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outubro 4, 2017
Abraham Palatnik na Nara Roesler, São Paulo
Um dos pioneiros da arte cinética mundial, Abraham Palatnik (1928, Natal, RN), traz seus trabalhos recentes para a sede paulistana da Galeria Nara Roesler, que o representa há quase duas décadas. A exposição abraham palatnik: ver, mover reúne cerca de 15 relevos, a grande maioria inéditos, realizados no último ano (2016/2017). São progressões tridimensionais concebidas a partir de sua atual investigação com o acrílico.
A mostra pontua essa invenção pictórica na obra de Palatnik, ao relacionar a nova produção com obras anteriores, como as históricas RS-11, de 1976 (placas de poliéster - edição única) e a pintura em madeira de 1992, além da famosa série W (anos 2000) e de alguns relevos progressivos sobre cartão duplex.
Segundo o texto de Luiz Camillo Osório, a nova experiência com acrílico reconstitui uma genealogia interna interessante. “Por um lado, mistura a experimentação em relevo realizada anteriormente no papel cartão, por outro, avança na serialização óptico-cinética inaugurada com as progressões em madeira, executadas em poliéster na década de 1970 e, mais recentemente, a partir do começo dos anos 2000, com as ripas de cor em madeira”, acrescenta.
Com quase 90 anos, Palatnik mantem a energia e o rigor com os quais criou o Aparelho Cinecromático, nome dado por Mario Pedrosa, que esteve na primeira Bienal de São Paulo, em 1951. De início a obra não foi aceita por não se saber em que categoria colocá-la, mas, logo depois, ganharia o Prêmio do Júri Internacional. Desde então, como afirma Osório, uma espécie de acaso controlado percorre a produção de Palatnik. “Ele combina pesquisa de novos materiais, rigor metodológico e delírio perceptivo”.
O crítico destaca a atenção do artista aos detalhes e o cuidado artesanal com o processo produtivo. Ressalta ainda que a sua facilidade em lidar com máquinas, nunca o afastou do fazer manual. “Em uma época de virtualidade compulsiva esta combinação é, a um só tempo, uma lição poética e ética”, completa.
Na década de 1950, Palatnik, além de criar aparelhos cinecromáticos e objetos cinéticos, passou a desenvolver composições em papelão e madeira. Por mais de sessenta anos, a sua obra questiona o tempo, o movimento e a relação do homem com a natureza. Para ele, a função do artista é disciplinar a percepção do caos.
Entre suas individuais mais significativas está a grande retrospectiva “A Reinvenção da Pintura” (2013), realizada no Cultural Banco do Brasil, em Brasília. A mostra foi apresentada posteriormente no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM-SP (2014), no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (2014), no Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre (2015) e ainda no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro (2017).
Pioneiro da arte cinética no Brasil, Palatanik é sempre figura central em exposições internacionais sobre arte cinética. Entre as mais recentes, destacam-se: “Kinesthesia: Latin American Kinetic Art, 1954-1969” (2017/2018), em cartaz no Palm Springs Art Museum, em Palm Springs; “Delirious – Art at the Limits of Reason 1950-1980 (2017/2018)”, em cartaz no The Met Brauer, em Nova Iorque; e ainda a coletiva em homenagem ao crítico Mario Pedrosa, "Mário Pedrosa - Da natureza afetiva da obra", em cartaz até 16 de outubro no Reina Sofia, em Madri, onde também participou da antológica Os Cinéticos, em 2007, e que veio ao Brasil, onde esteve em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em 2007/2008.
Além de figurarem em oito edições da Bienal de São Paulo, no Brasil (entre 1951 e 1969) e na 32ª Bienal de Veneza(1964), com Mavignier, Volpi e Weissmann, as.obras de Palatnik fazem parte de acervos dos museus mais importantes do mundo, como o Museum of Fine Arts, em Houston, e o Museum of Modern Art, em Nova Iorque, ambos nos Estados Unidos. No Brasil, integra coleções como do MAM –SP e MAM– RJ; MAC São Paulo e MAC Niterói e Itaú Cultural.