|
outubro 25, 2017
Experiência 9+1 no CCJF, Rio de Janeiro
Exposição resultante de jogo curatorial reúne nove artistas no Centro Cultural Justiça Federal RJ
O Centro Cultural Justiça Federal apresenta até domingo, 29 de outubro, Experiência 9+1, que reúne nove artistas do Rio de Janeiro, de São Paulo, Minas Gerais e da Bahia.
A mostra é resultado do jogo curatorial proposto pela curadora Pollyana Quintella, que mantém um grupo com os artistas desde 2016. Os trabalhos da exposição transitam entre a instalação, o vídeo, o objeto, a serigrafia e a pintura, aproximando poéticas.
"No dia 29 de fevereiro de 2016, mandei um e-mail para Aline Besouro, Clara Machado e Bianca Madruga, convidando-as para um jogo-exposição. Cada uma das três deveria convidar uma artista que eu não conhecia. Aline convidou Inês Nin, Clara convidou Anais Karenin e Bianca convidou Leticia Tandeta Tartarotti. Essas novas integrantes de um núcleo por vir, deveriam, por sua vez, convidar artistas que elas mesmas não conheciam, segundo critérios próprios. Com isso, chegaram Pedro Veneroso, Amanda Rocha e Ana Hortides. Formamos assim um grupo de dez [nove artistas e a curadora], entre Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte. Esse é o terceiro desdobramento expositivo desse encontro", conta a curadora.
Clara Machado expõe trabalhos em que a delicadeza e fragilidade da matéria [papel, pétalas] é dado para pensar relações de abrigo, amor e afeto.
Ana Hortides mostra esculturas da série "O menor abrigo", na qual madeira e açúcar dão forma a casas de formatos mínimos, que rememoram brinquedos da infância e a fragilidade do lar.
Amanda Rocha apresenta livros-vestidos: aquilo que antes fora vestimenta se transforma em livro de tecido costurado pela artista.
Aline Besouro traz serigrafias tratando da ideia de justiça. Em uma delas, símbolos do tarot, e na outra, o pedido de liberdade de Rafael Braga, preso político no contexto das manifestações de 2013.
A instalação de Inês Nin explora suas relações com a natureza – a terra como matéria que pigmenta a pintura e o vídeo onde se vê uma performance silenciosa no meio da mata.
Pedro Veneroso trouxe a plataforma “gogoame”, um projeto de webarte no qual é possível, diante de uma chuva de letras, constituir frases e palavras, que logo se desfazem diante do espectador.
Anais Karenin reúne um conjunto de ítens de lugares distintos, como o sertão nordestino e o Japão, buscando sutis aproximações.
Bianca Madruga reúne um conjunto de objetos cotidianos todos brancos, recolhidos pela artista diariamente, por dois meses, nos fazendo ver aquilo que passa despercebido.
A instalação de Leticia Tandeta Tartarotti se compõe dezenas de fotografias de taças e talheres à mesa, clicadas pela artista. A multiplicação dessas imagens, justapostas e superpostas sobre o chão, sugere a observação de sua vida secreta.
“Os critérios que reúnem o que se vê não são outros que não o próprio processo de formação do grupo e os resultados deste confronto. Não há, portanto, um eixo conceitual que perpasse todos os trabalhos. O que não significa, por outro lado, pura contingência. Os convites refletem aproximações, e isso está presente ora na organicidade dos materiais, ora na delicadeza, ora nos interesses formais ou conceituais, que formam maiores ou menores constelações. Nesse caminho, o 9+1 pede mais atenção para a dinâmica das relações construídas aqui do que para as questões autônomas da arte”, argumenta Pollyana Quintella.
O projeto tem realização da Atelier Produtora e apoio do Centro Cultural Justiça Federal.