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outubro 9, 2017
Respirar sem oxigênio na Millan, São Paulo
A fragilidade do corpo como meio para criação é tema da primeira exposição organizada pela artista Regina Parra
Mostra reunirá na Galeria Millan o frescor da produção de jovens artistas em diálogo com importantes peças de Tunga, Artur Barrio, Lenora de Barros entre outros
A Galeria Millan apresenta, de 10 de outubro a 4 de novembro de 2017, a exposição coletiva Respirar sem oxigênio, organizada pela artista Regina Parra. A mostra reúne trabalhos de 24 artistas incluindo nomes da nova geração — Bruno Levorin, Claudio Bueno, Gui Mohallem, Haroldo Saboia, Heloisa Franco, Julia Gallo & Max Huszar, Julia Ayerbe, Laura Davina, Malka Borenstein, Patrícia Araujo, Thany Sanches — em diálogo com obras importantes de Ana Mazzei, Afonso Tostes, Artur Barrio, Caetano Dias, Fancy, Lenora de Barros, Leticia Parente, Jannis Kounellis, Regina José Galindo, Nelson Felix, Tatiana Blass e Tunga. A proposta é investigar a vulnerabilidade do corpo como um meio para criação de novas potências a partir de um rico diálogo entre diferentes gerações de artistas brasileiros e estrangeiros.
A seleção de obras atravessa os anos 1970 até 2017 e inclui vídeos, esculturas, objetos, pinturas e desenhos que percorrem as distintas deformações sofridas pelo corpo contemporâneo. Deformações que não são torturas mas resultado das “posturas de um corpo que se reagrupa pela vontade de dormir, de vomitar, de se revirar, de ficar sentado a maior parte do tempo.” (Lapoujade, David. O corpo que não aguenta mais); vindas portanto da exaustão e do esgotamento. “É condição própria do corpo ser afetado pelas forças do mundo. Deleuze insiste que um corpo nunca deixa de ser submetido a encontros e confrontos: com a luz, com o oxigênio, com os alimentos, com os sons etc. Um corpo é, segundo ele, sempre ‘encontro com outros corpos”, conta Parra.
Se essa situação de extrema fragilidade pode ser vista como um sinal de resistência, o esgotamento não seria necessariamente uma paralisia total. Como, então, transformar a grande fadiga em potência? Como respirar sem oxigênio? Essa é a ideia central que será colocada pela curadora: o corpo em colapso como meio para investigação e criação de novas potências frente às incontingências políticas, culturais e afetivas da vida contemporânea.
Para complementar a proposta, Regina Parra convidou o coreógrafo Bruno Levorin para desenvolver uma ação como reposta à questão “Quais são os espaços e limites que circunscrevem a comunicação entre dois corpos?” Levorin vai partir do encontro com o artista visual Haroldo Saboia para investigar práticas coreográficas que discutam a relação entre gesto, nomeação e invocação.
Regina Parra (1981, São Paulo, SP) é Mestre em Teoria e Crítica da Arte pela Faculdade Santa Marcelina e bacharel em Artes Plásticas pela Faap. Nos últimos anos realizou exposições individuais no Pivô (SP), Centro Cultural São Paulo (SP), Paço das Artes (SP), Fundação Joaquim Nabuco (PE), Galeria Leme (SP) e Galeria Millan (SP). Entre as coletivas, destacam-se Sights and Sounds, curadoria Luiza Proença e Jens Hoffmann, The Jewish Museum, Nova York; Totemonumento, curadoria Isabella Rjeille, Galeria Leme; Arquitetura e Paisagem Urbana, curadoria Cauê Alves, MuBE; CPR Film Festival Argentina, curadoria Tainá Azeredo, Buenos Aires; O Espírito de Cada Época, curadoria Rejane Cintrão, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto; Encruzilhada, curadoria Bernardo Mosqueira, Parque Lage, Rio de Janeiro; Cães Sem Plumas, curadoria Moacir dos Anjos, Museu de Arte Moderna de Recife; Rumos Artes Visuais, curadoria Agnaldo Farias, Itaú Cultural; 17o Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil, curadoria Solange Farkas, SESC Belenzinho; Suspicious Minds, curadoria Cristina Ricupero, Galeria Vermelho; A Carta da Jamaica, curadoria Alfons Hug, Oi Futuro do Rio de Janeiro; Rice and Beans, curadoria Jacopo Crivelli, Studio Trendy, Miami; À Sombra do Futuro, curadoria Luiza Proença, Instituto Cervantes; e Grupo 2000e8, curadoria Paulo Pasta, SESC Pinheiros. Em 2012 foi contemplada com o Prêmio de Videoarte da Fundação Joaquim Nabuco e indicada ao Prêmio de Artistas Emergentes da Fundação Cisneros. Recebeu também o I Prêmio Ateliê Aberto Videobrasil (2011) e o Prêmio Destaque da Bolsa Iberê Camargo (2009).