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agosto 31, 2017
Beto Shwafaty no MAC, Niterói
Esculturas do Projeto Parque funcional transitam entre arquitetura, design e arte, em uma interação com o público
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói traz, pela primeira vez na cidade, a exposição Parque funcional, do artista Beto Shwafaty, que abre no dia 2 de setembro, sábado, às 8h, com curadoria de Pablo León de La Barra e Raphael Fonseca. A mostra – contemplada pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015 – esteve em cartaz, este ano, no Complexo Cultural da Funarte, em Brasília (DF). No MAC Niterói, inicia uma série de ativações artísticas pensadas e executadas para a praça do museu.
“Parque funcional” propõe a exibição de um conjunto de trabalhos escultóricos que caminham entre os campos da escultura, microarquitetura e design, estabelecendo referências a certos tipos de projetos de contracultura e estratégias de auto-produção ligadas a locais e épocas diversas. Essa primeira etapa do projeto transita por certas tipologias de mobiliário e escultura (de caráter público e urbano). No contexto do MAC, essas produções estabelecem uma relação específica com a arquitetura modernista e curvilínea do museu desenhado por Niemeyer, bem como com a bela vista do entorno para a Baía de Guanabara. Nessa série de peças, o público não é somente observador. A proposta é que os visitantes possam se aproximar, usar e experimentar as peças, que se configuram ao final como protótipos híbridos entre escultura e design.
A qualidade produtiva dessas obras – cerca de 9 –, segundo o artista “reside na possibilidade dessas atuarem de modo a emancipar o espectador, transformando a passividade em atividade e construções formais em dispositivos acessíveis que possam cumprir um papel tanto estético quanto funcional nos contextos em que estão inseridos”. É importante salientar, porém, que tal emancipação se dá primeiramente no desafio de pensar tais peças ao mesmo tempo como esculturas e objetos funcionais, alterando certas percepções que há sobre os locais e funções da arte no cotidiano. Além disso, os trabalhos carregam um potencial de multiplicação e de reprodutibilidade – configurando aí uma outra centelha “emancipadora” – pois todos são baseados em propostas do-it-yourself de diversos autores do passado, adaptadas por Shwafaty para os contextos atuais. Cada peça assume, então, o status de protótipos que podem ser encarados como dispositivos híbridos que conjugam referências e reflexões sobre forma, reprodução, função, escultura, design, espaço e produção. Tornam-se, cada uma a seu modo, uma espécie de citação (material, histórica, estética e conceitual). Quando colocados em relação uns aos outros, os objetos criam a noção de um parque funcional, cujo espectro de possibilidades e ações oferecem reflexões tanto sobre nossas relações culturais e estéticas com os espaços e objetos, quanto sobre as possibilidades da arte atuar nas escalas das necessidades mais básicas e diárias – como abrigar-se, sentar, apoiar-se, entre outras coisas.
“Esse projeto tem o objetivo de estimular processos de reflexão e experiência artística por meio de contatos com outras áreas, no tocante a questões relativas ao design, sustentabilidade, moradia, arquitetura e práticas colaborativas que incidem tanto na formação de público quanto na inclusão de participantes no processo produtivo cultural e social. A junção de práticas e proposições ligadas à arte, à arquitetura e ao design visam, ao final, criar explorações sobre as potencialidades construtivas de materiais e ideias que se configuram como dispositivos, artefatos e construções, cuja atuação impacta de modo tanto estético quanto funcional na realidade que nos circunda. Assim, essa primeira manifestação do projeto tem como intenção iniciar um processo que não se limita em apenas um trabalho artístico, mas sim em estabelecer um campo experimental, um canteiro de obras como um espaço de criação, experimentação, formação e produção de proposições diversas que pode ser replicado, expandido, transportado e partilhado... essa é uma primeira iteração do projeto dentre outras que pretendo desenvolver, seguindo e expandindo essa mesma lógica”, explica o artista.
Beto Shwafaty é artista e pesquisador. Nascido em 1977, São Paulo, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo. Ele esteve envolvido com práticas coletivas, curatoriais e espaciais desde o início da década de 2000, e como resultado, ele desenvolve uma prática baseada em pesquisas sobre espaços, histórias e visualidades na qual procura conectar formalmente e conceitualmente questões políticas, sociais e culturais convergentes ao campo da arte. Participa de exposições no Brasil e no exterior. Beto é representado pela Galeria Luisa Strina (São Paulo), e Prometeogallery (Milão). www.shwafaty.art.br