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agosto 10, 2017

Bernardo Ortiz na Luisa Strina, São Paulo

“Em algum lugar entre a lama e a escória.”
Samuel Beckett, Molloy
­
Luisa Strina apresenta Fricção, a segunda exposição individual de Bernardo Ortiz na galeria.

[scroll down for English version]

Às vezes, por puro capricho, gosto de pensar no desenho como tecnologia de projeção. Esse (re)produtivo jogo de projetar o que ainda não existe depende da capacidade de induzir uma visualização. E o sucesso desta visualização depende, por sua vez, de certas convenções generalizadas sobre como vemos o que ainda não existe. Estas convenções são condicionadas em grande parte pelas ferramentas utilizadas para projetar (lápis, carvão, papel, réguas, esquadros, pincéis, programas de computador, por exemplo). No entanto, é paradoxal que mesmo que uma projeção seja determinada por uma ferramenta, para que seja uma projeção, não podemos ver qualquer traço desta ferramenta. Não podemos ver as linhas da gravação, apenas a imagem, não podemos ver os pixels, apenas a simulação.

Concebido como tecnologia de projeção, um desenho feito a mão é um método ultrapassado. Lápis, carvão, tinta, deixam um rastro trêmulo sob um suporte opaco – qualquer tecnologia, ao contrário, aspira a eficácia, e a eficácia demanda transparência e precisão. Um artista – eu, por exemplo – insiste, num tempo diferente, na lentidão, na opacidade e na fricção. Até insiste em usar tais mecanismos como mecanismos poéticos. Mas eles não o são por suas possibilidades “produtivas”, muito pelo contrário. Eles são poéticos porque entram na disputa com o tempo. A fricção é uma disputa com o tempo. Nesta disputa, apesar das intenções e da disciplina, imprecisões e acidentes se inserem e apontam para o que não está aí. Esta é a premissa da exposição.

A prática de Bernardo Ortiz é definida pelo cuidadoso entrelaçamento de desenho, filosofia, design e escrita em obras cujo suporte – embora decisivo – atua como um espaço tanto de convergência como de tensão. Camadas infinitas de óleo ou tinta, palavras descontextualizadas repetidas e cuidadosamente posicionadas em papel que lembra uma constelação de estrelas, centenas de linhas sutis feitas em grafite, marcas diminutas em tinta chinesa ou guache, ou uma sucessão de dobras metódicas e aleatórias, são apenas algumas das estratégias formais empregadas pelo artista; além de enfatizar a bidimensionalidade do suporte, essas estratégias enfatizam a significância do ato de fazer. Completos por meio de processos de longa acumulação que sugerem a passagem do tempo, as obras buscam destacar a noção de superfície como um território catalisador onde o pictórico, o literário e o impresso se juntam em um jogo visual e conceitual baseado no vocabulário da pintura moderna. Livre de molduras e sempre “expostos” para manifestar sua natureza vulnerável e apreender sua materialidade, os desenhos de Ortiz são não apenas sutis comentários sobre pintura, mas também reproduções sobre um suporte que articula a complexa relação entre imagem e texto.

Exposições recentes incluem: “Universo Holograma”, Museo La Tertulia, Cali, Colômbia (2017); “Borrar”, MAMBA Museo de Arte Moderno, Buenos Aires, Argentina (individual, 2016); “Agora somos mais de mil”, Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil (2016); “Dibujar y Robar”, Alarcon Criado, Sevilha, Espanha (individual, 2015); “Hotel Theory”, REDCAT, Los Angeles, EUA (2015); “Biennial of the Americas”, MCA Museum of Contemporary Art, Denver, EUA (2015); Drawing Biennial, Drawing Room, Londres, Inglaterra (2015); “Essay, Casas Riegner”, Bogotá, Colômbia (individual, 2013); “Ephemeropterae”, TBA 21, Viena, Áustria (2013); 30a Bienal de São Paulo, Brasil (2012); 11a Bienal de Lyon, França (2011).

Seu trabalho é parte das seguintes coleções: CNAP Centre National de Artes Plastiques, França; Deustsche Bank, Alemanha; CPPC Colección Patricia Phelps de Cisneros, EUA; MoMA Museum of Modern Art, Nova York; Coleção Tate, Inglaterra; Kadist Collection, São Francisco / Paris; Colección Maraloto, Bogotá, Colômbia; Museo de Arte Moderno La Tertulia, Cali, Colômbia.

