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agosto 8, 2017
Marcia Xavier na Triângulo, São Paulo
A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Geologia Doméstica, sexta exposição individual da artista Marcia Xavier na Galeria. Tendo como ponto central o álbum do casamento de seus pais, Marcia exibe investigações sobre a origem, o tempo, as transformações e a evolução da vida. Com texto de apresentação assinado pelo escritor e artista Nuno Ramos, a mostra se divide em três séries fotográficas, sendo uma delas a grande instalação “Santa”.
Um acidente causado pela água nas fotografias em preto e branco que registram a origem e a memória de sua família as fez apodrecer. Os grãos fotográficos deram vida a fungos e bactérias, tranformando a cerimônia e a memória do casamento de seus pais em uma imagem de caos e destruição.
Na série “Geologia Doméstica”, que dá nome à exposição, sete imagens foram refotografadas com pedras: Ágata, Pirita, Magnesita, Mármore, Cristal, Pedra do Ganges e Sem Pedra. A foto em perspectiva da cerimônia é tomada por uma mancha de mofo, uma invasão fúngica, involuntária, que a umidade criou. Sobre uma segunda imagem a artista sobrepõe uma pedra e a refotografa do alto, como uma vista aérea. A umidade fúngica, a solidez geológia e a cena ideal do casamento tecem uma espécie de “geologia da moral”, onde o fungo, a pedra e o álbum tratam das força naturais e dos efeitos da evolução ao longo do tempo.
Essas imagens exibidas nas paredes da galeria fazem contraste com três fotogramas (fotografias feitas com luz, diretamente no papel, sem uso da câmera fotográfica), criados com a sombra da artista interagindo com véus e garrafas. Dispostos horizontalmente no chão da galeria, os fotogramas são apresentados em mesas baixas, na altura dos joelhos e cobertos por vidro.
A instalação “Santa”, criada com dois retroprojetores completa essa pesquisa sobre sua própria origem e traça parelelos com a origem cultural do mundo, numa alusão ao famoso quadro “A Origem do Mundo”, de Gustave Courbet. A instalação começa com a imagem de uma caverna, reproduzida em escala com o espaço da galeria, convidando o espectador a adentrar um corredor. No final do corredor, uma fotografia sobreposta e espelhada de Santa Agnese, capturada na igreja da Piazza Navona, em Roma, inverte detalhes das mãos e das vestes da santa, formando uma imagem abstrata, que nos faz lembrar o “Origem do Mundo”. E acaba onde tudo começa.