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setembro 4, 2017
O fazer cinema das artes visuais – performances fílmicas no CCBNB, Fortaleza
Exposição e encontros com pesquisadores sobre a relação cinema-performance. Abertura no dia 5 de setembro, às 18 horas, no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza (CE).
O que há na imagem em movimento que interessa ao artista? A proposta da exposição é tentar compreender o que acontece com as obras fílmicas quando elas são produzidas para o circuito das artes. O intuito é estabelecer relações entre a produção de artistas brasileiros e de outros países, em especial aqueles que trabalham no campo em que se inscreve o cinema instalado no espaço expositivo.
O fazer cinema das artes visuais – performances fílmicas, que tem curadoria de Beatriz Furtado, Janaina de Paula e Caroline Louise, nasce do interesse em pensar as tensões narrativas, estéticas, políticas e na forma fílmica entre o cinema e a performance. Todas as obras trazem para o espaço expositivo um tipo de fazer cinema das artes contemporâneas. Dar a ver esses trabalhos é ainda instaurar um pensamento sobre essas novas formas de artes visuais.
A exposição foi contemplada pelo Edital Ceará de Incentivo às Artes, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.
Obras em suportes fílmicos
Desde o final dos anos 1990, o circuito das artes chamou para si a produção em suporte fílmico, incorporando de fato o que inicialmente se chamou de cinema expandido, o que faz com que esta especificidade (um modelo de cinema) já não tenha força para dizer dessa produção artística. As grandes exposições internacionais selecionam obras em suportes fílmicos sem uma diferença entre as demais categorias. A Documenta de Kassel, 10ª edição, apresentou trabalhos de cineastas (Farocki, Akerman, Godard, Marker, os Straubs, Sokurov). O mesmo ocorreu na 29ª Bienal de São Paulo, com Lígia Pape, Apichatpong Weerasethakul, Chen Chieh-Jen, Gordon, Jonas Mekas, Pedro Costa, Beckett, Yael Bartana, McQueen, Ronald Duarte e outra vez Harun Farocki e Godard).
Essa expressiva quantidade de obras fílmicas se instituem não mais como uma presença do cinema nas artes contemporâneas. São obras com formatos orientados para o espaço expositivo, realizadas com e na experiência com o material fílmico, com as suas questões (planos, movimentos, texturas, formatos de projeções etc.). Percebemos que essa vertente das artes não resulta de uma simples operação de continuidade em relação ao movimento da vídeo-arte, quando nos anos 50/60 a tecnologia abriu essa possibilidade expressiva, cujo fundador é Nam June Paik. Não se trata apenas da apropriação e reconfiguração dos meios eletrônicos, mas de uma derivação do fazer fílmico que saiu da sala escura.
‘O fazer cinema das artes visuais – performances fílmicas’ é uma proposição sobre a relação cinema-performance, estabelecendo alguns diálogos entre trabalhos artísticos de performances que se realizam como obras fílmicas. Elegemos artistas brasileiros e estrangeiros para compor esse diálogo: Milena Travassos (PE), Frederico Benevides (CE), Filipe Acácio (CE), Juliane Peixoto (DF) e Raoni Shaira (CE), do Brasil, e dois artistas estrangeiros, Maya Watanabe (Peru) e Mihai Grecu (Romênia). Todos trabalham com os campos das artes-performance, obras instaladas, em profundo diálogo com o cinema. O interesse é por um desenho expositivo que coloca em questão o fazer cinema das artes visuais.
Obras integrantes:
1. Filipe Acácio – “O farol, a parede, o porto” (https://vimeo.com/191305894);
2. Frederico Benevides – “26 postais para Dica” (https://vimeo.com/107281339) e “Revolvimento I: anastomose”;
3. Milena Travassos – “Presságio”, da série “O animal habita o Quarto” (http://www.milenatravassos.com.br/Coruja);
4. Maya Watanabe – “Escenarios” (https://vimeo.com/128301126);
5. Mihai Grecu – “Exland” (https://vimeo.com/54949824);
6. Juliane Peixoto e Raoni Shaira – “Caulim” (https://vimeo.com/187702630).
Em cada uma dessas obras há um embate que é do cinema e da ação performática, às vezes como um problema da performance com o esforço físico, outras entre a performance e a mise en scène, assim como a performance e as rememorações. São dessas tensões entre o cinema e a performance que esta proposta de exposição se faz. Todas as obras trazem para o espaço expositivo um tipo de fazer cinema das artes contemporâneas. É essa natureza comum, nas tensões narrativas, estéticas, políticas e na forma fílmica que nos interessa pensar.