|
outubro 25, 2017
Biblioteca Nacional, IMS, Itaú Cultural e Pinacoteca lançam Portal Brasiliana Iconográfica
Biblioteca Nacional, Instituto Moreira Salles, Itaú Cultural e Pinacoteca de São Paulo lançam portal inédito dedicado a coleções brasilianas
Plataforma na internet reúne mais de 2 mil imagens e análises de obras fundamentais da iconografia brasileira para consulta, reunindo um grande conjunto de obras, acrescidos por conteúdos, textos e curadoria de especialistas
Entra no ar no dia 27 de outubro o Brasiliana Iconográfica (brasilianaiconografica.art.br), primeiro portal a reunir desenhos, aquarelas, pinturas e gravuras de quatro das principais coleções brasilianas públicas e privadas, e a disponibilizar para o público no ambiente digital conteúdo e informações sobre a iconografia brasileira em algumas peças fundamentais produzidas desde a chegada dos europeus ao país, no século XVI. Criado a partir da parceria firmada em 2016 pela Biblioteca Nacional, Instituto Moreira Salles, Itaú Cultural e Pinacoteca de São Paulo, a premissa é, no futuro, incorporar e disponibilizar acervos de outras coleções e instituições, tanto do Brasil quanto do exterior.
O portal contempla um recorte do universo ligado à brasiliana. O termo envolve tudo o que diz respeito à cultura e história do Brasil, datado a partir do século XVI, quando começam a circular os primeiros mapas e livros sobre a América Portuguesa, abrangendo também pinturas e estudos científicos sobre a natureza do país, difundidos ao longo do século XIX.
Direcionado para um amplo espectro de visitantes, do curioso ao pesquisador, o conjunto inicial de cerca de 2.500 obras de brasilianaiconografica.art.br dará acesso às imagens em alta definição de cada coleção, com recurso de zoom para que as obras possam ser observadas em detalhes, assim como trará informações sobre elas: origem, temas, histórias e ficha catalográfica. Os trabalhos de cada autor serão lincados diretamente à Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras.
Para o portal, a seleção das imagens considerou desde registros originais e únicos (como aquarelas, desenhos e pinturas a óleo), até gravuras de circulação avulsa ou ilustrações de livros, de autoria de artistas profissionais ou amadores, tanto estrangeiros como brasileiros, mas privilegiando a iconografia produzida pelos chamados artistas viajantes. Do ponto de vista cronológico, as imagens datam desde a chegada dos portugueses no século XVI até o início do século XX.
O ineditismo desta iniciativa público-privada tem como objetivo ampliar a democratização do acesso às coleções, aprofundar a transparência dos acervos e reafirmar a garantia da perenidade das obras por meio do universo digital. Além de aumentar o intercâmbio entre as instituições e aprimorar os processos de catalogação destes acervos históricos, o projeto também divulga os acervos e estimula relações, conexões e estudos de assuntos relacionados.
Periodicamente ampliado com novas imagens, o portal será mais que uma base de dados, contando com a curadoria de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca de São Paulo, e textos da jornalista Laura Greenhalgh, que trarão conteúdos que deixarão o espaço sempre dinâmico. A Biblioteca Nacional, o Instituto Moreira Salles, a Pinacoteca de São Paulo e o Itaú Cultural ficam por um período à frente da gestão do portal, governança que posteriormente pode ser assumida por novos integrantes ou parceiros, nacionais ou estrangeiros.
Destaques
A Biblioteca Nacional coloca no site, inicialmente, desenhos originais de algumas das principais expedições científicas e imagens que ilustraram obras publicadas no século XIX, peças de artistas como Michelerie e Franz Keller, dois conjuntos de desenhos sem autores determinados – o primeiro de artistas ingleses e outro vendido à Biblioteca como sendo de um médico a bordo da fragata Áustria – e um exemplar da obra Voyage pittoresque, de Jean Baptiste Debret.
Do acervo do Instituto Moreira Salles, destaca-se o desenho Cidade de São Paulo (1825-1826), do artista inglês Charles Landseer, um dos poucos registros da área central da cidade que se tem daquela época, assim como Cena na rua Direita (atual rua Primeiro de Março): negros carregadores de café, negras libertas, negro liberto, viajante africano, do dinamarquês Paul Harro-Harring. Vale citar ainda a litografia e aquarela sobre papel Panorama do Recife – PE (c. 1855), de Friedrich Hagedorn, o conjunto de aquarelas elaboradas por Charles Landseer que formam o Highcliffe Album entre 1825 e 1826, e o álbum de Franz Joseph Frühbeck realizado quando viajou ao Brasil junto a Missão austríaca em 1817.
Do Itaú Cultural, Povoado numa Planície Arborizada, óleo sobre madeira de Frans Post datado do século XVII, ganha projeção por ser a primeira obra da Coleção Brasiliana Itaú, adquirida por Olavo Setubal em 1969. Do acervo destacam-se, ainda, obras como Casamento de D. Pedro I e D. Amélia, de 1829, de Jean-Baptiste Debret, esquecida por quase 200 anos e que só teve a autoria identificada em 2007, ano de aquisição pela Brasiliana Itaú, Panorama da cidade de São Paulo, do francês Armand Julien Pallière, pintado por encomenda do imperador d. Pedro I, e Vista panorâmica da baía de Belém do Pará, obra pintada em 1870 por Joseph Léon Righini – esta peça fundamental da iconografia amazônica foi recentemente trazida de volta ao Brasil, após mais de um século esquecida em coleções particulares francesas.
Entre os itens do acervo da Pinacoteca que serão disponibilizados está uma das raras pinturas a óleo de Jean-Batiste Debret, datada de 1816, bem como um conjunto de desenhos em nanquim de Karl von Planitz para o álbum 12 vistas do Rio de Janeiro e pinturas de Joseph Leon Righini, artista que documenta paisagens da região norte do Brasil.
Sobre os acervos
Na Biblioteca Nacional, a Coleção Brasiliana é formada por um conjunto de múltiplas coleções que integram o seu acervo, tendo em comum obras sobre o Brasil no todo ou em parte, impressas ou gravadas desde o século XVI até 1900, e livros de autores brasileiros impressos ou gravados no exterior até 1808. Para cumprir sua missão estatutária, de salvaguarda da memória bibliográfica nacional, guarda, preserva e disponibiliza a produção gráfica (livros, periódicos, gravuras, etc) do Brasil de 1808 até a atualidade. Além da coleção “brasiliana” ou “brasiliense”, possui em seu acervo obras que tenham valor bibliofílico: edições da tipografia régia, primeiras edições por unidades federativas, edições príncipes, primitivas ou originais e edições em vida – literárias, técnicas e científicas –; edições fora de mercado, produzidas por subscrição; edições de artista. Sua coleção conta ainda com periódicos, efêmeros, retratos, mapas, gravuras, partituras, fotografias etc., que englobam desde itens sobre o Brasil, produzidos a partir do século XVI, a itens publicados no país a partir do século XIX.
Sobre o acervo de iconografia do Instituto Moreira Salles
O acervo do Instituto Moreira Salles inclui um importante conjunto de obras sobre papel que compõe uma iconografia brasileira do século XIX. São aproximadamente 2 mil imagens, entre desenhos e aquarelas, gravuras avulsas, livros de viajantes, álbuns de suvenir e mapas, que tiveram um papel importante na divulgação da então jovem nação brasileira no cenário mundial. Este conjunto reúne um grande número de artistas viajantes que retrataram o Brasil ao longo do século XIX.
Dos mais de 200 autores, entre pintores, desenhistas, gravadores e editores, encontram-se nomes caros a estudiosos da iconografia nacional, como Briggs, Cicéri, Martinet, Von Martius, entre outros, e autores pouquíssimo conhecidos, como Marguerite Tollemache e Franz Joseph Frühbeck, que permitem ampliar os estudos sobre o período. Acrescidas de alguns desenhos atribuídos a Debret e aos pintores ingleses William John Burchell e Henry Chamberlain, compõe o Highcliffe Album, um conjunto de desenhos e aquarelas que representam com esmero as paisagens, a arquitetura e os costumes do Brasil imperial.
Sobre o acervo da Coleção Brasiliana Itaú
Um dos maiores acervos corporativos de memória histórica e visual brasileira, formada por iniciativa de Olavo Setubal, a Brasiliana Itaú soma 2.900 itens, desdobrados em cerca de 6 mil iconografias – de pinturas e gravuras do Brasil holandês, produzidas por Frans Post, Albert Eckhout, até as primeiras edições dos mais conhecidos álbuns iconográficos como o de Rugendas, Debret, Chamberlain, Auguste Sisson, Schlappriz, Buvelot e Moreau, Bertichem e Emil Bauch, durante o século XIX sobre o país. As mais famosas e completas expedições, que resultaram em publicações e compõem parte deste acervo em exposição são as dos naturalistas Spix e Martius, e do Príncipe Maximilian da Áustria, verdadeiros inventários da natureza brasileira.
Contém, ainda, livros de artistas ilustrados do século XX, obras de arte, objetos, cartografias, documentos manuscritos. Com publicações datadas dos séculos XVI ao XX, muitas trazem relatos de viajantes estrangeiros que se aventuraram pelo Brasil em busca de riquezas e glórias, verdadeiras ou imaginárias. O Itaú Cultural abriga desde 2014 no seu 4º e 5º andares o Espaço Olavo Setubal, aberto permanentemente ao público, com 1,3 mil obras entre os destaques das coleções de Brasiliana e de Numismática – um recorte dos cerca de 10 mil itens reunidos somente nestes dois conjuntos do acervo.
Sobre o acervo da Pinacoteca de São Paulo
A coleção de brasiliana da Pinacoteca foi grandemente enriquecida após importante doação feita pela Fundação Estudar, e hoje soma cerca de 500 obras. Entre as peças mais importantes, além das já citadas, estão o óleo sobre tela Rio de Janeiro (1844) de Alessandro Ciccarelli e o papel de parede panorâmico Vistas do Brasil (1829), baseado nas gravuras do livro Viagem pitoresca através do Brasil, de Rugendas.