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julho 10, 2017
13a edição da Verbo na Vermelho e Galpão VB, São Paulo
Mostra anual criada pela Vermelho em 2005, a Verbo chega à sua 13ª edição com a apresentação de ações de artistas brasileiros e estrangeiros selecionados a partir de 220 projetos recebidos entre os meses de dezembro de 2016 e março de 2017. A seleção dos projetos ficou a cargo de Thereza Farkas, diretora de programação da Associação Cultural Videobrasil, de Carolina Mendonça, diretora de teatro e coreógrafa, e do diretor artístico da Verbo, Marcos Gallon. Mendonça e Gallon foram responsáveis também pela escolha da coreógrafa e dançarina Clarissa Sacchelli para a 1ª edição do projeto “Temporada de Dança Videobrasil”.
Com formato interdisciplinar, o projeto busca fomentar aproximações entre dança, performance e artes visuais a partir de um período de imersão e pesquisa no acervo de obras do Videobrasil. O resultado da pesquisa realizada por Sacchelli nos últimos quatro meses será apresentado no Galpão VB, sede do Videobrasil, nos dias 6 e 8 de julho, às 20h, e no dia 15 de julho às 18h30 como parte do programa da Verbo 2017.
A programação da Verbo 2017 conta ainda com uma mostra de vídeos, organizada por Thereza Farkas, a partir de obras do Acervo Videobrasil. Farkas selecionou 5 trabalhos que dialogam diretamente com o conteúdo dos projetos enviados para a seleção da VERBO 2017, da qual a curadora fez parte. O programa Acervo Videobrasil para VERBO 2017 será apresentado na Sala Antonio da Vermelho.
11 a 15 de julho de 2017
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais 350, São Paulo, SP
11-3138-1520
Galpão VB
Av. Imperatriz Leopoldina 1150, São Paulo, SP
11-3645-0516
PROGRAMAÇÃO VERMELHO
11 de julho, terça-feira
VÍDEOS
20 às 23h
Sala Antonio: Acervo Videobrasil para VERBO 2017: O Corpo Erótico
Alice Miceli (Brasil): Jerk Off 02 – Projeto dízima periódica (2007) 1’47’’
AÇÕES
20 às 23h
Carlos Monroy (Colombia): Re-Formando a Fé: 33 Reformances invisíveis (2015).
Mauro Giaconi (Argentina): Línea Necia (2016).
Victor del Moral (México): Puro rollo, bla, bla, bla ... (to be titled) (2012-2016)
Guilherme Peters: Escola sem partido (2017).
Bruno Moreno, Isabella Gonçalves e Renato Sircilli (Brasil): ninguém (2017)
Grupo EmpreZa (Brasil): Defumação (2014).
Grupo EmpreZa (Brasil): Vila Rica (2009-2017).
12 de julho, quarta-feira
VÍDEOS
13 às 23h
Sala Antonio: Acervo Videobrasil para VERBO 2017: Auto-imagem
Rodrigo Cass (Brasil): Narciso no Mijo (2006). 6’
AÇÕES
13 às 23h
Carlos Monroy (Colombia): Re-Formando a Fé: 33 Reformances invisíveis (2015)
20 às 23h
Dora Smék (Brasil): Transbordação (2015)
Jorge Lopes (Brasil): O Falecimento da Escuta (2017)
Julha Franz (Brasil): Mulher-espinho (2017)
Victor del Moral (México): Livro-máscara (2017)
Flavia Pinheiro (Brasil): Diafragma: dispositivo versão Beta (2014)
13 de julho, quinta-feira
13 às 23h
Sala Antonio: Acervo Videobrasil para VERBO 2017: Trans
Luiz Roque (Brasil): Ano Branco (2013). 6’49’’
AÇÕES
13 às 23h
Carlos Monroy (Colombia): Re-Formando a Fé: 33 Reformances invisíveis (2015)
17 às 23h
Alexandre D’Angeli (Brasil): Vestindo Hiatos (2017)
20 às 23h
Célia Gondol (França): Slow (2014)
Aurore Zachayus (França/ Brasil), Janaina Wagner, Pontogor (Brasil): Mágica (2017)
Arnold Pasquier (França): O amor moderno [Minhocão], (2017).
