|
outubro 9, 2017
Ex Africa no CCBB, Belo Horizonte
CCBB BH recebe exposição inédita com painel da arte contemporânea africana
A África de hoje permeada por uma intensa produção artística de forte cunho sociocultural é o fio condutor da exposição EX AFRICA, que terá a sua estreia nacional no dia 11 de outubro de 2017, no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, onde ficará em cartaz até o dia 30 de dezembro. Na sequencia, a exposição segue para o Rio de Janeiro (janeiro/2018), São Paulo (abril/2018) e Brasília (agosto/2018).
“Da África sempre há novidades a reportar”
Por um período de mais setenta dias (11/10 a 30/12), o CCBB BH será uma extensão do continente africano, recebendo dezenas de artistas nigerianos, sul africanos, angolanos e afro-brasileiros. A inédita exposição “EX AFRICA”, que reunirá diversos nomes da cena contemporânea africana, revela a riqueza da arte e diversidade através de diferentes recortes: performances, música, instalações, fotografias, videoarte, pinturas, palestras.
O cantor/compositor e multimídia Nástio Mosquito, o artista visual e performer Jelili Atiku, os premiados fotógrafos Leonce Raphael Agbodjelou e Kudzanai Chiurai, os pintores afro brasileiros Arjan Martins e Dalton Paula, são alguns dos nomes presentes na mostra, e em sua maioria, apresentarão trabalhos inéditos no Brasil, e até mesmo criados para a exposição, como a instalação a ser desenvolvida por Ibrahim Mahama. Ade Bantu, músico e ativista, assina a curadoria da sala/instalação Clube Lagos, que oferecerá um painel sobre os novos sons da Nigéria.
PROGRAMAÇÃO NA ABERTURA
17h = Performance com o nigeriano Jelili Atiku. A performance começa na rua. O artista faz uma caminhada de 30 a 40 minutos até entrar no CCBB-BH e dirigir-se para sua sala, onde montará uma instalação com os materiais e obras de arte utilizados na performance.
18h = Performance de Nástio Mosquito (Teatro I do CCBB-BH)
Classificação etária: 14 anos (pode conter linguagem explícita).
Entrada gratuita, com distribuição de senhas uma hora antes do evento.
Duração: 45’
A performance de Nástio Mosquito será seguida de palestra com o artista e o curador da sala Clube Lagos Adé Bantu, mediada pelo curador Alfons Hug.
SOBRE OS ARTISTAS
ADE BANTU e a nova música nigeriana exposta em som e imagem na sala CLUBE LAGOS
A mostra “EX AFRICA” terá a sala CLUBE LAGOS, que apresentará todas as modalidades de interpretação do pop nigeriano em vídeos musicais. Quem assina a curadoria do espaço é ADE BANTU, músico nigeriano-alemão (1971), produtor e ativista social. Criador da série de concertos mensais e do Festival de Música, que mantém em Lagos, Nigéria, ADE BANTU é fundador do coletivo musical afro-alemão Brothers Keepers. Sua banda BANTU recebeu o Prêmio Kora (o equivalente pan-africano do Grammy) pelo álbum "Fuji Satisfaction" em 2005.
Na sala CLUBE LAGOS, o visitante terá acesso a dezesseis videoclipes de afrobeat representando quatro temas: Deus, Dinheiro, Poder e Sexo, fazendo um panorama da música popular da maior cidade africana, Lagos. Os filhos do legendário afrobeat de Fela Kuti e do rei do juju, Sunny Ade, libertaram-se dos clichês da world music e criaram identidades musicais muito próprias no Naija pop. A festa inclui o New Afrika shrine de Femi Kuti, que continua sendo referência na cena musical nigeriana, como também a banda Afropolitan Vibes.
IBRAHIM MAHAMA - Instalação - (1987, República do Gana)
Um dos artistas ganeses mais proeminentes dos últimos anos, Ibrahim Maham é conhecido por suas instalações de grande escala. Para a exposição, o artista vai construir uma instalação com duas mil caixas de madeiras empilhadas.
A obra é inédita no Brasil e exclusiva em cada itinerância.
Entre março e abril de 2017, a White Cube mostrou “Fragmentos”, uma exposição que incluía novas séries de seus trabalhos, como o “Non-Orientable Nkansa” (2016), uma escultura monumental feita de fragmentos de madeira manchados.
Prêmios recentes do artista:
2017 Future Generation Art Prize, Venice, Future Generation Art Prize @ Venice 2017
2017 Future Generation Art Prize, Kyiv, Future Generation Art Prize 2017
2015 Tyburn Gallery, London, Broken English
2015 56th Venice Biennale, Venice, All the World’s Futures
NÁSTIO MOSQUITO – Performance, vídeo, Musica e instalação (1981, Angola)
NÁSTIO MOSQUITO é um artista multimídia e performático. Atuando como uma figura central em obras que jogam com estereótipos em contextos ocidentais, ele questiona o papel do público tanto quanto o seu.
