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setembro 1, 2017
Athena Contemporânea apresenta duas exposições do artista Matheus Rocha Pitta no Rio de Janeiro
Partindo de um arquivo de imagens de protestos, que varreram o mundo todo, as mostras realizadas pela galeria Athena Contemporânea, tanto em seu espaço como em uma casa na Glória, trazem à tona questões atuais e sugerem uma reflexão sobre os novos tempos.
O artista visual Matheus Rocha Pitta coleciona desde a adolescência uma série de recortes de jornais, em um arquivo que hoje tem cerca de 10 mil imagens. Uma seleção desse arquivo, com fotos sobre as manifestações que ocorreram em diversas cidades do Brasil, foi o ponto de partida para as exposições The Fool’s Year, que o artista inaugura no dia 5 de setembro, na galeria Athena Contemporânea, e O Reino do Céu, no dia 9 de setembro, em uma casa no bairro da Glória. “As duas mostras tratam de questões urgentes e trazem uma reflexão sobre os acontecimentos atuais”, diz Matheus Rocha Pitta.
THE FOOL´S YEAR
Na galeria Athena Contemporânea, será apresentada uma única instalação, que dá nome à mostra. A obra é um grande calendário, com 365 dias, onde, no lugar de cada dia, há uma foto de jornal de manifestantes com cartazes ou bandeiras. O artista substituiu as demandas politicas pela data 1o de abril, repetindo esse mesmo dia em todo o calendário. “O 1o de abril não é só o dia da mentira, mas sim o dia em que a verdade e a mentira se confundem. Se vivemos no tempo da pós-verdade então habitamos um eterno primeiro de abril”, afirma o artista. O calendário foi mostrado em Berlin, onde Matheus passou um ano na residência Kunstlerhaus Bethanien. O dia da mentira em inglês se chama “Fool’s Day”, portanto, o calendário, realizado em Berlin, se chama “Fool’s Year”. A mostra será acompanhada de um texto da crítica de arte Luisa Duarte.
O REINO DO CÉU
Num galpão no bairro da Glória, uma igreja é montada: “O Reino do Céu”, ambiente onde imagens de gás lacrimogênio lançados sobre civis são articuladas em torno de um vocabulário cristão, tais como uma cruz e uma pia batismal. “O público é convidado a percorrer a instalação, que tem um caráter imersivo, semelhante a um caminhar nas nuvens”, afirma. Rocha Pitta faz uma comparação entre as nuvens da iconografia cristã com as nuvens de gás das policias de todo o mundo. “Descontextualizadas, a articulação das imagens no ambiente da igreja apontam pra uma leitura perturbadora do nosso cenário politico”, ressalta. A mostra será acompanhada de um texto do crítico de arte Ulisses Carrilho.
Matheus Rocha Pitta nasceu em Tiradentes, Minas Gerais, em 1980. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre suas principais exposições individuais estão: “Aos Vencedores as Batatas”, no Kunstlerhaus Bethaniene, e “The Fool’s Year”, no SOX, ambas em Berlim, Alemanha, este ano; “Golpe de Graça”, na Casa França-Brasil, em 2016; a mostra na Fondazione Morra Greco, em Nápoles, Itália, em 2013; “Dois Reais”, no Paço Imperial, em 2012; “Galeria de Valores”, no CCBB Rio, e “Olho de Peixe”, no Oi Futuro, ambas em 2010, entre outras.
Dentre as exposições coletivas estão “Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos”, no Museu da Cidade | OCA, em São Paulo, este ano; “What Separate Us”, na Sala Brasil, em Londres, “A Queda do Céu”, no Sesc Rio Preto e “Ao Amor do Público”, no Museu de Arte do Rio, ambas em 2016; “Quarta-feira de Cinzas”, na EAV Parque Lage, “A Queda do Céu”, no Paço das Artes, em São Paulo, “Do Valongo à Favela”, no Museu de Arte do Rio e “Alimentário”, no Museu da Cidade | OCA - São Paulo, ambas em 2015; “Bienal de Taipei: The Great Acceleration | Art In The Anthopocene”, no Museu de Belas Artes de Taipei, “Medos Modernos”, no Instituto Tomie Ohtake, “Prêmio Arte e Patrimônio”, no Paço Imperial, “Cães Sem Plumas”, no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, em Recife, e “140 Caracteres”, no MAM São Paulo, ambas em 2014, entre outras.