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agosto 10, 2017
Yuri Firmeza no Ateliê 397, São Paulo
A abertura exposição que apresenta três obras do artista, seguida de debate, acontece no dia 12 de agosto, a partir das 15H.
Com o apoio da Secretaria do Estado da Cultura, via ProaC, o Ateliê397 apresenta a exposição Palimpsesto, do artista Yuri Firmeza de 12 de agosto a 17 de setembro. A mostra, tem a curadoria de Thais Rivitti, reúne três trabalhos do artista: os vídeos “Nada é” e “Brô MC’s” (esse último uma parceria com o artista Igor Vidor) e a instalação “Palimpsesto – Arca”.
A instalação, “Palimpsesto – Arca”, realizada quando o artista ministrou um curso na UNAM, no México, tem como fio condutor o grande terremoto que ocorreu na Cidade do México em 1985. Nela são reunidos mapas, fotografias, postais e objetos que remetem ao acontecimento, além de desenhos geológicos e diagramas que explicam tecnicamente o que ocorre com a Terra durante um terremoto. A parte visível do terremoto, o tremor na superfície da Terra (com suas consequências muitas vezes devastadoras) é ocasionado pelo movimento interno de acomodação das placas tectônicas. Nesse movimento, que ocorre abaixo da superfície, as camadas geológicas se misturam, se levantam e afundam criando uma desordem. Se, antes do terremoto, as camadas correspondem, cada uma, a um período específico de sedimentação, depois do terremoto essas diferentes épocas não estão mais organizadas sucessivamente. Nesse sentido, o desmoronamento espacial do terremoto corresponde também a uma desorganização - ou nova organização - temporal.
É também sob o signo dessa confluência de tempos e espaços que os dois vídeos apresentados na exposição "Nada é" e "MC's Brô" se apresentam. "Nada é" mostra a cidade de Alcântara, onde, ao mesmo tempo, há um centro de lançamento espacial - O Centro de Lançamento de Alcântara - e é o local da tradicional festa do Divino Espírito Santo. Em "MC's Brô", assistimos a um clip de RAP composto por Guaranis Kaiowá. Nesses dois vídeos as ideias de tradição e de revolução convivem. A relação entre culturas diferentes, referidas a contextos temporais e espaciais distintos, ganham centralidade.
Debate: no dia da abertura, 12 de agosto, também será realizada a mesa “Pensando a cultura popular hoje”, com o artista Yuri Firmeza e o crítico de arte Rafael Vogt. Tendo como referência as obras de Yuri presentes na exposição, a mesa propõe-se a debater, afinal, o que falamos quando falamos em cultura popular no Brasil. A defesa das expressões ditas “populares” que, durante um longo período, permaneceram apartadas das discussões da arte contemporânea tornou-se lugar comum nos discursos críticos da atualidade. Mas, o lugar que essas manifestações ocupam nos vários discursos em voga na atualidade é bastante diverso: ora elas servem a recomposição de uma noção estanque de identidade nacional, ora elas realmente abrem um diálogo profícuo entre o que se costumava classificar de alta a baixa cultura. Debater esses usos diversos da cultura popular é algo necessário para se mover no debate da arte contemporânea hoje.