MOSQUITO é uma das atrações da movimentada noite de abertura da mostra em BH. No palco do Teatro I do CCBB, ele irá apresentar a performance “Respectable Thief”. Desenvolvida pelo artista e Vic Pereiró, não há na apresentação exatamente um roteiro a ser seguido. Em frente a três telas de projeção, MOSQUITO vai cantar músicas de sua autoria e interagir com o público, triturar papel e fazer malabarismos com ovos.
No amplo currículo do artista, destacam-se as exposições/intervenções: Daily Lovemaking, Ikon Gallery, Birmingham, 2015; 9 Artistas, Walker Art Center, Minneapolis, 2013; Política de Representação, Tate Modern, Londres, 2012; E 29ª Bienal de São Paulo, São Paulo, 2010. Mosquito vive e trabalha em Ghent e Luanda.
JELILI ATIKU – Performance – (1968, Nigéria)
Líder do projeto Art Africa Forum, diretor artístico de AFiRIperFOMA - um coletivo de artistas performers na África-, e Chief Coordinator of Advocate for Human Rights Through Art (AHRA), JELILI ATIKU é um artista multimídia que luta por justiça e direitos humanos. Os efeitos psicossociais e emocionais decorrentes da violência, guerra, pobreza, mudanças climáticas, dominam suas formas artísticas.
Na abertura oficial da mostra, às 17hs do dia 11/10, JELILI ATIKU apresentará a performance “Alaagba”, que é um ritual africano (etutu ou ebó) de limpeza. A apresentação se inicia na rua, com o artista fazendo uma caminhada de aproximadamente 40 minutos, finalizando com a sua chegada em uma das salas do CCBB BH, onde montará uma instalação com os materiais e obras de arte utilizados na performance. Além de cabaças e uma pequena vassoura branca, o artista usa longas cordas chamadas Ankara, feitas de tecido Ankara e usadas na Nigéria como acessórios do vestuário. Na performance, ele usa técnicas como texto, desenho e vídeo, além de se pintar todo de preto e vestir um capuz feito de espelhos, assim como a mulher performer que o acompanha. A apresentação será gravada e exibida ao lado da instalação que JELILI ATIKU montará, no CCBB BH.
Entre os muitos prêmios com os quais já foi laureado, destacam-se:
:: 2012 Art Moves Africa (AMA) Mobility Grant to travel to Harare, Zimbabwe
:: 2012 Prince Claus Fund Flight Grant to travel to Berlin, Germany
:: 1998 National Youth Service Corps State Chairmanship Award, Akwa Ibom State, Nigeria
:: 1998 Best Serving Corps Member, Federal Government College, Ikot Ekpene, Akwa Ibom State, Nigeria
LEONCE RAPHAEL AGBODJELOU - Fotografia - (1965, Benin)
Filho do mundialmente famoso fotógrafo Joseph Moise Agbodjelou (1912-2000), LEONCE RAPHAEL AGBODJELOU é um dos preeminentes fotógrafos da República do Benin. Para a exposição “EX AFRICA”, o curador selecionou cinco trípticos da série Code Noir.
Fundador e diretor da primeira escola fotográfica do Benim, e atual presidente da Associação de Fotógrafos de Porto-Novo. LEONCE RAPHAEL AGBODJELOU já teve o seu trabalho exposto mundo afora. Exemplos: Saatchi Gallery Londres, Museu de Arte de Seattle, Museu Fowler Los Angeles, Museu Brooklyn Nova Iorque, Museu Vitra Basel, Museu Guggenheim Bilbao, Museu de Arte de Tel Aviv, Israel & Camden Arts Center, Londres, entre outros.
KUDZANAI CHIURAI - Fotografia - (1981, Zimbabwe)
O público brasileiro terá a oportunidade de conhecer cinco fotografias da série Genesis [Je n'isi isi], desse artista que em 2013 foi listado pela Forbes como um dos "Treze africanos para ver em 2013". Em seu trabalho, KUDZANAI CHIURAI combina o uso de meios mistos para abordar questões sociais, políticas e culturais de seu país. Desde a sua primeira exposição individual em 2003, as suas obras de arte foram expostas no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, Museum für Moderne Kunst em Frankfurt, Victoria and Albert Museum em Londres e em Kassel, na Alemanha.
Principais prêmios e Méritos:
:: 2014 - Shortlisted for Future generation Art Prize
:: 2012 - FNB Art Prize
:: 2011 - Top 200 Young South Africans, Mail & Guardian
:: 2005 - Top 100 Dazzlers and Doers in South Africa, Mail & Guardian, South Africa
OMAR VICTOR DIOP - Fotografia - (1980, Senegal)
O artista desenvolveu interesse pela fotografia e pelo design ainda na infância. O seu trabalho já circulou por galerias de Los Angeles, Alemanha e Paris, onde atualmente está com uma mostra em cartaz. O público brasileiro irá conhecer nove fotografias que ele criou para a série Diáspora. Na série, OMAR VICTOR DIOP escolhe pela primeira vez ser ele mesmo o objeto de seu trabalho e se comporta como narrador e personagem se fantasiando de diversas figuras.
