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setembro 11, 2017

Festival Artes Vertentes, Tiradentes

Festival Artes Vertentes apresenta obras de artistas nacionais e internacionais em exposições em torno do tema Crenças

Nelson Leirner, Pierre Verger e Eder Santos são alguns dos destaques da exposição “A Traição das imagens” que integram a programação do Festival Artes Vertentes em setembro de 2017.

Propondo uma reflexão em torno da palavra CRENÇAS em seus diversos aspectos, a sexta edição do Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes - será realizada de 14 a 24 de setembro, na charmosa cidade mineira de Tiradentes. O princípio curatorial do festival, que busca analogias entre as diversas linguagens artísticas, faz com que o Artes Vertentes venha se firmando como um dos mais importantes festivais de artes integradas do país. Em 2017, o evento apresenta uma consistente programação que abrange música, literatura, cinema, artes cênicas e artes visuais. Durante toda a programação, músicos, atores, diretores, escritores e artistas visuais de vários países promovem, junto com o público, um intenso diálogo sobre o mote curatorial, através de concertos, espetáculos, filmes, exposições, leituras e palestras.

A exposição coletiva A Traição das Imagens reúne obras de artistas brasileiros e estrangeiros. A exposição abora a palavra Crença nos seus vários aspectos, mas sobretudo, aborda a Crença na Representação, traço perene na História da Humanidade desde a Antiguidade, como por exemplo na Alegoria da Caverna, de Platão, ou nas obras do naturalista Plínio, o Antigo. Este é o principal eixo curatorial abordado pela exposição, que tem a curadoria de Luiz Gustavo Carvalho e é composto por obras de artistas de renome internacional, tais como Nelson Leirner, Eder Santos, Siri e Pierre Verger.

A exposição apresenta 5 obras de Nelson Leirner, nome de grande relevância em âmbito internacional, que construiu uma obra marcada por críticas irônicas ao sistema da arte. Durante toda a sua trajetória, ele sempre buscou atingir as ruas de forma a criar indagações nas pessoas. Para isso, utiliza várias estratégias estéticas e/ou comportamentais de forma experimental, mesmo que cause estranhamento às pessoas. Hoje, é um dos mais expressivos representantes do espírito vanguardista dos anos 60 no Brasil e no exterior. Sua ideia central é popularizar o objeto de arte e introduzir a participação do público.

Eder Santos, cujas obras Ex-Votos e Santos também integram a exposição, já foi apontado como o artista que inventou a vídeo arte brasileira. Formado em belas-artes e comunicação visual pela Universidade Federal de Minas Gerais, começou a carreira em 1983, realizando vídeos sobre obras e processos criativos de outros artistas. Seu trabalho tornou-se gradativamente mais autoral, com interferências sobre as imagens, as narrativas e o ritmo delas. Se no início o uso de ruídos tensionava a linguagem videográfica tradicional, aos poucos transforma-se em experimentos com projeções sobre as mais diversas superfícies.

Política, a obra de Eder Santos traz também influências do Barroco Colonial. “Meu trabalho sempre teve um sentido politico, obras com o imaginário religioso, por exemplo, ganham sentido mais político em tempos de crescimento da bancada fundamentalista, perseguição aos cultos afro-brasileiros e aos homossexuais”, argumenta o artista.

A Crença, no seu contexto religioso também estará presente na exposição. “A crença no seu aspecto religioso é presente na exposição através das três crenças que tiveram uma importância primordial na formação do povo brasileiro: as crenças indígenas, as crenças africanas (e posteriormente) afro-brasileiras e as crenças dos colonizadores portugueses.”, comenta o curador. Assim, a coleção de Ex-Votos de Celma Albuquerque, uma das mais importantes coleções do gênero no país, integra o recorte curatorial, assim como objetos de arte indígena das etnias Karajás e Wayana-Aparai, além da série Orixás, de Pierre Verger.

Marcada por um humanismo perene e por um cuidado em retratar os aspectos religiosos das culturas e crenças africanas e afro-brasileiras, a obra de Pierre Verger é constitui o mais importante legado visual sobre o candomblé. Tendo passado grande parte da sua vida na cidade de Slvador, na Bahia, o fotógrafo francês Pierre Verger, realizou também inúmeras pesquisas na África. Realizou um trabalho fotográfico de grande importância, além de ter produzido uma obra escrita de referência sobre as culturas afro-baiana, voltando seu olhar de pesquisador para os aspectos religiosos do candomblé e tornando-os seu principal foco de interesse.

O sincretismo religioso é também o tema da instalação visual-sonora Sincretismo Religioso, de Siri. O artista vem realizando importante carreira na arte sonora, sendo convidado a realizar exposições e performances no Brasil e exterior (Victoria and Albert Museum – Londres , NBK Gallery – Berlim e Portikus – Frankfurt, entre outros). As obras deste artista ganham estruturas e formas em vídeos, fotografias, esculturas e, principalmente, na materialização da sua música, rompendo uma evolução musical do abstrato para o concreto, surgindo em um outro nível de existência. Siri farám ainda, uma performance no dia 14, primeiro dia do festival, no Jardim de Centro Cultural Yves Alves.

Cabe ressaltar ainda a presença do artista visual francês François Andes, cuja obra Les Prépratifs também integra a exposição. Através de desenhos e objetos cênicos, Andes tem nas analogias entre diferentes mitologias o seu principal foco de interesse. Em 2016, foi o principal artista do Salão DDessin, em Paris. Em Tiradentes, o artista realizará ainda uma residência com a bailarina Jacqueline Gimenes, uma das principais bailarinas do Grupo Corpo. O resultado desta residência, aberta ao público através de workshops, será apresentada no dia 23 (sábado), na performance BWV 988: Trinta possibilidades de transgressão.

Na exposição serão exibidas ainda obras de Cildo Meireles, OSSO vídeoarte e da jovem artista Ísis Alcântara.

Em parceria com Museu Sant´Anna, a exposição “Santas mulheres – as heroínas da fé” faz parte da programação do Festival. A exposição reúne imagens de artistas populares e eruditos que deram enorme contribuição à arte sacra brasileira, como Aleijadinho, Mestre de Piranga, Frei Agostinho de Jesus, Francisco Vieira Servas. São imagens brasileiras, datadas dos séculos XVII, XVIII e XIX, pertencentes a coleções privadas e, até hoje, nunca expostas ao público.

O Festival Artes Vertentes exibe ainda, no Museu Casa de Padre Toledo, a exposição “A crença na liberdade”. A exposição apresenta os trabalhos das crianças de Tiradentes, desenvolvidos durante todo o ano através das Aulas de Desenho e Pintura da Ação Cultural do Festival Artes Vertentes. A curadoria é assinada por Ricardo Coelho, que é também o professor e coordenador destes cursos.

Posted by Patricia Canetti at 3:05 PM