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outubro 30, 2017
Bárbara Mangueira + Luiz Olivieri na Alfinete, Brasília
A relação entre voz e reconhecimento é tão antiga quanto os primeiros Homo sapiens. Ela envolve aspectos físicos, emocionais, sociais. A voz é o que nos distingue, como animais, o que nos possibilita a expressão de pensamentos e sentimentos profundos. Assim são também os gestos. Conscientemente ou não, o movimento de nossas mãos revela muito sobre o que sentimos e pensamos em cada momento. Dois jovens artistas de Brasília decidiram partir destas duas ações fisiológicas primárias, que fazem parte do cotidiano humano desde o começo dos tempos, como provocação para trabalhos artísticos e o resultado estará em exposição na Alfinete Galeria, a partir do próximo dia 28 de outubro.
Na Sala Um, a Alfinete recebe os trabalhos de Luiz Olivieri em Espaço Ressonante, composto de três esculturas que propõem a interação com o espectador. São peças imersivas, nas quais o visitante terá oportunidade de ouvir muitos e diferentes sons. Já na Sala Dois, são as imagens que convidam à instrospecção. A artista Bárbara Mangueira apresenta, em Operações Subliminares, uma série de pinturas e pinturas-objeto que usam o suporte da fotografia para flagrar gestos e usos de anônimos. O resultado é surpreendente.
As duas mostras poderão ser vistas até o dia 18 de novembro, na Alfinete Galeria (bloco B da comercial da 103 norte). Visitação às quintas e sextas, das 14h30 às 18h, e aos sábados, das 15h às 20h. Entrada franca.
EXPOSIÇÕES
Luiz Olivieri cria um espaço ressonante a partir de três esculturas sonoras imersivas, nas quais o público poderá adentrar corporalmente. Os sons no interior desses espaços são uma edição de gravações de sintetizadores sensíveis a ondas solares, receptores eletromagnéticos e áudios capturados em diversas regiões de diferentes níveis sociais do DF, que são consideradas invasões. Dentre esses locais estão a orla do Lago Norte, o Itapoã, condomínios do Altiplano Leste e acampamentos. Ao percorrer caminhos no interior de cada caixa, esses sons se alteram e se misturam ao corpo do visitante. Cada espaço invade o outro e provoca vibrações que podem ser percebidas em todo o ambiente da galeria.
A exposição Operações subliminares, de Bárbara Mangueira, apresenta uma série de pinturas e pinturas-objetos nas quais a artista explora a gestualidade das mãos, presente em diversos registros fotográficos. As imagens, retiradas de acervos anônimos ou de livros científicos, de parapsicologia e metapsíquica, compõem uma espécie de enciclopédia visual dos usos e gestos das mãos como moduladoras de operações simbólicas, levadas ao espaço da pintura também por um gesto de manipulação.
ARTISTAS
Bárbara Mangueira (Brasília, 1990) vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduada em História e em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília e mestranda em Linguagens Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desenvolve pesquisa em pintura explorando a relação entre arquivos de imagens fotográficas e suas possíveis narrativas temporais, articulando as imagens com as potencialidades poéticas da pintura enquanto linguagem.
Nascido em Brasília, Luiz Olivieri é Bacharel em Artes Visuais, Mestre em Poéticas Contemporâneas e doutorando em Métodos e Processos em Arte pelo PPG-UnB. É ainda artista-pesquisador integrante do grupo de pesquisa vaga-mundo: poéticas nômades. Trabalha com arte sonora e videoarte. Realizou exposições coletivas em Brasília em espaços como Alfinete Galeria, Espaço Cultural Elefante, Museu da República, Espaço Cultural Marcantonio Vilaça e Espaço Piloto da UnB. Em 2016, foi selecionado para o I Prêmio Vera Brant e para o Prêmio Transborda, em Brasília. No exterior, participou da exposição Obranome no Mosteiro de Alcobaça, em Portugal. Recebeu o segundo lugar no Salão de Arte Contemporânea do Iate Clube de Brasília. Em Gramado, recebeu o Kikito de melhor trilha sonora em 2013, pela trilha do curta-metragem Acalanto.