OMAR considera que a fotografia é uma ferramenta que possibilita capturar a essência e o modo de vida das sociedades modernas africanas. Trabalha hoje com arte visuais, fotografia de moda e propaganda.
OKHAI OJEIKERE - Fotografia - (1930-2014, Nigéria)
Ao longo da sua trajetória artística, iniciada em 1954, OKHAI OJEIKERE teve o seu trabalho exposto ora de modo individual ou coletivo, em Londres, Paris, Estados Unidos e em seu país de origem, a Nigéria. Em 1968 começou um de seus maiores projetos, documentando penteados nigerianos. Esta era uma marca registrada do trabalho de OKHAI OJEIKERE, ao final de sua vida ele havia impresso aproximadamente mil fotos de cabelos de mulheres. Para a mostra “Ex Africa”, o curador Alfons Hug selecionou oito históricas fotos.
KILUANJI KIA HENDA - Vídeo (1979-, Angola)
O angolano e autodidata KIA HENDA, entre coletivas e individuais, já teve o seu trabalho exposto em Londres (Tate Gallery), Lisboa, Paris, Nápoles e Nova York.
Na mostra “EX Africa”, será exibido o vídeo “Concrete Affection”, trabalho desse aguçado artista, que fazendo uso do humor e da ironia, interfere em assuntos como identidade, política, percepções do pós-colonialismo e modernismo na África. Por passar um longo tempo com John Liebenberg - fotógrafo que documentou o apartheid e a guerra civil angolana-, Kia Henda foi incentivado a descobrir o poder das imagens para revelar histórias não contadas.
YOUSSEF LIMOUD - Instalação - (1964-, Egito)
Artista e escritor, graduado pela College of Fine Arts pela Helwan University no Cairo. Também estudou na Düsseldorf Art Academy entre 1991 e 1992. Suas pinturas e instalações foram exibidas em diversas exposições no Egito e internacionalmente. Ele escreve principalmente sobre arte, poesia e história. Vive entre Basel e Cairo.
ARJAN MARTINS - Pintura - (1960, Afro-brasileiro – Rio de Janeiro - RJ)
Um dos dois brasileiros presentes na exposição, representado com cinco grandes telas (390 x 200 cm), todas sem títulos, ARJAN MARTINS estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
Em 2002, fez a primeira exposição individual (“Desenhos”), no Museu da República. Participou de diversas mostras coletivas como “Arte Brasileira Hoje” (MAM, 2005), “Novas Aquisições” (MAM, 2004) e mais recentemente “Do Valongo à Favela”, no Museu de Arte do Rio (2014). Nesse mesmo ano realizou a primeira exposição individual no MAM Rio, “Américas”, com curadoria de Paulo Sérgio Duarte.
Ao longo de sua trajetória recebeu dois prêmios: foi contemplado com Bolsa Viagem do Instituto Goethe, em 2007, e recebeu o “Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea” – Funarte”, em 2005. No exterior, o artista participou da Bienal de Dakar 2006 e do Haiti Sculpture, em 2007.
DALTON PAULA – Pintura – (1982 Afro-brasileiro – Goiânia -GO)
Dalton mora e trabalha em Goiânia e é bacharel em Artes Visuais. Suas produções propõem uma reflexão de questões contemporâneas, referentes ao medo, à efemeridade, ao individualismo e à alteridade. Discute também o picturalismo contaminado por linguagens diversas através do seu corpo no campo da intimidade.
SOBRE O CURADOR
Ex- diretor do Instituto Goethe do Rio de Janeiro e de Lagos, Alfons Hug é reconhecido por seu trabalho investigativo e como crítico de arte contemporânea. Sobre a mostra ‘EX AFRICA’, ele a define parafraseando Caio Plinio II, “Ex Africa semper aliquid novi”, ou “da África sempre há novidades a reportar.” O referido escritor teria dito isso há mais de dois mil anos, ao voltar de uma viagem às províncias norte americanas pertencentes ao império Romano. De fato, o continente africano avançou suas fronteiras em todas as direções do globo ao longo dos séculos. A áfrica perdura no jazz americano, no carnaval brasileiro, nos templos de candomblé e na capoeira, que atualmente está presente em mais de 150 países.
Principais projetos que ganharam a assinatura de Alfons Hug como curador:
Mostra Haus de Kulturen der Welt Berlim (94 e 98)
Bienal de São Paulo (2002 e 2004)
Pavilhão Brasil na Bienal de Veneza (2003 e 2005)
Bienal del Fin del Mundo Ushuaia, Argentina (2009)
6ª Bienal de Curitiba (2011)
Pavilhão América Latina na Bienal de Veneza 54ª, 55ª e 56ª edição (2011, 2013 e 2015 )
2ª Bienal de Montevidéu (2014)
Mostra Zeitgeist = circuito CCBB SP/RJ/BSB/BH (2015)