Anthony Nestel (Bélgica/ Holanda): The Seafroth Knows Neither Pain nor Time (2017)
14 de julho, sexta-feira
15 às 23h
Sala Antonio: Acervo Videobrasil para VERBO 2017: Gesto em Relação
Akram Zaatari (Líbano): The End of Time (2013). Video 14’14’’
AÇÕES
13 às 23h
Carlos Monroy (Colombia): Re-Formando a Fé: 33 Reformances invisíveis (2015)
20 às 23h
Rose Akras: Blank (2017).
Rodrigo Andreolli (Brasil): Remote Dance (2017).
Cristian Duarte em Companhia (Brasil): O que realmente está acontecendo quando algo acontece? (2017)
Old Masters (Suiça): Constructionisme (2015)
Luanda Casella (Brasil/ Bélgica): Short of Lying (2017)
Grupo EmpreZa (Brasil): Contrato (2017)
Maurício Ianês (Brasil): Velar (2017)
15 de julho, sábado
11 às 17h
Sala Antonio: Acervo Videobrasil para VERBO 2017: O corpo ritualístico
Tiécoura N’Daou Mopti (Mali): Danse des Masques en Pays Dogon (2014). 9’40’’
PROGRAMAÇÃO GALPÃO VB
Temporada de Dança Videobrasil
15 de julho, sábado
17h
Julia Viana e Luciano Favaro (Brasil): Exposição rodante solo sul (2017).
Clarice Lima (Brasil): Coreografia (2016).
Jorge Lopes (Brasil): O Falecimento da Escuta (2017).
Clarissa Sacchelli (Brasil): Boas Garotas (2017).
Conversa aberta ao público com Clarissa Sacchelli e Isabelle Danto, curadora do Centro Georges Pompidou, mediada por Carolina Mendonça.
AÇÕES (em ordem alfabética por artista)
Alexandre D’Angeli: Vestindo Hiatos (2017)
Performance com duração de 8 horas consecutivas, Vestindo Hiatos estabelece uma reflexão acerca dos fenômenos de vacância e especulação imobiliária, e sua relação com os processos de ocupação organizada e de gentrificação. Com base nessas ideias, o artista propõe uma ação em que doze camisas brancas previamente bordadas com pontos soltos podem ter suas tramas desfeitas pelo observador ao longo da ação. Vestidas uma a uma ao longo de cada hora, as peças bordadas apresentam plantas arquitetônicas de edificações ocupadas ou que estão no perímetro da especulação imobiliária.
Anthony Nestel: The Seafroth Knows Neither Pain nor Time, (2017)
Coreografia: Esther Arribas
Na ação, o artista convida o público a refletir acerca de questões contemporâneas relacionadas com o atual deslocamento de refugiados e sobre o racismo que constitue a pauta da extrema direita em acensão nos dias de hoje.
Arnold Pasquier: O amor moderno [Minhocão], (2017).
A ação, que mistura cinema e performance, integra a série intitulada pelo artista Modern Love. A série propõe a invenção de um caso de amor relacionado a paisagem e a arquitetura específica de determinadas cidades. Nesse caso, a cidade é São Paulo e o local, o polêmico Minhocão (Elevado Presidente João Goulart), onde o artista captará todo o conteúdo filmografico num único plano sequência.
Aurore Zachayus, Janaina Wagner, Pontogor: Mágica (2017).
Tendo como gatilho os acordos e inversões conceituais e visuais inerentes ao ato de executar uma mágica – no universo da mágica o espectador do truque sabe que será enganado, aceita ser enganado, entrega-se ao engano, abisma-se com o engano e diverte-se com o engano. Para a ação foram elaborados cinco truques de mágica. Ursula Southeil, a mágica, jogará um jogo do além, trucado, em que cada previsão narrativa levará a uma mistura espectral onde passado, presente e porvir estarão mesclados num emaranhado de histórias, verdades, mentiras e fatos.
Bruno Moreno, Isabella Gonçalves e Renato Sircilli: ninguém (2017).
“Duas pessoas entram em um acordo de não proteção pelo desejo de alcançarem um corpo que se permita agir para nada. Uma tentativa de abandonar o que se é, em busca do milagre de se tornar ninguém.”
Carlos Monroy: Re-Formando a Fé: 33 Reformances invisíveis (2015).
