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agosto 21, 2017
André Severo na Bolsa de Arte, São Paulo
O artista, vencedor do Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia de 2015, traz a São Paulo a exposição que evidencia as relações entre a imagem, o tempo e a memória. A mostra segue até 24 de setembro em cartaz
A exposição que abre no dia 22 de agosto, terça-feira, às 19h, na Galeria Bolsa de Arte (Mourato Coelho, 790), Espelho de André Severo, tem a imagem, o tempo e a memória como elementos latentes de sua estruturação. Projeto contemplado com o XV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia 2015, a mostra é composta de cerca de cinco vídeos produzidos a partir de imagens fotográficas, 20 fotografias e textos, todos organizados em uma espécie de instalação no espaço da galeria, em Pinheiros.
Segunda de uma trilogia de exposições que inclui Metáfora, Espelho foi exibida no início desse ano em dois espaços distintos de modo simultâneo: na Galeria Bolsa de Arte de Porto Alegre e na Pinacoteca Ruben Berta, em Porto Alegre. Na galeria de São Paulo, contudo, a proposta é distinta: Severo une os dois espaços e reorganiza as obras de modo a proporcionar ao espectador, dentro de suas diversas possibilidades de caminhar pelo conjunto de imagens densas e evocadoras de lembranças, uma experiência que promova um desdobramento das dimensões locais e específicas da galeria para a dimensão da subjetividade.
Espelho aposta na justaposição entre lembranças e imagens de lembranças, sejam elas próprias ou alheias, num diálogo que desemboca numa noção particular de tempo e espaço, na qual o espectador acaba imergindo. Nesse lugar, o lembrar deixa de ser apenas voltar-se para as experiências passadas, reevocar e reordenar imagens pessoais reminiscentes, mas, também, vergar-se sobre rastros de imagens de outras pessoas para entender algumas circunstâncias inerentes à própria vida.
Imagens densas aparecem em vídeos e fotografias: uma casa sendo engolida pelo mar, uma árvore com raízes à mostra à beira de um precipício, imagens em movimento ou com luzes intermitentes, justaposições imagéticas e sonoras, todas elas frutos das investigações de Severo em arquivos e, depois, de consecutivas reelaborações. Algumas das imagens contam com mais de um século de existência, mas o tempo neste trabalho está além de aspectos cronológicos. O que vale também aqui quanto ao olhar que o artista lança aos seus trabalhos, questionando processos e suportes utilizados ao longo de quinze anos, e realizando aí uma espécie de curadoria de sua própria produção.
Severo traz imagens que dialogam entre si e entre o repertório do espectador, seja de forma associativa, seja de forma dissociativa, e, assim, traz o espectador a um lugar fora dos limites da linguagem imagética e falada tão arraigados. Delineado a partir do desejo de trabalhar com imagens apropriadas de fontes variadas e de diferentes temporalidades, Espelho aposta no espaço concentrado da sala de exposição como lugar singular de projeção para o processo poético.
Nascido em 1974, André Severo vive e trabalha em Porto Alegre. Mestre em poéticas visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, iniciou, em 2000, ao lado de Maria Helena Bernardes, as atividades de AREAL, projeto que se define como uma ação de arte contemporânea deslocada que aposta em situações transitórias capazes de desvincular a ocorrência do pensamento contemporâneo dos grandes centros urbanos e de suas instituições culturais.
Entre suas principais premiações destacam-se o Programa Petrobrás Artes Visuais - ano 2001 -, em 2001; o Prêmio Funarte Conexões Artes Visuais, em 2007; o Projeto Arte e Patrimônio 2007, em 2007; o Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2009, em 2009; o V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, em 2010; o Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça - 6ª Edição, em 2013; o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014, em 2014; e o XV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia 2015, em 2015.