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setembro 6, 2017
Franz Weissmann na Pinakotheke, São Paulo
O artista considerado essencial para a renovação da escultura brasileira no século XX é homenageado pela Pinakotheke São Paulo em exposição com curadoria de Fernando Cocchiarale e Max Perlingeiro. Com cerca de 80 trabalhos, a mostra Franz Weissmann (1911-2005), ao reunir também desenhos, estudos e maquetes, traça um percurso em que se revela o processo da arte de Franz Weissmann. De seus fios, cubos, torres e amassados, até trabalhos que apontam o retorno ao construtivo da cor, estão presentes neste panorama da produção do escultor, que traz ainda um documentário no qual ele fala sobre Lygia Clark. A diretora produziu o documentário a partir da última entrevista gravada por ela com Franz Weissmann em 2005.
A gênese da reestruturação do pensamento plástico do signatário do manifesto neoconcreto está em suas construções com fios de aço. São como rascunhos que contêm os princípios básicos de sua escultura: modularidade, ortogonalidade, eliminação de bases, apoio em três pontos, enlaces infinitos, etc. Os fios deram origem ao Cubo Vazado (1951), trabalho criado a partir de uma pequena maquete de arame e considerado uma das primeiras esculturas construtivas brasileiras. Dos quadrados planos unidos em fitas surgiria o Cubo Aberto.
A proposição ancestral do modulo repetido verticalmente até o infinito ganhou com as torres ou colunas de Weissmann novas e surpreendentes soluções por meio do uso de fios, barras, perfis, chapas e chapas vazadas em circulo. Com uma de suas torres, o artista foi premiado como “Melhor Escultor” na 4ª Bienal de São Paulo, em 1957. “... a verticalidade como tema e as colunas como forma são características que distinguem Weissmann de outros artistas modernos brasileiros”, observa Perlingeiro.
Já a série de amassados sublinha particular experimentalismo. O escultor golpeia chapas metálicas até o limite da destruição de sua superfície que chega algumas vezes a romper o suporte. Os amassados foram iniciados por volta de 1964, quando o artista estava na Espanha apoiado pelo Prêmio de Viagem ao Exterior conferido anualmente pelo Salão Nacional de Arte Moderna, então realizado no Rio de Janeiro. “As esculturas geométrico-construtivas e os planos metálicos martelados por Weissmann têm liames espaciais discursivamente estabelecidos e, portanto, invisíveis para o olhar comum. A dissolução da planaridade de cada parte que compõe os trabalhos de estruturação da construção equivale à dissolução do plano de alumínio para torná-lo coisa. Praticamente inéditos, os amassados, antípodas morfológicos das esculturas geométricas podem ter novos sentidos, se tratados como paisagens diferentes de uma mesma estrada, de um mesmo caminho poético”, destaca Cocchiarale. A exposição inclui, também, os inéditos blocos de alumínio prensados com experiências de introdução da cor.
Completam o conjunto de obras peças que indicam o retorno ao construtivo e a cor, de formas livres, porém, fiéis à geometria, nas cores verde, vermelha, amarela, azul e as ferrugens, que ocupam a área externa da galeria.
A exposição apresenta ainda o curta-metragem: “Franz Weissmann vive e fala sobre Lygia Clark”, de Lucia Novaes, e um catálogo ilustrado bilíngue, com textos de Fernando Cochiaralle, um ensaio inédito sobre os “Amassados” de autoria do arquiteto espanhol e professor da Universidade de Zaragoza Ignacio Moreno Rodríguez e uma entrevista com o artista feita pela critica de arte e jornalista Angélica de Moraes publicada no O Estado de São Paulo em 20 de maio de 1995.
Franz Weissmann nascido na Áustria em 1911 vem com os pais para o Brasil aos 10 anos e aqui se torna brasileiro, carioca, escultor e professor. A partir de 1950 começa a abandonar a execução de estatuas representando figuras humanas e passa a elaborar esculturas abstratas e geométricas. Substitui os materiais que se podem esculpir (mármore, pedra sabão, madeira) ou moldar (gesso, cerâmica, bronze) pelo emprego dos que permitem construir, como os fios, vergalhões, barras, tubos, cantoneiras e chapas de metais como o alumínio, cobre, latão ou aço, de origem e uso industrial. Refletindo a mudança do país de agrícola a industrial o escultor se transformou de artesão em projetista, elaborando maquetes e estudos que eram levados a oficinas e fundições para serem executados ampliados. Nos anos 70 instala seu atelier dentro da gigantesca fábrica de ônibus Ciferal em Ramos, da qual seu irmão era sócio. Quando falece em 2005 havia implantado 30 esculturas públicas.