Série de 33 Reformances idealizadas uma para cada ano de vida do artista. Todas elas têm como característica principal a invisibilidade e o passar do tempo. Durante a ação, Monroy disponibilizará fichas com informações sobre cada um das 33 Reformances para que o observador faça sua escolha. Depois disso, ele deverá fotografar Monroy com uma câmera Polaroid. A imagem produzida será imediatamente exposta no hall de entrada da galeria, onde ocorrerá a ação. Além disso, o observador poderá também ligar para um número de telefone e ouvir de uma assistente de Monroy textos escritos por diferentes pessoas sobre o conteúdo de cada ação.
Célia Gondol: Slow (2014)
Slow é uma peça de dança que qualquer pessoa pode facilmente experimentar por não estar relacionada com um contexto específico de coreografia. A ação propõe de maneira simples uma relação de afeto, sedução e de ternura: duas pessoas se movendo simultaneamente durante uma canção.
Assistant for Verbo: Lynda Rahal
Clarice Lima: Coreografia (2016).
Coreografia é um dispositivo criado para tencionar as coreografias involuntárias que usamos para nos deslocar em espaços de convivências de galerias, museus, teatros, centros culturais e demais áreas de grande afluxo de pessoas.
Clarissa Sacchelli: Boas Garotas (2017).
Boas garotas investiga relações entre vídeo e performance, entre público e trabalho artístico, explorando o erotismo como modo de questionar e excitar as ligações entre ver e ser visto.
De Clarissa Sacchelli em colaboração com Carolina Callegaro, Luisa Puterman e Renan Marcondes.
Cristian Duarte em companhia: O que realmente está acontecendo quando algo acontece? (2017).
A combustão inicial provoca uma rápida ascensão, que a certa altura explode violentamente.
Dora Smék: Transbordação (2015).
Um paredão de mulheres lado a lado, em pé, vestindo calças e roupas sóbrias inspiram e expiram em uníssono.
Transbordação pretende trazer para o campo expositivo a efemeridade da performance e dos tempos fisiológicos do corpo; traduzir em experiência estética coletiva a multiplicidade, com o objetivo de problematizar a posição da mulher no contexto atual.
Flavia Pinheiro: Diafragma: dispositivo versão Beta (2014).
Diafragma dispositivo versão beta é uma performance manifesto construída a partir de dispositivos low tech e de tecnologias obsoletas. A ação exacerba a obsolescência desses dispositivos ao trabalhar com a impossibilidade. O movimento quando funciona já não serve mais. Um elogio à gambiarra e a precariedade.
Grupo EmpreZa: Defumação (2014).
Oito performers trajando vestimentas empresariais, roupas e máscaras de couro rústico fazem uma “procissão” percorrendo os espaços internos e externos da galeria. A procissão é guiada pelos defumadores, que carregam no turíbulo incenso e esterco seco de vaca.
Grupo EmpreZa: Vila Rica (2009-2017).
Dualidade, polos, extremos, fronteiras, margens...
Carne, sangue, vísceras, fluidos, vontades...
Oito corpos formalmente trajados. Duração, evento, público, horário, eixo.
Ouro em folhas, pedras brancas, rio vermelho, vila rica.
Maleta em mãos, nos permite?
Gotas marcam o caminho ou secam em pedra quente.
A carne, os corpos, as normas o VERBO que se faz vermelho.
Grupo EmpreZa: Contrato (2017).
Sobre uma pedra aquecida durante horas em uma fogueira, performers vestidos com trajes formais se unirão por meio de sangue e fogo.
Guilherme Peters: Escola sem partido (2017).
Na madrugada do dia 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado contra o governo legalmente constituído de João Goulart. Escola sem Partido retoma esse fato histórico para abordar o golpe de Estado perpetrado por parlamentares – deputados e senadores – envolvidos em casos de corrupção, em 2016.
Jorge Lopes: O Falecimento da Escuta (2017).
O falecimento da escuta é uma ação criada a partir de movimentos que aparecem com frequência em autorretratos. O artista interage com terra fazendo alusão à sua descendência. Segundo ele, o ato de expandir e contrair o próprio corpo sugere uma crítica à quase ausência de artistas negros no campo da arte atual.
Julha Franz: Mulher-espinho (2017).
Com mil e cem percevejos, a artista se transforma em Mulher-espinho. O corpo nu gera defesas, uma armadura como resposta a ataques de gênero e a violência cometida contra a mulher.
