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setembro 18, 2017
Daniel Acosta na Pinacoteca, São Paulo
Uma plataforma redonda de madeira com oito metros de diâmetro e dez centímetros de altura que vai girar muito lentamente ao redor do seu próprio eixo, desenvolvida por Daniel Acosta, é o próximo trabalho a ocupar o Octógono da Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. A instalação, Rotorama – Sistema de Giroreciprocidade, inspirada em um trabalho exposto pelo artista em 2008, é inédita e foi desenvolvida exclusivamente para este espaço.
Uma vez dentro da plataforma, as pessoas poderão ficar de pé, sentadas ou deitadas. São cerca de dez minutos até que a estrutura dê uma volta completa, velocidade tão lenta que pode causar no visitante a impressão de estar parado. Aos poucos, entende-se que não. A mostra tem curadoria de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pina, e patrocínio do Iguatemi São Paulo.
A obra quase desaparece, como um tapete, frente a verticalidade do espaço. Sem qualquer atrativo, além da possibilidade de “subir” na obra, a atenção se volta toda para o público. “São os visitantes que conferem volume ao trabalho. A proposta do Daniel não é criar uma peça para ser colocada no Octógono, mas um dispositivo para que o próprio público seja protagonista do trabalho. Além disso, há a surpresa, para quem olha de cima, de uma espécie de poema visual que se forma a partir de grafismos na plataforma”, explica Piccoli.
A proposta é criar uma condição de percepção especial que pode gerar ambiguidade e certa perda das referências. “Algo bem parecido com o que acontece quando lavamos o carro naquelas máquinas com escovas giratórias do posto de gasolina. Estamos parados, mas sentimos como se estivéssemos em movimento. Acontece também quando você está na rodoviária sentado dentro do ônibus e o ônibus do lado sai. Uma experiência muito curiosa”, explica Daniel Acosta.
A instalação de Daniel Acosta permanece em cartaz até 5 de fevereiro de 2018.
Os trabalhos de Daniel Acosta (Rio Grande, RS, 1965) combinam repertórios da arte, do desenho industrial, da arquitetura e dos espaços urbanos. Suas obras propositadamente se colocam na fronteira entre a escultura e a peça de mobiliário. O desenho de cada peça obedece a uma padronização e a uma coordenação modular que não se presta à funcionalidade prática, mas à representação e ao engano.