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setembro 27, 2017
Marco Veloso na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Um olhar poético sobre a sociedade contemporânea, a intimidade da vida e o contexto da cidade. A galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea abre, no dia 28 de setembro, 5a feira, a exposição de Marco Veloso "anoitecer, amanhecer: desalerta", com 22 desenhos com tinta óleo sobre madeira, inéditas.
O desenho de Marco Veloso, que até agora se caracterizava por intensos contrastes – seja entre o preto, o branco e os tons de cinza ou entre a tinta preta e a amarela - encaminha-se, neste momento, em direção a uma luminosidade leve e pacífica. Com a utilização de linhas amarelas sobre fundo branco, os contrastes são reduzidos, as linhas descansam e as composições evidenciam forte unidade espacial.
As obras da nova mostra despertam o espectador para significativas contradições de nosso tempo: uma época marcada pelo olhar intimidador dos aparelhos eletrônicos, mas também por uma visão humana da realidade sensivelmente singular.
"Vivemos numa cidade em permanente estado de alerta. O contraste entre um certo romantismo e as diversas formas de tensão social procura trazer à luz o estado de espírito de nossa busca por uma dignidade humana".
Embora os desenhos do artista pareçam surgir rapidamente, sem hesitação, em realidade eles são densamente elaborados, até estarem impregnados da espontaneidade necessária. Para cada desenho da exposição, foram feitos dezenas de esboços, conta Veloso. Sobre isso, o colecionador Gilberto Chateaubriand certa vez afirmou:
"Diferentemente de artistas que se destacam pela perfeição formal ou pela delicadeza dos procedimentos, o que me atraiu de imediato foi a impulsividade aparentemente de Marco, o alto grau de expressividade, obtida após longa reflexão, e não por qualquer descontrole deliberado".
Carioca, nascido em 1959, Marco Veloso é um dos mais destacados nomes da arte do desenho no Brasil e tem realizado importantes mostras solo ao longo dos últimos 20 anos. Desde 2013, o artista teve uma transformação de grande importância em sua obra. Conhecido pelas séries de desenhos em carvão, iniciadas em 1999 e que já ultrapassaram o número de cem, Veloso agora apresenta o feliz encontro entre a pintura e o desenho. Entre suas individuais em instituições públicas estão: “Desenhos na Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM Rio, em 2000, 2003 e 2008, “Contigo na Distância”, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, em 2010, além de duas no Paço Imperial: "Se as palavras... ", em 1999, e Jogando com Armadilhas, em 2016.