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novembro 1, 2017
Vista Parcial na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Mercedes Viegas abre exposição que reúne o olhar de cinco artistas sobre a paisagem
A galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea abre, no próximo dia 7 de novembro, a exposição de fotografias Vista Parcial, reunindo cinco artistas plásticos: Jaqueline Vojta, Julio Villani, Regina de Paula, Luiza Baldan e Maria Baigur. Os três primeiros são representados pela galeria há mais de cinco anos. Já o trabalho de Luiza pertence ao acervo da galeria e Maria Baigur é artista convidada. Os trabalhos têm em comum um olhar sobre a paisagem, seja ela urbana, ou sobre a natureza.
A série "Vista parcial", de Julio Villani, que dá nome à exposição, tem o Rio de Janeiro antigo como pano de fundo. A fotografia foi reproduzida em vários exemplares, e cada um deles retrabalhado através de colagens em papel e tinta óleo. Ao intervir diversas vezes sobre a mesma imagem matriz, o artista encontrou uma forma de colocar sua pintura em movimento e atribui a cada tiragem uma singularidade, uma forma própria. As obras estão publicadas no livro "Julio Villani 1 + 1 + 1", editado no Brasil pela Martins Fontes.
Nas fotografias de Jaqueline Vojta, sua formação como pintora está presente na escolha temática, ao fotografar o campo, no vale de Dedham, em Essex, Inglaterra, onde o artista do século XIX John Constable viveu e pintou a maioria de suas paisagens. A artista não faz aqui uma fotografia documental, recuperando a exata visão do pintor, mas busca capturar a atmosfera do lugar. Seguindo o mote de Constable, Jaqueline fotografa também o lugar onde vive, o Rio de Janeiro, em locais onde a natureza se faz presente, resistindo em meio à selva urbana.
Regina de Paula participa com quatro fotografias que abordam questões relacionadas à colonização e catequese, mas que, segundo a artista, não se reduzem a esses âmbitos, pois não pretendem direcionar ou reduzir a dimensão reflexiva que a imagem na arte pode, enquanto potência, enunciar. Algumas delas foram feitas na Aldeia Maracanã, junto às ruínas do Museu do Índio, onde ficam acampados índios de todo Brasil.
Luiza Baldan apresenta uma fotografia que faz parte da série “A uma casa de distância da minha”, feita em Portugal. A artista fez road trip percorrendo o litoral português de norte a sul, em busca de resquícios do estilo arquitetônico chamado “Português Suave”, que foi incorporado pelo regime fascista como símbolo nacional e adaptado à linguagem propagandista política. Seu olhar sobre os vazios, em meio a um mundo sedento por presença e completudes, é uma espécie de imagem paradigmática daquilo que deveria reger a relação com a vida, ou seja, a busca pela surpresa, o inesperado, e não pelo seguro e já conhecido.
A jovem Maria Baigur participa da mostra com fragmentos das séries de fotografias “Dramas ordinários” e “Serenus”. São imagens como anotações da vida urbana, usando o centro ressoante − a cidade − para compor séries que falam das pluralidades, delicadezas, dramas, traumas e fetiches da vida contemporânea. Os nomes das séries vieram de leituras de Nelson Rodrigues e de visitas a farmácias em busca de calmantes vendidos sem receita. “Pequenos segredos que todos dividimos”, segundo a artista.
ARTISTAS
Jaqueline Vojta
Nascida no Rio de Janeiro, formada em Economia pela PUC-RJ, Jaqueline estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV) em 1998. Entre os anos 2001 e 2006, morou em Nova York, onde concluiu o Mestrado em História da Arte no Hunter College - City University of New York em 2004 e trabalhou no MoMA PS1. Exibe seu trabalho regularmente. Expôs no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, e Paço das Artes, em São Paulo. Participou das coletivas Art Link - International Young Art e P(ART)ies em Nova York e da mostra Posição em 2004 na EAV, Rio de Janeiro. Apresentou a individual Tramas, no Centro Cultural da Justiça Federal, em 2007. Foi selecionada pelo programa Rumos Itaú Cultural em 2009/2010 e participou da exposição Trilhas do Desejo em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. Apresentou exposição individual no Largo das Artes, Rio de Janeiro, em 2010. Participou da coletiva Fronteiriços na Galeria Emma Thomas, São Paulo, em 2011. Em 2015 apresentou a exposição individual de fotografia, Coming Home, na Mercedes Viegas Arte Contemporânea. Em 2013 recebeu o III Prêmio Itamaraty Arte Contemporânea. Possui obras na Coleção Gilberto Chateaubriand MAM-RJ, Coleção Figueiredo Ferraz, IFF-SP, Museu de Arte do Rio de Janeiro MAR-RJ.
