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novembro 14, 2017
Erica Kaminishi na Adelina, São Paulo
Cultura oriental e estudos sobre luz e cores estão presentes nas próximas exposições da Adelina Galeria
A partir de 16 de novembro, a Adelina Galeria recebe duas novas exposições: Entre(meios, com obras de Erica Kaminishi e curadoria de João J. Spinelli, e 16.02I27.09l19.10lCuritiba: A Coisa em Si, de Tatiana Stropp e curadoria de Paulo Gallina. Erica Kaminishi, que também expõe um dos seus trabalhos no Japanese American National Museum (que aparece em vídeo na galeria), em Los Angeles e representa a Adelina na PARTE Feira de Arte Contemporânea, apresenta ao público toda a influência da cultura oriental em seu trabalho e sua constante busca pela identidade. Já Tatiana pesquisa novos tamanhos de suas peças pintadas em alumínio, além de interferências, continuando a pesquisar luz e combinação de cores.
Em Entre(meios, Erica Kaminishi busca dar nova aparência para os materiais que utiliza, fazendo com a tela pareça papel e o papel pareça cerâmica, por exemplo, além de trazer uma estética própria da cultura oriental, em que o dourado e o azul são as cores predominantes. O trabalho de Kaminishi é baseado na busca constante de identidade e a artista (que atualmente mora na França) traz dois elementos que representam a dualidade e ambiguidade entre aparência e essência da cultura nipo-brasileira ou nikkei: o poema como referência à língua materna e simbologias da cultura japonesa tradicional. A exposição é composta por telas e uma instalação com esculturas que recriam um jardim japonês. Em todas as obras, Erica transcreve, repetidamente, poemas de Fernando Pessoa.
“Ao re-trabalhar elementos culturais que remetem à minha origem, trago para a superfície confrontos relacionados às questões sobre identidade, território e simbologias voláteis, que sempre defino como ausentes ou vazias, pois se modificam de acordo com o tempo e espaço. São desconstruções de simbologias cultivadas ao longo do tempo; iconizadas como realidade pulsante e denominadoras de uma identidade. Mas que atualmente, sofrem mudanças de valores”, explica.
Mais do que uma pesquisa sobre o seu, na visão de João Spinelli, curador de Kaminishi, seu trabalho traz novos significados para elementos culturais nipônicos tradicionais. “Associações e ou contradições destas culturas presentificam-se em suas obras. A criadora sutilmente incorpora, desvenda e ressignifica idéias-máximas nipônicas fundamentais: WABI-SABI-MA-MONO NO AWARE e a elegância refinada do MIAYBI, reconfigurados pela artista à contemporaneidade. Memórias e resíduos culturais seculares são visíveis em suas criações tridimensionais. Distantes de padrões convencionais relacionam-se, integram-se no espaço expositivo em instalações diferenciadas: releituras coetâneas, sintéticas dos tradicionais jardins japoneses zen-budistas (que eram pensados para conduzir o espectador a um estado de meditação calma, contemplativa, considerados até hoje, por especialistas como uma das modalidades artísticas mais sublimes da cultura oriental) agora são reformulados pela percepção estética de Erica Kaminishi à atualidade.
Programação paralela
Além das exposições, as artistas Erica Kaminishi e Tatiana Stropp convidam o público a um contato mais próximo com suas técnicas e obras, por meio de bate-papos e oficinas ministradas durante o período que as mostras estarão em cartaz. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público mediante inscrição.
Conversa na Adelina: Erica Kaminishi e João J. Spinelli
Erica Kaminishi e João J. Spinelli conversam com o público sobre o processo de criação e curadoria da mostra “Entre(Meios”.
Data: 16/11 (quinta-feira), às 19h30.
Local: Adelina Galeria (Rua Cardoso de Almeida, 1285, Perdizes)
Oficina Cartografia poética
Nessa oficina, Erica Kaminishi trabalha com os participantes a produção de um mapa poético baseado na memória e história de cada um, valendo-se de cartas, fotos, mapas, poemas e livros pessoais.
Data: 18/11 (sábado), às 15h
Local: Ateliê Adelina (Rua Cardoso de Almeida, 1372, Perdizes)
Biografias
Erica Kamishi (Rondonópolis, Paraná, 1979) se formou em Artes Plásticas pela Faculdade de Artes do Paraná e se pós-graduou em Artes Visuais e Cinema na Nihon University (Tóquio/Japão), onde também fez seu mestrado na mesma área. Já participou de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil, Japão e Canadá. Atualmente, tem uma instalação no Japanese American National Museum, em Los Angeles (EUA). A artista usa o desenho como parte do seu repertório, buscando elementos na poesia da palavra escrita (sejam textos dela ou de outra pessoa). Além de usar as palavras como uma ideia contextual, Erica também as transforma em formas que acabam compondo seus desenhos. Em seus trabalhos atuais, os desenhos continuam lá, mas estão inseridos em um contexto mais amplo, que inclui esculturas e vídeos, além de obras interativas. A pesquisa de Erica trabalha muito sua relação com a cultura japonesa e brasileira, sempre em busca de uma identidade pessoal da artista.
João J. Spinelli (Ibitinga, SP, 1949) desde pequeno manifestou interesse pelo desenho e pela pintura. Ainda jovem, mudou-se para São Paulo para se preparar para o vestibular. Atraído pelas artes plásticas, gostava de freqüentar galerias de arte. Um dia, visitando uma exposição de quadros, conheceu o pintor Aldo Bonadei, que o convidou para ter aulas de pintura em seu ateliê. Por recomendação do professor, o jovem artista passou a estudar na Sala de Artes da Biblioteca Mário de Andrade.Seguiu os estudos no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e a Biblioteca continuou a ser o seu ponto de referência para os estudos de artes. Segundo ele, a Sala de Artes contava com um dos melhores acervos da América Latina. Trabalhou como professor de desenho em escolas da periferia, deu aulas de artes no extinto Colégio Sacré-Coeur, na Faculdade Municipal de Santo André e na FAAP. Concluiu o mestrado e o doutorado na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade São Paulo (USP). Depois foi professor na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e dedicou-se a inúmeras curadorias dentro e fora do país, organizando montagens em vários espaços, inclusive na Biblioteca Mário de Andrade.
A Adelina Galeria, inaugurada em abril de 2017, nasceu como um espaço para comercializar, produzir, conviver, pesquisar e falar sobre arte contemporânea, buscando ampliar seus diálogos, suas possibilidades e seus públicos. Para isso, muitas são as relações com as quais a galeria se compromete a ativar, cultivar e transformar.
Como recorte, a Adelina Galeria representa e trabalha com artistas vinculados à América Latina. Além de propor uma relação mais próxima com os artistas, a galeria busca firmar parcerias de diversos perfis no bairro, reforçando o conceito de território que baseou a sua criação. O espaço, idealizado empresário Fabio Luchetti e dirigido por ele e sua equipe, está localizado em Perdizes, bairro sem tradição de galerias de arte e, por isso mesmo, um bom lugar para se estar e abrir novos circuitos para a arte na cidade.