|
julho 12, 2017
Luis Arnaldo e Marcelino Peixoto na Funarte, Belo Horizonte
O trabalho dos artistas Luis Arnaldo e Marcelino Peixoto traz para dentro do espaço de exposição algumas ações cotidianas do ambiente da construção civil
O projeto Ação para erguer colinas, proposta dos artistas plásticos Luis Arnaldo e Marcelino Peixoto (Coletivo Xepa), é um dos vencedores do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea de 2015 e ocupa o Galpão 5 da sede da instituição em Belo Horizonte no período de 15 de julho à 31 de agosto. O projeto é composto por duas ações de desenho, Erguer Colinas e Exílio, que serão realizadas a partir da inserção de 80 m³ de areia no espaço e a distribuição em 8 colinas. “Queremos fazer da galeria e seu entorno um canteiro para construção, tornando possível ao espectador perceber o trabalho e o acontecimento como fatos sensíveis, palpáveis e intelectivos”, afirmam.
De acordo com Luis Arnaldo, a ação “Erguer Colinas” é a primeira e terá duração determinada pelo esforço dos próprios artistas no transporte da areia do pátio central para o interior do Galpão 5. “A partir da entrada no espaço, iremos desenhar de forma silenciosa, em um trabalho contínuo”, explica Luis. A ação inclui, no dia de abertura da exposição, programada para as 06 horas da manhã do dia 15 de julho, o próprio transporte da jazida até a sede da Funarte MG.
Após o início do deslocamento das colinas de areia, os artistas começam a segunda ação de desenho, Exílio. Com lápis grafite, Marcelino e Luis irão desenhar sobre as paredes da galeria, usando como referência projeções fotográficas dos montes que restaram do lado de fora, e que ainda serão erguidos no interior do galpão. “Iremos projetar colinas que ainda serão formadas”, explica Marcelino. Para realizar todo este trabalho, do segundo até o último dia de exposição, os artistas trabalharão cinco horas diárias, entre erguer colinas de areia e desenhá-las nas paredes.
As ações de desenhar, encher, carregar, erguer e derramar areia têm como meta produzir uma paisagem desértica, uma oposição ao ruidoso contexto urbano onde localiza-se a Funarte MG. “Oferecendo assim uma instância de desaceleração que se assemelha muito a prática de ateliê. Estamos também propondo uma aproximação dos fazeres cotidianos, no caso, o trabalho em um canteiro de obra, como sinônimo do trabalho do artista”, ressalta Marcelino.
A programação do projeto também inclui a doação da areia a partir do dia 12 de agosto. O material poderá ser retirado, por qualquer pessoa interessada, no próprio pátio da Funarte MG mediante agendamento prévio pelo telefone (31) 99221-7316. Com isso os artistas procuram convocar o público e incluí-lo na condição de atores do trabalho, principalmente os profissionais da construção civil, agentes fundamentais na formação de nossas cidades. Mais informações sobre o projeto.
Luis Arnaldo, Campinas (SP), 1985. Vive em Belo Horizonte (MG). É bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG (2010) e em Artes Plásticas pela UEMG (2016). Tem como principal objeto de interesse o Espaço e seus agentes formadores. São exposições individuais recentes: Ação de Desenhar o que Resta, SESC Palladium, Belo Horizonte/MG, 2015; Partituras, Fundação Cultural Badesc, Florianópolis/SC, 2016; e Acidente geográfico, Museu de Arte Contemporânea (MARCO-MS), Campo Grande/MS, 2016. Dentre as premiações destaca-se o Prêmio Arte e Patrimônio 2013, do MinC/IPHAN/Paço Imperial, RJ. São programas de residência artística nos quais participou recentemente: Seoul Art Space Geumcheon, Seul/Coreia do Sul (2017); e Embassy of Foreign Artists, Genebra/Suíça (2016).
Marcelino Peixoto, Alvarenga (MG), 1971. Vive em Belo Horizonte (MG). É mestre em Artes Visuais e Bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFMG. Professor de Desenho do curso de Artes Plásticas e professor da disciplina Arte, Ação e Acontecimento na Pós-graduação em Arte e Contemporaneidade, ambos na Escola Guignard da UEMG. Desde 2005 integra o Xepa* . Entre as participações em mostras, destacam-se: Daqui a um Século, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte/MG, 1997; Visitantes, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte/MG, 2002; Prato Feito, FAOP, Ouro Preto/MG, 2006; X, Centro Cultural da UFMG, Belo Horizonte/MG, 2007; Parabrisas, Espaciocentro, Córdoba/Argentina, 2007; e O que temos para o almoço, Funarte MG, Belo Horizonte/MG, 2014. São exposições individuais importantes: Riscos Contínuos, BDMG Cultural, Belo Horizonte/MG, 2007; Arqueologia, Galeria da Copasa, Belo Horizonte/MG, 2007; : aquarela : entre : aquarela :, Palácio das Artes, Belo Horizonte/MG, 2008; Transferência, Galeria de Arte da CEMIG, Belo Horizonte/MG, 2009; Ação de Desenhar o que Resta, SESC Palladium, Belo Horizonte/MG, 2015; e Partituras, Fundação Cultural Badesc, Florianópolis/SC, 2016.