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julho 5, 2017

Fest Contrapedal SP: Veias Abertas Audiovisuais no CCSP, São Paulo

Mostra reúne obras visuais transdisciplinares e inéditas durante dois dias no Centro Cultural São Paulo

O território de artes visuais do Fest Contrapedal SP no Centro Cultural São Paulo, alude ao mesmo tempo que se desprende da expressão que dá título à obra literária de Eduardo Galeano, Veias Abertas da América Latina*. Partindo da premissa de que as obras audiovisuais expostas são provenientes do contexto histórico e político do continente, se propõe um deslocamento para a dimensão pessoal do artista, adentrando as suas disputas criativas, dimensões afetivas e estratégias descolonizantes. Cinco artistas que trabalham o audiovisual de modo expandido e transcidiplinar, apresentam obras processuais e abertas além de inéditas e atuais. Simultaneamente aos lugares, cores, sons e memórias contidas nestas veias abertas audiovisuais se exibe uma obra interativa de visualização de informação, atualizada em tempo real a partir de fontes de dados abertos sobre a América Latina. O território vídeo expositivo se completa com um módulo de ativação das obras, onde os vídeo criadores apresentam seus trabalhos em performances audiovisuais em diferentes formatos como Live Cinema, Vjing, Vídeo Mapping ou em diálogo com linguagens cênicas. Veias Abertas Audiovisuais e Contrapedal SP exibem também uma mostra de peças artísticas do artista plástico e músico uruguaio Dani Umpi, que participa da programação musical do festival.

* Veias Abertas da América Latina é um livro do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano lançado em 1971 considerado um texto clássico para os seguidores de filosofias anti-imperialistas na América Latina durante os últimos 40 anos. Galeano analisa a história da América Latina desde o período da colonização europeia até a Idade Contemporânea, argumentando contra a exploração econômica e a dominação política do continente, primeiramente pelos europeus e seus descendentes e, mais tarde, pelos Estados Unidos.

OBRAS E AUTORES

Anna Turra (BRA)
Choque térmico

Um estudo audiovisual entre duas narrativas paralelas e a princípio idênticas, que sofrem abruptas mudanças de percurso quando o som e/ou a cor se impõem com novas tonalidades. Anna Turra propõe uma construção processual e poética, trabalhando transversalmente os parâmetros do áudio e do vídeo.

Anna Turra (São Paulo) é uma artista e designer multidisciplinar que atua na criação de projetos audiovisuais em diferentes formatos. Possui graduação pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Seu trabalho contempla ainda criações em iluminação, tanto para cena quanto para exposições, bem como cenografia. Entre seus projetos se destacam Amplitude: performance audiovisual em duo com o músico Guilherme Kastrup, vídeo-cenografia e iluminação para Elza Soares na turnê "A Mulher do Fim do Mundo” e iluminação e cenografia para diferentes shows e turnês de Arnaldo Antunes.

Audiovisualismo (Flavio Reis) (BRA)
Cidade Homicida

A cidade violenta os sonhos, constrói, corrói e distribui gratuitamente a miopia dos sentidos. Recortes de uma leitura com foco no olhar e na ilusão de que tudo se realiza num sonho; apenas num sonho. A inspiração para a peça audiovisual "Cidade Homicida" veio de uma pesquisa sobre à vida nas cidades e o impacto da morte dos espaços urbanos. O trabalho versa sobre lugares moldados pelo medo e suas micro realidades permeadas por memórias e conflitos espaço-afetivos e psicogeográficos.

Audiovisualismo é um estúdio de motion graphics e de direção de arte fundado em 2009 em São Paulo por Flavio Reis. Com o foco em grafismo para filmes, documentários e séries de TV, o estúdio também explora outros gêneros de obras audiovisuais, como o video mapping e VJing.

Caio Fazolin (BRA)
Dados Abertos da América Latina

“A primeira condição para mudar a realidade consiste em conhece-la” (Eduardo Galeano, “Veias abertas da América Latina). Dados Abertos da América Latina é um projeto audiovisual inédito de dataviz (visualização de dados) que através de uma aplicação generativa captura em tempo real grandes quantidades de informações espaço–temporais sobre a América Latina utilizando distintas estratégias visuais para exibi-las.