Ortiz foi co-curador da 7a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, Brasil) e do 41 Salón Nacional de Artistas (Cali, Colômbia). Trabalhou como professor na Universidad de Los Andes em Bogotá, Universidad del Valle e Instituto Departamental de Bellas Artes ambas em Cali.


“Somewhere between the mud and the scum.”
Samuel Beckett, Molloy
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Luisa Strina is pleased to present Friction, the second solo show of Bernardo Ortiz at the gallery.
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Sometimes, for pure fancy, I like to think of drawing as a projection technology. The (re)productive game of projecting that which does not yet exist depends on the ability to induce a visualization. And the success of that visualization depends, in turn, on certain generalized conventions about how we see what is yet to exist. These conventions are largely conditioned by the tools used to project (pencil, charcoal, paper, rulers, setsquares, paintbrushes, computer programs, for example). However, it is paradoxical that even if a projection is determined by a tool, in order for it to be a projection we can’t see any trace of that tool. We can’t see the etching lines, only the image, we can’t see the pixels, only the simulation.

Conceived as a projection technology, drawing by hand is an outdated method. Pencil, charcoal, paint all leave behind a quivering track behind on an opaque support – any technology, however, aspires to efficacy, and efficacy demands transparency and precision. An artist – myself, for example – insists, on a different time, on slowness, on opacity and on friction. They even insist on using such mechanisms as artistic mechanisms. But these mechanisms are not such because of what they offer “productively”, quite the contrary. They are artistic because they enter into dispute with time. Friction is a dispute with time. In this dispute, despite the intentions of the discipline, inaccuracies and accidents are introduced point to what isn’t there. This is the premise of the exhibition.

Bernardo Ortiz’s practice is defined by the careful interweaving of drawing, philosophy, design and writing in works whose support — albeit decisive — acts as a space of both convergence and tension. Infinite layers of oil or enamel, repeated decontextualized words carefully placed on a paper recalling a constellation of stars, hundreds of subtle lines made in graphite, diminutive marks in Chinese ink or gouache, or a succession of methodical and random folds, are just but a few of the formal strategies employed by the artist; besides emphasizing the two-dimensionality of the support, these strategies lay stress on the significance of the act of doing. Completed by way of long accumulation processes that suggest the passing of time, the works on view seek to highlight the notion of surface as a catalyst territory where the pictorial, the literary and the printed come together in a visual and conceptual game based on the vocabulary of modern painting. Free of frames and always ‘exposed’ so as to manifest their vulnerable nature and apprehend their materiality, Ortiz’s drawings are not only subtle commentaries about painting, but also reproductions on a support that articulate the complex relation between image and text.

Recent shows include: “Universo Holograma”, Museo La Tertulia, Cali, Colombia (2017); “Borrar”, MAMBA Museo de Arte Moderno, Buenos Aires, Argentina (solo, 2016); “Agora somos mais de mil”, Parque Lage, Rio de Janeiro, Brazil (2016); “Dibujar y Robar”, Alarcon Criado, Sevilla, Spain (solo, 2015); “Hotel Theory”, REDCAT, Los Angeles, USA (2015); Biennial of the Americas, MCA Museum of Contemporary Art, Denver, USA (2015); Drawing Biennial, Drawing Room, London, England (2015); “Essay”, Casas Riegner, Bogota (solo, 2013); “Ephemeropterae”, TBA 21, Vienna, Austria (2013); 30th São Paulo Biennial (2012); 11th Lyon Biennial (2011).

His work is part of the following collections: CNAP Centre National de Artes Plastiques, France; Deustsche Bank, Germany; CPPC Colección Patricia Phelps de Cisneros, USA; MoMA Museum of Modern Art, New York; Tate Collection, England; Kadist Collection, San Francisco / Paris; Colección Maraloto, Bogota, Colombia; Museo de Arte Moderno La Tertulia, Cali, Colombia.

Ortiz was co-curator of the 7th Mercosur Biennial (Porto Alegre, Brazil) and the 41 Salón Nacional de Artistas (Cali, Colombia). He worked as a professor at Universidad de Los Andes in Bogotá, Universidad del Valle and at Instituto Departamental de Bellas Artes in Cali.

Posted by Patricia Canetti at 12:37 PM