|
setembro 27, 2017
Vivemos na melhor cidade da América do Sul na FIC, Porto Alegre
Fundação Iberê Camargo debate noções de tropicalidade e identidade nacional
Baby, de Caetano Veloso, inspira mostra coletiva que repercute os 50 anos do tropicalismo
No dia 30 de setembro, a Fundação Iberê Camargo inaugura a exposição Vivemos na melhor cidade da América do Sul. Com curadoria de Bernardo José de Souza e Victor Gorgulho, a exposição apresenta obras de mais de 32 artistas. O projeto investiga noções contraditórias de tropicalidade, identidade nacional, corpo e violência, partindo da paisagem estética e política do Rio de Janeiro. A mostra exibe pinturas, esculturas, fotografias, instalações, vídeos e performances que especulam sobre o mito da "cidade maravilhosa". Durante os finais de semana, os programas públicos incluem seminários, ciclos de cinema, debates, música, performances e atividades em diálogo com outros campos do conhecimento. A exposição poderá ser visitada até o dia 17 de dezembro.
Embora a máxima “vivemos na melhor cidade da América do Sul" permaneça até hoje como uma grande dúvida - Caetano Veloso não apenas omite da letra qual seria esta cidade como também vivia em São Paulo quando escreveu a canção -, os curadores decidem adotar o Rio de Janeiro como se fosse essa cidade. Segundo de Souza e Gorgulho, "ao relativizar a imagem consolidada nos cartões postais, a mostra ora reforça as tintas idílicas que banham o Rio, ora mapeia as zonas cinzentas do espaço urbano e da geografia natural que funcionam como suposta síntese do Brasil".
Tropicália, instalação de Hélio Oiticica, emprestou seu nome ao movimento musical que acabou por difundir a imagem de um Brasil tão arcaico quanto moderno, e que neste ano completa seus 50 anos. Entre as artes visuais e a música brasileira, as obras da exposição questionam os impulsos utópicos irradiados ao longo das últimas décadas pelo tropicalismo e por Baby, canção que seria celebrizada por Gal e pelos Mutantes.
Em paralelo à exposição, os programas públicos que acompanham a mostra também buscarão tensionar percepções diversas sobre Porto Alegre, os gaúchos e sua realidade multicultural, muitas vezes relegada à sombra do passado e da tradição.
O seminário proposto pela Fundação Iberê Camargo para este novo projeto - Sob o sol dos trópicos: prazer e violência na esfera contemporânea – terá início dia 14 de outubro e conta com participação de Pablo León de la Barra, atual curador do MAC Niterói e curador do Museu Solomon R. Guggenheim para a fase latino-americana da Guggenheim UBS MAP Global Art Initiative. Outros nomes já confirmados para o seminário são Lisette Lagnado e Fausto Fawcett.
ATIVIDADES PARALELAS
30/09 – SÁBADO
16h | Performance “Rodinha de abertura”, com Miúda
O coletivo de artistas cariocas reproduz uma conversa de bar e muita cantoria em uma mesa montada em meio ao espaço expositivo, ironizando as área VIPs e desconstruindo o ideal de celebridade.
17h | Performance “Lava Jato – Lavagem integral”, com a artista Maria Sabato
Na performance, a artista argentina Maria Sabato lava carros do público, dançando ritmos latinos e brasileiros.
14/10 - SÁBADO
15h | Seminário Sob o sol dos trópicos: prazer e violência na esfera contemporânea, com Pablo León de la Barra
Este seminário busca especular sobre o princípio do prazer e o ritmo perverso e acelerado que orienta a vida e o trabalho no mundo contemporâneo, questionando as noções de hedonismo relacionadas ao mundo tropical diante de uma sociedade marcada pela lógica da punição, da violência, da discriminação e da produtividade.
Pablo León de la Barra (nascido em 1971, na Cidade do México) é um curador independente, radicado em londres e em Nova York. Atualmente, é curador no Museu Solomon R. Guggenheim para a fase latino-americana da Guggenheim UBS MAP Global Art Initiative. León de la Barra recebeu seu Ph.D em História e Teoria da Architectural Association School of Architecture, em Londres. Ele fez curadoria ou co-curadoria de exposições em diversas localidades internacionais, incluindo a Apexart, The Architecture Foundation, Art in General, o Centre d’Art Contemporain Genève, Centro Cultural de España, a David Roberts Foundation, a Kunsthalle Zürich, a Luis Barragán House and Studio, e o Museo Tamayo. Em 2012, foi o primeiro beneficiário do Prêmio Coleção Patricia Phelps de Cisneros de Viagem pela América Central e Caribe.