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dezembro 9, 2017
A União Soviética através da câmera no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Paço Imperial recebe mostra de fotos da União Soviética, no ano em que se celebra 100 anos da revolução russa
A exposição, com 200 imagens em preto e branco realizadas por seis importantes fotógrafos da antiga União Soviética, é organizada pela Ars et Vita, em parceria com o Paço Imperial e o Museu Oscar Niemeyer (Curitiba).
A exposição A União Soviética através da câmera, com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho e Maria Vragova, é composta por obras de seis fotógrafos da antiga União Soviética, de diversas regiões deste “país fantasma”. Através do olhar de diferentes artistas de grande renome internacional, de formações e estéticas distintas, o público carioca poderá fazer uma viagem a uma cultura longínqua, conhecendo os seus habitantes e a história deste país. As fotografias retratam a vida cotidiana na Rússia pós-Stalinista, iniciando em 1956, ano em que Nikita Khruschev denuncia os crimes cometidos por Josef Stalin (morto em 1953) e, 1991, quando ocorre a dissolução da União Soviética.
Por meio de um registro visual da mais alta qualidade, além de mostrar a estética soviética da fotografia e a riqueza da escola russa e soviética de fotografia, são abordados diversos temas de grande importância histórica para o entendimento do regime soviético tais como educação, saúde, esporte, moda, juventude comunista, cultura, ciência e indústria. Assim, com o auxílio destes tópicos, a exposição pretende proporcionar ao espectador um entendimento profundo sobre a vida cotidiana na União Soviética durante estas quatro décadas, estética artística, documentando tais acontecimentos para a posteridade. Para retratar este ambiente, a curadoria da exposição selecionou obras de alguns dos mais importantes fotógrafos da ex-URSS: Vladimir Lagrange, Leonid Lazarev, Vladimir Bogdanov, Yuri Krivonossov, Victor Akhlomov e Antanas Sutkus.
Através da escolha de diferentes fotógrafos, a exposição pretende mostrar também a complexa relação entre o indivíduo e o Estado, apresentando cada um dos temas retratados por diferentes artistas, conseguindo penetrar no fino espaço deixado para a interpretação individual pela censura soviética. Desta forma, o espectador poderá observar a vasta nuance de olhares sobre o mesmo país, segundo a região retratada pelo artista, o posicionamento político e o grau de conformismo ou subversão de cada respectivo artista.
Os curadores explicam a linha da mostra: “Através do olhar de seis fotógrafos diferentes, a exposição propõe uma reflexão sobre a vida cotidiana deste "país fantasma", do Degelo de Khruschev à Perestroika de Gorbatchev, assim como sobre o papel singular exercido pela fotografia na sociedade soviética pós-stalinista”.
Sobre os fotógrafos
Leonid Lazarev nasceu em Moscou, em 1937. Depois de receber o Segundo prêmio no concurso internacional entre jovens e estudantes em 1957 decide dedicar à fotografia a sua vida. Em 1962 foi considerado um dos melhores fotógrafos do mundo pela «PhotographyYearBook» pela imprensa internacional. Ao longo dos anos, trabalhou com as princioais revistas e jornais da antiga União Soviética. Hoje o Leonid Lazarev continua trabalhando preparando o livro “Moscou de mil nacionalidades”.
Vladimir Lagrange nasceu em Moscou, em 1939 e é considerado um dos principais fotógrafos do país. Desde a sua primeira exposição internacional, realizada em Budapeste, em 1963, os seus trabalhos vêm conquistando renomados prêmios pela sua arte. Formado em jornalismo pela Universidade Lomonossov de Moscou, trabalhou como foto-jornalista, contribuindo durante vários anos com o jornal Pravda, assim como com jornais estrangeiros, como o Freie Welt. Vencedor do maior prêmio atribuído à fotografia na Rússia, “Olho Dourado”. As fotografias de Vladimir Lagrange integram as coleções de importantes centros de fotografia europeus.
Yuri Krivonossov nasceu em 1926 em Moscou. Ele participou na segunda guerra mundial, e depois da guerra trabalhou na revista Ogonek. A primeira foto dele publicada na revista Ogonek em 1953 era uma fotografia histórica que retratou o funeral do Iosef Stalin. Desde este momento histórico, o Yuri Krivonossov virou foto-jornalista. Os temas principais das suas reportagens são várias situações extremas. Entre os anos 1979-1988 ele trabalhou na revista “A foto soviética” aonde ele era chefe do departamento do fotojornalismo. A revista era a principal publicação do país dedicada à sociedade e à política, publicada em 21 línguas e distribuída em mais 130 países.
Victor Akhlomov nasceu em 1939. Ele foi um dos mais famosos foto jornalistas da antiga União Soviética e a Rússia atual. Ao longo da sua vida o Victor Akhlomov recebeu vários prêmios importantes, como o primeiro prêmio da União dos fotógrafos da Rússia. Victor Akhlomov recebeu 4 vezes o prêmio do «World Press Photo» e ele foi vencedor do maior prêmio atribuído à fotografia na Rússia, “Olho Dourado”. Victor Akhlomov faleceu neste ano.
Vladimir Bogdanov nasceu em 1937 em Leningrado (hoje: São Petersbrugo). Em 1969 ele muda para Moscou. Entre anos 1960 e 1976 ele trabalha nos jornais “Komsomolskaya Pravda” e “Sovetskaya Rossiya” e de 1976 a 1999, no jornal “Literaturnaya gazeta”. O seu gênero preferido na fotografia é a reportagem social.
Antanas Sutkus é um dos mais expressivos fotógrafos da atualidade. Antanas Sutkus foi o fundador da escola de fotografia na Lituânia, dando assim um grande impulso à fotografia em todos os países bálticos. Em 1969, sob sua iniciativa, foi fundada a Sociedade da Arte da Fotografia em Vilnius que reunia todos os fotógrafos com talento da Lituânia que tinham as mesmas aspirações. Durante o período Soviético a maior parte da produção fotográfica de Antanas Sutkus foi logo para os arquivos, sem nem mesmo ser mostradas ao público. As fotografias do Antanas Sutkus mostravam o dia-a-dia das pessoas e não poderiam ser aprovadas pela censura ideológica vigente neste momento na União Soviética. Entretanto algumas fotografias que chegaram à outros países atraíram grande interesse e em 1976 Antanas Sutkus foi condecorado com um prêmio da Associação Internacional de Fotografia Artística, associação da qual ele até hoje é membro. Desde 1996 ele é o presidente da Associação Lituana de Fotógrafos. Exposições por todo o mundo são consagradas à sua obra e suas fotos são representadas em diversos prestigiados museus tais como o Victoria e Albert Museu (Londres), Nicephore (Nice), Museu de Fotografia (Helsinki) e o Instituto de Arte (Chicago). Na exposição serão apresentadas as fotografias inéditas do fotógrafo.