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outubro 30, 2017
Negros Indícios na Caixa Cultural, São Paulo
Negros Indícios, inaugurada em 7 de outubro na Caixa Cultural São Paulo, reúne a produção contemporânea de 12 artistas afrodescendentes de diferentes regiões do país, que têm a performance artística como uma das principais ferramentas de atuação. Com curadoria do Professor de História e Teoria da Arte Roberto Conduru, a mostra busca lançar luz sobre artistas, temas e práticas que vêm ganhando mais ressonância no sistema de arte.
Para contrapor o esquecimento histórico, o racismo, e a segregação, os artistas Antônio Obá; Ayrson Heráclito; Caetano Dias; Dalton Paula; João Manoel Feliciano; Moisés Patrício; Musa Michelle Mattiuzzi; Priscila Rezende; Renata Felinto; Rommulo Vieira Conceição; Rubiane Maia e Tiago Sant'Ana, apresentam obras que refletem a capacidade de usar as adversidades como força de criação, resistência e luta. Os trabalhos também evidenciam o amadurecimento da discussão sobre as identidades e negritudes no Brasil – marcada, nos últimos anos, pela pluralidade e pelo crescente protagonismo dos artistas afrodescendentes. A exposição propõe pensar a negritude e outras questões, no país e além dele, a partir da fruição das obras. Segundo o curador, os artistas “nos convidam a participar de uma luta que não pode ser apenas deles e delas, mas de quem almeja viver em um mundo justo, igualitário e fraternal”.
A essa tendência de crescente e intensa presença de artistas negros e negras no sistema, soma-se a ideia de que os territórios da arte estão cada vez mais fluidos, tornando as artes plásticas um espaço de convergência de expressividades das mais variadas, onde a performance assume cada vez mais protagonismo. Negros Indícios caminha nesse sentido e foi concebida a partir da apresentação de vídeos e registros de performances realizadas pelos artistas convidados. Muito além da utilização do corpo como forma de arte, o conceito de performance tem um significado muito mais amplo, podendo se desdobrar em diversas outras manifestações artísticas.
A mostra apresenta seleções de vídeos e fotografias articulados por afinidades poéticas. A curadoria buscou explorar todas as modalidades de conjugação de performance, vídeo e fotografia: performances, registros de performance em vídeo e fotografia, fotoperformances, vídeoperformances e seus desdobramentos.
Como aponta o curador, “Artisticamente, interessa pensar os indícios que a performance produz e que são produzidos a partir dela: fotografias, vídeos, outras performances. Mas, também, a performance como indício do que a antecede e circunda. ...por um lado, a performance explicita ideias, mentalidades e práticas que, embora atuantes, se querem invisíveis, inexistentes. Por outro, desperta percepções aguçadas e consciências propriamente ativas, mobilizando a reflexão do público sobre arte, cultura, sociedade”, afirma Conduru.
Completam a programação quatro performances que acontecem nos dias 18 e 19 de novembro (duas em cada dia), a partir das 15h. Não por acaso, as apresentações acontecem próximas ao dia 20 de novembro, data que no Brasil é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra.