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novembro 8, 2017

Vanderlei Lopes na Capela Morumbi, São Paulo

Artista instala cúpula em barro dentro de construção tombada do século XVII. Entrada gratuita. De novembro de 2017 a abril de 2018

O Museu da Cidade de São Paulo inaugura na Capela do Morumbi no dia 11 de novembro de 2017, sábado, às 11 horas, a instalação inédita Domo do artista brasileiro Vanderlei Lopes. O trabalho apresenta um domo e sua torre, com diâmetro de 4 metros por 9,5 metros de comprimento, pesando 5 toneladas. Tombado no chão em diagonal no interior da sala principal da capela, foi construído em barro, madeira e ferro. Na sala lateral, duas mesas apresentam anotações e reflexões em papéis diversos, fundidos em bronze e pintados com guache, grafite e lápis de cor. Trata-se de uma inversão em que “grande obra” surge de modo ambíguo, tombada como ruína, enquanto sobre as mesas, os esboços de caráter diverso são apresentados perpetuados em bronze.

Domo é uma estrutura de teto presente em diversas culturas. Esse elemento arquitetônico confere solenidade, poder e importância às construções que encima. Sua relação com as “esferas celestes” acrescenta dimensões sagradas a essas edificações. Para a construção de “Domo”, Vanderlei criou uma base de doze faces, número que remete ao ideal de perfeição e às diversas formas de estruturação, adotadas pela humanidade para organização do tempo como, por exemplo, as doze horas do relógio, do dia ou da noite, doze meses do ano etc.

O “Domo” da Capela do Morumbi é uma escultura de fragmento arquitetônico ideal. Foi construído a partir de elementos baseados em tipologias gótico/renascentistas. A escolha dos materiais tem o intuito de produzir fricção entre o imaginário solene que o domo evoca, e um repertório arcaico, terreno, a que o barro remete.

Construído em escala monumental e tombado no chão como uma ruína, ele preenche o interior da capela. Sua tipologia renascentista alude a um período permeado por certo otimismo. A cultura se volta para a antiguidade afim de olhar um homem mais engenhoso e a ciência valorizada deixa para trás uma era dominada, sobretudo, pelo obscurantismo religioso.

Originária de um tempo mais recente, a Capela foi construída por Gregori Warchavchik, no final dos anos 1940, sobre ruínas em taipa de pilão, típico modo de construção colonial predominante entre os séculos XVI e XVIII. Como numa cronologia reversa, o trabalho de Vanderlei Lopes produz uma colisão espaço-temporal que, à medida que o visitante adentra a capela, promove um encontro com um passado precioso, ainda mais longínquo.

“É como se a capela estivesse impregnada de um passado que, alheio a ela, se apresenta como um presente”, declara o artista. Nesse sentido, “Domo” articula, por meio desse fragmento arquitetônico, uma reflexão sobre a formação cultural, a tradição e suas relações com a fugacidade contemporânea.

Vanderlei Lopes

Nascido em Terra Boa – PR (1973), é formado em Artes Plásticas pela UNESP em 2000. Entre suas principais exposições individuais destacam-se: “Monumento”, Galeria Athena Contemporânea, 2016; “Grilagem”, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 2014; "Tudo que reluz é ouro”, com curadoria de Fernanda Pequeno, Galeria Athena Contemporânea, 2014, Rio de Janeiro; “Transitório”, Galeria nueveochenta, Bogotá, Colômbia, 2014; “Cavalo”, Galeria Marília Razuk, São Paulo, 2013; “7 quedas”, Galeria Marília Razuk, São Paulo, 2011; “Vôo, Maus Hábitos”, Porto, Portugal, 2007.

Entre as exposições coletivas mais relevantes: “Gold Rush”, De Saisset Museum, Santa Clara, CA – EUA, 2016; “Uma coleção particular - Arte Contemporânea no Acervo da Pinacoteca”, curadoria de José Augusto Ribeiro, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2015/2016; “Fotos contam fatos”, curadoria de Denise Gadelha, Galeria Vermelho, São Paulo, 2015; “Realidades – Desenho Contemporâneo Brasileiro”, curadoria de Nazareno, SESC-SP, São Paulo, 2011; “Les Cartes Blanches du Silo à l’Emsba”, curadoria de Wagner Morales, Beaux-Arts de Paris, L`École Nationale Supérieure, Paris, 2009; “Loop Videoart Barcelona 2009”, curadoria de Wagner Morales, Centre Civic Pati Llimona, Barcelona, 2009; “Nova Arte Nova”, curadoria de Paulo Venancio Filho, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, 2008/2009.

Possui obras nas seguintes coleções: Coleção de Arte da Cidade de São Paulo; Coleção Itaú, São Paulo; Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto; MAM-RJ - Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; MAM-SP - Museu de Arte Moderna, São Paulo; MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro; MAC-USP - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo.

Capela do Morumbi

Uma das unidades do Museu da Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura, a Capela do Morumbi situa-se em um terreno que pertencia à antiga Fazenda do Morumbi, importante produtora de chá do início do século XIX. Na década de 1940, a Cia. Imobiliária Morumby efetivou o loteamento de suas últimas glebas. Fazia parte deste loteamento a antiga casa-sede da fazenda e, em suas proximidades, uma edificação em ruínas de taipa de pilão. A atual edificação foi construída à maneira de uma capela pelo arquiteto Gregori Warchavchik em 1949 sobre estas ruínas. No final dos anos 1970 foi convertida em espaço para realização de eventos culturais sob a administração da Secretaria Municipal de Cultura e desde 1991 abriga exposições que estabelecem relação de aproximação entre a arte contemporânea e o patrimônio histórico, consolidando-se como espaço para instalações site specific na cidade de São Paulo.

A Capela do Morumbi recebeu 115 projetos desde o início dos anos 1990, quando passou a ser utilizada como espaço artístico sob os cuidados da Secretaria Municipal de Cultura. Entre os artistas que ali realizaram trabalhos destacam-se Carlos Fajardo, Iole de Freitas, Dudi Maia Rosa, Sergio Sister, Carmela Gross, Carlos Vergara, José Resende, Leonilson, Nelson Leirner, Albano Afonso, Sandra Cinto, Daniel Acosta, Carlos Eduardo Uchôa, Wagner Malta Tavares, Ana Paula Oliveira, Guto Lacaz, Laura Vinci, José Spaniol, Marcelo Moscheta, a dupla Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, Alexander Pilis, Maurício Ianês, Tatiana Blass, Lucia Koch, Iran do Espírito Santo, Felipe Cohen, Laura Belém e Sara Ramo.

Posted by Patricia Canetti at 12:27 PM