Julia Viana e Luciano Favaro: Exposição rodante solo sul (2017).
Exposição rodante solo sul é uma exposição móvel e temporária que consiste em abordar os conceitos de território e fronteira a partir da experiência de atravessamento, tendo como dispositivo a presença dos artistas e do próprio automóvel, que percorreu o continente sul-americano, onde são expostos vídeos, fotografias, uma horta e uma biblioteca.
Luanda Casella: Short of Lying (2017).
Short of Lying é uma performance sobre bullshit (enganação, trapaça, impostura, deturpação, falcatrua, distração, blefe). São diversas as estratégias retóricas aplicadas ao discurso do bullshitter — o manipulador da mídia, o político corrupto, o impostor profissional, o neurocientista marketeiro, o empresário da indústria farmacêutica, o líder religioso, o vidente. Neste trabalho, essa forma de discurso é abordada por uma perspectiva literária e comparada ao discurso de diversos narradores ficcionais não confiáveis: aqueles que fornecem informação imprecisa, contraditória ou questionável ao leitor para evocar sua simpatia, muitas vezes obscurecendo as esferas da ética, do conhecimento e da percepção de maneira altamente criativa.
Maurício Ianês: Velar (2017).
Velar é uma ação concebida para ser executada por um grupo de participantes que irão, aos poucos, lotar o espaço expositivo, de modo que nele não sobre nenhum espaço vazio. Os visitantes da exposição que estiverem no espaço serão capturados em meio aos participantes. Uma vez que a sala estiver lotada, os participantes começarão um movimento de respiração intenso e contínuo. A ação instaura um jogo de poder entre indivíduos e coletivo, revelando as relações entre obra, espectador, corpo e espaço institucional.
Mauro Giaconi: Línea Necia (2016).
As intervenções de Mauro Giaconi invadem o espaço expositivo criando um conflito na estrutura arquitetônica do local. Misturando-se com os elementos funcionais da edificação, as ações de Giaconi apontam para um dilema entre realidade e representação.
Old Masters: Constructionisme (2015).
Com a ação Constructionisme, Marius Schaffter e Jérôme Stünzi propõem assumir o poder sobre a construção da realidade. Antes da apresentação pública da ação, os artistas criam objetos de estudo a partir do zero, dando-lhes forma numa perspectiva radical de artesania. Quando chega o momento, Marius Schaffter apresenta, analisa e disseca as esculturas produzidas. Meticuloso, erudito e apaixonado, ele reconstrói o significado que está no fundo - ou na superfície - desses objetos.
Rodrigo Andreolli: Remote Dance (2017).
Uma dança-ritual realizada à distância, de forma remota, na qual duas ou mais pessoas, em localidades diferentes, movem-se simultaneamente numa tentativa de comunicação sutil no invisível. Os corpos são ativados como instrumentos em uma composição de autoria indeterminada, compartilhada por aqueles que dançam e também por aqueles que observam. A partir do exercício da escuta profunda (deep listening), esta prática busca uma improvisação emergente do continuum espaço-tempo e apoia-se nos efeitos da teoria sobre o emaranhamento quântico dos corpos. Neste plano de existência, somos todos afetados pelas ações uns dos outros, a informação circula e está acessível em diferentes graus de sensibilidade. Como treinar nossos corpos para podermos ampliar a superfície de contato? Como mover-se dentro deste plano pode alterar o nosso movimento?
Rose Akras: Blank (2017).
Sem pintura, sem escrita, sem cor, sem formatação.
Victor del Moral: Puro rollo, bla, bla, bla ... (to be titled) (2012-2016)
O artista lê do topo do prédio da Vermelho um poema de uma única linha escrito em um rolo de papel de 100 metros de comprimento. O papel se acumula sobre a caixa de som que propaga a voz do artista. A linearidade do texto é quebrada. Não há outro acesso a ele além da sua própria fragmentação. O texto torna-se escultura.
Victor del Moral: Livro-máscara (2017).
A ação consiste na leitura coreografada de textos que abordam o ato de ler e escrever. “Quero enfatizar a casa como livro, o livro como casa, e o livro como máscara para encarar a realidade”.
