo Haesbaert e Gustavo Possamai, mostra apresenta obras representativas dos 40 anos em que o artista viveu no Rio de Janeiro e sua relação com a cidade. Exposição fica em cartaz até o dia 14 de janeiro de 2018, na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre/RS
No próximo sábado, 11 de novembro, a Fundação Iberê Camargo inaugura a exposição Sombras no Sol, que ficará em cartaz até o dia 14 de janeiro de 2018. Com curadoria de Eduardo Haesbaert e Gustavo Possamai, a exposição traz 41 peças do acervo – entre pinturas, desenhos, gravuras e documentos – que retratam a visão de Iberê Camargo sobre o Rio de Janeiro, cidade onde morou por 40 anos. A visitação tem entrada franca.
Iberê viveu e trabalhou no Rio de Janeiro por quase 40 anos. Foi lá onde teve uma intensa formação junto ao pintor Alberto da Veiga Guignard, recebeu um prêmio para estudar no exterior, escolheu viver depois do período de estudos na Europa e produziu a maior parte da sua obra, tendo alcançado altíssimo reconhecimento profissional e sendo considerado o maior pintor vivo do Brasil.
A exposição toma como ponto de convergência uma fala de Iberê Camargo que expressa as contradições do seu mundo subjetivo: "Há muitas sombras no sol" (como um dia comum, alegre e ensolarado que, do ponto de vista de um artista pintor, pode ser visto como sombrio), e o texto "Recordações do Rio de Janeiro", escrito pelo artista em 1965, onde faz uma reflexão sobre os pouco mais de 20 anos em que morava na cidade: "Zombei do Pão de Açúcar, ri da Baía de Guanabara, criação de um Deus acadêmico, e fui buscar minhas cores nos recantos mais humildes, os que não interessam ao turista nem figuram nos cartões-postais". Dessa forma, a mostra pretende que os visitantes vejam a Cidade Maravilhosa sob a ótica do artista, que aponta para uma paisagem muitas vezes vazia e melancólica, nublada – distante do sol e das cores tropicais.
No percurso proposto, a mostra marca cronologicamente o período entre a saída e o posterior retorno de Iberê a Porto Alegre: inicia com desenhos que o artista fez do carnaval de Porto Alegre em 1942 – um símbolo tão arraigado à cultura carioca – e encerra com a pintura Solidão, produzida 52 anos depois.
Sombras no Sol exibe, ainda, um conjunto de documentos que registram o ataque conservador a uma exposição do Grupo Guignard, em 1943, do qual Iberê era um dos integrantes, e a censura a uma de suas obras durante o V Salão Nacional de Arte Moderna, em 1956, no Rio de Janeiro. "Importante trazer à visibilidade e ao debate público o registro de momentos sombrios que apresentam tanta relação com os dias atuais, uma vez que Iberê os vivenciou com resistência, em defesa da arte, do diálogo e do respeito, aspectos tão fundamentais à liberdade de expressão", dizem os curadores.
A mostra dialoga com a outra exposição em cartaz na Fundação, Vivemos na Melhor Cidade da América do Sul, que também aborda aspectos da cidade do Rio de Janeiro.
Iberê Camargo - [Restinga Seca, 1914 – Porto Alegre, 1994] - Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte brasileira do século 20. Autor de uma extensa obra, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras, Iberê nunca se filiou a correntes ou movimentos, mas exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual brasileiro. Dentre as diferentes facetas de sua vasta produção, o artista desenvolveu as conhecidas séries Carretéis, Ciclistas e As idiotas, que marcaram sua trajetória. Grande parte de sua produção, estimada em mais de sete mil obras, compõe hoje o acervo da Fundação Iberê Camargo.