Julio Villani
Villani se formou em São Paulo, onde cresceu, e em Paris, onde forjou sua identidade de artista; ele vive e trabalha entre as duas cidades há mais de 30 anos. Seu duplo percurso se reflete na relação de suas exposições que se sucedem de um lado e do outro do Atlântico. MAM de Paris, MAM de São Paulo; Pinacoteca de São Paulo, Centre d’Art Contemporain 10 Neuf em Montbéliard; Paço Imperial no Rio de Janeiro e Musée Zadkine em Paris… Fio, linha, risco, laço, rede, nó... a arte de Julio Villani é habitada pela ideia de vínculo. Ela estrutura todos os trabalhos do artista, lhe é consubstancial. Sua arte se caracteriza consequentemente pela ideia de polo, de contraponto, às vezes de oposição – e se constrói a partir da organização de um vai-volta.
Luiza Baldan
Luiza Baldan é doutoranda e mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ (Rio de Janeiro, RJ) e bacharel em Artes Visuais pela Florida International University (Miami, EUA). A artista investiga dinâmicas urbanas que se estabelecem entre o homem e a arquitetura, a memória e a cidade. Suas imagens e textos resultam da inter-relação com o entorno, numa espécie de performance dilatada pelos lugares onde reside e por onde passa. Dentre as residências, aparecem os icônicos edifícios “Copan”, em São Paulo, e “Pedregulho”, no Rio de Janeiro, além de outros endereços pertencentes ao imaginário coletivo. Dentre os projetos em andamento ou recém-concluídos estão a série fotográfica “Leituras de um lugar valioso”, realizada no Chile desde 2012; “Perabé”, desenvolvido ao longo de travessias entre a cidade de São Paulo e a Baixada Santista (2014-2015); e “Vórtice”, pelas águas da Baía de Guanabara, previsto para conclusão no segundo semestre de 2016. Das exposições recentes, destacam-se as individuais “Entre Lugares”, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais (Belo Horizonte, MG, 2016); “Perabé”, Centro Cultural São Paulo (SP, 2015); e “Build Up”, MdM Gallery (Paris, França, 2014); e as coletivas “Vértice: Coleção Sérgio Carvalho”, Museu Correios (Brasília, GF: Rio de Janeiro, RJ e São Paulo, SP, 2015-2016); e “Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil”, The Wexner Center for the Arts (Columbus, EUA, 2014). Indicada ao PIPA em 2010, 2011 e 2012. Finalista do PIPA 2016.
Maria Baigur
Utiliza a arquitetura, o cinema, a fotografia, vídeos e instalações como suportes para suas pesquisas. Estudou desenho técnico, processo criativo e vídeo-arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Foi vencedora do Prêmio Reynaldo Roels Jr. em 2016, realizado pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage e pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Dentre as exposições, apresentou a individual “Arrebentação”, na Galeria de Fotografia da UFF (RJ, 2017), e participou, entre outras, das coletivas “Soma”, na Fábrica da Bhering (RJ, 2016 e 2017), Parque Lage Extra Muros (RJ, 2016), “A Alegria do Caos”, na Fábrica da Bhering (RJ, 2016) e “Nada mais daquilo Tudo – Uma expo-conversa entre Maria Baigur e Hugo Inglez” (Fábrica da Bhering, RJ, 2015).
Regina de Paula
Nascida em Curitiba, Regina de Paula, vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde desenvolve trabalhos em diversas mídias: fotografia, vídeo, objetos, desenhos etc. É mestre em Artes pela Columbia University, doutora em Artes Visuais pela EBA/UFRJ e professora adjunta do Instituto de Artes /UERJ e Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro).Dentre suas individuais destacam-se:O cubo paisagem, nas Cavalariças da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2009),Não-habitável (SSCC),na Galeria Novembro Arte Contemporânea (2006), Não-habitável, no Museu do Telephone/ Espaço Telemar (2000),todas no Rio de Janeiro. Foi artista residente do Centro d’ArtPasserelle, em Brest, França (2005). Tem participado regularmente de coletivas em instituições como: Projeto Cofre, Casa França Brasil (Rio de Janeiro), Paradigmas ArtContemporani (Barcelona), SESC Pìnheiros (São Paulo), Caixa Cultural (Rio de Janeiro), Art in General e BronxMuseumoftheArts (Nova York). Foi contemplada com o Prêmio Brasília de Artes Visuais (1998) e o VI Salão da Bahia (1999). Foi indicada para o Prêmio Pipa 2011.