PROGRAMA ACERVO VIDEOBRASIL PARA VERBO 2017 - Sala Antonio Galeria Vermelho
A programação da VERBO 2017 conta ainda com uma mostra de vídeos, organizada por Thereza Farkas, a partir de obras do Acervo Videobrasil. Farkas selecionou 5 trabalhos que dialogam diretamente com o conteúdo dos projetos enviados para a seleção da VERBO 2017, da qual a curadora fez parte. O programa Acervo Vidoebrasil para VERBO 2017 será apresentado na Sala Antonio da Vermelho e contará com obras de Alice Miceli, Rodrigo Cass, Luiz Roque, Akram Zaatari e Tiécoura N’Daou Mopti.
11 de julho, terça-feira, 20 às 23h
O Corpo Erótico
Alice Miceli: Jerk Off 02 – Projeto dízima periódica (2007) 1’47’’
Como figurar o espaço infinito entre dois pontos? Fazendo referência ao clássico filme De Andy Warhol Blow Job (1964), a obra, integrante da série Dízima Periódica, parte deste princípio matemático para criar uma imagem do gozo sexual, situação ligada aos limites da experiência e da imaginação. Recusando a lógica do instantâneo, investe na imagem do que não é retratável. Afastando compreensões ingênuas do tempo presente, nos apresenta uma medida estilhaçada por uma das mais universais e cotidianas atividades humanas.
12 de julho, quarta-feira, 13 às 23h
Auto-imagem
Rodrigo Cass: Narciso no Mijo (2006). 6’
O artista urina no chão e com o reflexo cria um autorretrato. Fugindo do trágico fim do mitológico Narciso, o autor seca a urina com um ferro de passar, e sua imagem desaparece com o vapor.
13 de julho, quinta-feira, 13 às 23h
Trans
Luiz Roque: Ano Branco (2013). Vídeo 6’49’’
Ao ampliar sua pesquisa artística, pontuada pela obra O Novo Monumento, o artista põe em evidência a interdependência entre corpo e espaço e, por conseguinte, entre sexualidade e espaço — este entendido sob todas as suas dimensões. De uma suposta palestra de Paul B. Preciado, em que sexo, gênero e sexualidade são reconhecidos pelos seus usos políticos, ao enredo em que uma transexual vivencia o ano de 2031, o filme coloca a liberdade do corpo como elemento-chave na definição das próprias liberdades individuais. Em um momento de conturbação sociopolítica, ilustra-se o ambiente das clínicas públicas para o tratamento de transexuais, lugar que brevemente será extinto e no qual a personagem é examinada. Simbolicamente, a desativação desses ambientes oficiais e a absorção das clínicas estéticas dos tratamentos de mudança de gênero e sexo passam a ser registradas na história como o Ano Branco, momento de radicalização política e autonomia do corpo.
14 de julho, sexta-feira, 15 às 23h
Gesto em Relação
Akram Zaatari: The End of Time (2013). 14’14’’
Nesta coreografia para dois amantes, encenada por três figuras, o artista cria um retrato silenciosamente poético de romances abortados entre homens que tentam se amar e dividir seus pertences. O trabalho aborda as dinâmicas do desejo masculino como uma cadeia infinita de começos e fins, que tristemente aponta para a impossibilidade de manter viva a paixão diante do tempo e da realidade. Os encontros entre os amantes se desenrolam sempre em um espaço branco, abstrato, enquanto o som indica que outro mundo existe para além desse não-lugar, infinito como um cenário de sonho. A doação dos pertences que encerra os diálogos, no entanto, guarda uma esperança e um aceno ao futuro, representado pelo conjunto de fotografias que – heranças do desejo –, um amante invariavelmente dá para o outro.
15 de julho, sábado, 11 às 17h
O corpo ritualístico
Tiécoura N’Daou Mopti: Danse des Masques en Pays Dogon (2014). 9’40’’
A obra mostra uma das mais importantes cerimônias da região do Dogon, no Mali: a procissão de mascarados que acontece durante o funeral de um patriarca. Os mascarados simbolizam os espíritos das florestas e prestam homenagem ao falecido com um ritual de dança chamado Dama, que o auxiliaria em seu caminho rumo à terra dos antepassados. No final do filme, os meninos parecem brincar, ensaiando participações futuras no ritual da cultura que os viu nascer.
LOCAIS
Galeria Vermelho - Rua Minas Gerais 350, São Paulo - Tel.: 11-3138-1520
Galpão VB - Av. Imperatriz Leopoldina 1150, São Paulo – Tel.: 11-3645-0516