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outubro 2, 2017
Karina Dias na Caixa Cultural, Brasília
Karina Dias realiza mostra na CAIXA Cultural Brasília que apresenta um recorte de sua produção em vídeo e fotografia ao longo de 20 anos de carreira como uma das artistas brasilienses que mais influencia a produção de artes visuais na capital federal
De 3 de outubro a 17 de dezembro, a CAIXA Cultural Brasília recebe a mostra Tempo paisagem, da artista visual brasiliense Karina Dias. Com curadoria de Cristiana Tejo, a exposição apresenta ao público um recorte da obra da artista ao longo de 20 anos de produção. Com realização da Mira Produção e Arte, as videoinstalações, videoprojeções e fotografias que compõem a mostra ocuparão as Galerias Picola I e II. A CAIXA Cultural Brasília fica no Setor Bancário Sul (SCS) Quadra 4 Lotes 3/4. Com visitação de terça-feira a domingo, das 9h às 21h, a entrada é franca e livre para todos os públicos.
“Tempo paisagem” é o resultado do encontro entre a curadora pernambucana Cristiana Tejo e Karina Dias, no processo de acompanhamento crítico do Prêmio Transborda Brasília – Prêmio de Arte Contemporânea, apoiado pela CAIXA Cultural. Uma das artistas mais importantes de Brasília, a obra de Karina Dias receberá a primeira mostra individual que apresenta um recorte significativo de sua trajetória. A exposição que começa em outubro, busca apresentar a obra que ainda é inédita para muitos brasilienses.
A mostra “Tempo paisagem” lida com as espessuras de tempo através da observação e inserção na paisagem. Trata-se de gestos sutis, de convidar o público a adentrar nestas densidades. Alguns dos trabalhos requerem uma atenção e concentração muito especiais para se revelarem, afirma a curadora, Cristiana Tejo. Dividida em temáticas, a exposição busca levar o público a adentrar num tempo de contemplação que destoa da voracidade contemporânea, a partir da sensível captação e construção de paisagens da artista, que leva horas e dias para conseguir exatamente a imagem que lhe interessa. Seus trabalhos nos obrigam a sair do tempo instantâneo e vertiginoso das redes sociais e meios digitais para mergulhar numa espessura de experiência que pode beirar o tédio, mas que nos traz para um estado quase meditativo.
A primeira parte da exposição ocupara uma das salas com a paisagem construída ou que se revela no tempo. Segundo a curadora, esta será uma sala mais expansiva, e um pouco extrovertida, o que pode ser notado pela escala dos trabalhos apresentados. A segunda parte abordará a inserção do corpo na paisagem. “Os trabalhos de Karina Dias resultam de um envolvimento total com a paisagem, seja como observadora ou como caminhante. Seu trabalho “Fronteira”, por exemplo, assinala a fragilidade das demarcações nacionais: em três passos deixamos para trás um país e adentramos outro, sendo esta operação aparentemente simples de muitas implicações. Quantos não morrem ao tentar cruzar uma linha divisória entre o México e os Estados Unidos, por exemplo? Apesar de imensamente poéticos, os trabalhos de Karina carregam também estes dados geopolíticos”, ressalta Cristiana Tejo.
Nesse mesmo espaço silencioso e mais "vazia", o corpo do espectador vai percorrer alguns metros para se deslocar entre um trabalho e outro. O intuito da exposição é "reapresentar" uma artista importante da cidade pelo olhar de uma estrangeira, possibilitando ao público que já conhece seu trabalho ter novas miradas sobre ele, e o público que ainda não o conhece ter acesso a um recorte do panorama geral de sua produção.
Karina Dias, artista visual e professora do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília, atuando na graduação e pós-graduação, pós-doutora em Poéticas Contemporâneas (UnB), doutora em Artes pela Université Paris I – Panthéon Sorbonne e coordenadora do grupo de pesquisa Vaga-mundo: poéticas nômades (CNPq), Karina Dias trabalha com vídeo e intervenção urbana. Sua pesquisa está centrada nas relações entre o homem e a paisagem, entre a imensidão dos espaços e singularidade daqueles que os percorrem, na experiência de espaços-extremos, seja pela sua proximidade (cidade em que se habita) ou por sua extrema distância (várias partes do mundo). Dessa relação surge, por meio de vídeo instalações, uma poética da paisagem e da viagem, uma relação de horizontes, a constituição de uma geopoética. Já expôs em Barcelona na Galeria Paradigma, no, Instituto Francês de Dusseldorf, Alemanha, no Sichuan Fine Arts Institute, China, e na Galerie Du Crous-Beaux Arts, Paris. Em Brasília, participou de mostras coletivas no Museu Nacional da República, na Funarte e no Espaço Cultural Marcantonio Vilaça. Indicada ao Prêmio PIPA 2011, venceu os prêmios Prima Obra - Funarte 2002, Funarte de Arte Contemporânea Atos Visuais 2012 e o Transborda Brasília – Prêmio de Arte Contemporânea. A artista é representada pela Alfinete Galeria.
Cristiana Tejo, curadora independente e doutora em Sociologia (UFPE), foi co-fundadora do Espaço Fonte – Centro de Investigação em Arte e curadora do Projeto Made in Mirrors, que envolveu intercâmbio entre artistas do Brasil, China, Egito e Holanda. Foi coordenadora-geral de Capacitação e Difusão Científico-Cultural da Diretoria de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco (janeiro de 2009 – outubro de 2011) e co-curadora do 32º Panorama da Arte Brasileira do MAM – SP (2011), juntamente com Cauê Alves. Foi curadora da Sala Especial de Paulo Bruscky na X Bienal de Havana (Cuba, 2009), co-curou Brazilian Summer Show – Art & The City (Museu Het Domein, Holanda, 2009) juntamente com Roel Arkenstein, Futuro do Presente (Itaú Cultural, 2007) com Agnaldo Farias e Art doesn´t deliver us from anything at all (ACC Galerie, Weimar, 2006) juntamente com Clio Bugel, Charlote Siedel, Paz Aburto e Frank Motz. Participou de diversas comissões de seleção e de premiação, entre elas: Bonnefanten Contemporary Art Prize 2014 (Maastricht, Holanda), Videobrasil 2013, Solo Projects – Focus Latin America (ARCO, Madri, 2013), Rumos Artes Visuais da Argentina (como júri internacional, em Buenos Aires, Curadoria Argentina, 2011), Salão de Goiás, Salão Arte Pará, do Programa BNB Cultural, Situações Brasília. Em 2015, foi parte do júri do TRANSBORDA Brasília – Prêmio de Arte Contemporânea. Vive e trabalha entre Lisboa e Recife.