Caio Fazolin (São Paulo) é artista audiovisual, programador e VJ, pesquisa linguagens computacionais e sua relação com a cultura. Bancos de dados, linhas de códigos e sistemas computacionais são fontes para a sua pesquisa que se desdobra em performances audiovisuais generativas, instalações interativas e projeções urbanas em grande escala. Já passou por importantes festivais como: On_Off, FAD, URBE, Live Cinema, Visualismo, Eletronika, Festival Amazônia Mapping, Multiplicidade e AVXlab.

Dani Umpi (URU)
Parangolés Rígidos

“Parangolés Rígidos” é um work in progress composto por obras e ações, iniciado em 2014 pelo artista interdisciplinar uruguaio Dani Umpi. O trabalho referencia os artistas neoconcretistas brasileiros Hélio Oiticica e Lygia Clark assim como faz alusões a cabala, ao ocultismo, a numerologia, tradição hermética, alquimia e a cultura dragg. As peças que compõem a exposição estão inspiradas nos parangolés, uma espécie de capa que se veste e se vivencia como uma obra-ação-multissensorial, criado em 1964 pelo artista Hélio Oiticica.

Dani Umpi é um artista uruguaio nascido na cidade de Tacuarembó em 1974 e radicado em Montevidéu. Seu trabalho multidisciplinar abarca a música, moda, literatura, artes cênicas e artes plásticas. É formado em publicidade e comunicação artística-recreativa pela Universidad de la República del Uruguay. Realizou mostras individuais no Uruguai, Argentina, Brasil, Costa Rica e França. Participou da Bienal de São Paulo 2010 e da Primeira Bienal de Montevideo em 2012.

Fernando Falci (BRA)
Contrapontos Latinoamericanos

América Latina, terra explorada desde sua colonização até os dias de hoje. As grandes cidades são os ícones de diferenças brutais que fragmentam o homem, o espaço e a sociedade. Nesta obra audiovisual aberta que correlaciona som, música, imagem e animação abstrata é construído um discurso composto por texturas e fragmentos apresentando contrapontos que favorecem a reflexão sobre o continente e o comportamento de pilhagem enraizado.

Fernando Falci (São Paulo) é doutor e mestre em música pela Universidade Estadual de Campinas na área de Interfaces Tecnológicas para Processos Musicais. Realizou residências no centre for Musical Research, Bath Spa University (Inglaterra), Input Devices for Music Interaction Lab (IDMIL) e McGill University (Canadá). Desenvolve obras audiovisuais em diversos suportes como mídia fixa, performance em tempo real e instalações interativas.

Karina Montenegro (BRA)
Das coisas não vividas que vivem em mim

A artista em luto iniciou um processo de escaneamento de uma coleção com mais de 7000 slides que datam do começo da infância do seu falecido pai. Em madrugadas de dor e alegria foi descobrindo e redescobrindo a sua própria história e origem através destas memórias não vividas, mas que a habitam. Rumo a construção de novos significados e de uma nova ordem pessoal Karina Montenegro, através do ambiente de programação max/msp, cria recortes a partir dos slides, gerando composições irregulares que remetem à dificuldade de lidar com algo tão frágil e belo, e que se não for bem manipulado pode romper-se.

Karina Montenegro (São Paulo) atua na convergência das arte, tecnologias e novas mídias. Diretora de arte de diversos filmes foi premiada no Festival vídeo f.lux pelo seu trabalho no filme HTTPvideo. Participou de festivais como Mostra Live Cinema (SP e RJ), The Creators Project (SP), Festival de Arte Digital (BH), Artemov (PA), COMA (BH), Mutek (Barcelona), Vídeo Guerrilha, Visual Brasil (Barcelona) e Continuum (Recife). Desenvolveu vídeo cenários para Mark Ronson, MNDR, Mobius Collective, e Taylor MacFerrin. Expos trabalhos no Paço das Artes, Galeria Emma Thomas, Casa de Cultura de Uberlândia, Museu da UFB, La Chambre Blache (Quebec), Eyebeam (NY) entre outros espaços.

Nacho Durán (ESP/BRA)
Veias Abertas

Veias Abertas, vivas, esburacadas, entupidas, abafadas, coloridas, exuberantes, quentes, turbulentas e escorregadias da América Latina. Nacho Duran apresenta uma reinterpretação dessas veias/vías a partir de uma malha de vídeos abertos carregados de vida e memória e compostos pelo sangue que percorre as veias, os pixels que percorrem o vídeo e os bits que percorrem a internet.

Nacho Durán nasceu nas Astúrias (Espanha) e residiu no Brasil por 15 anos. Pesquisa e desenvolve projetos em novas mídias em diferentes formatos e campos como micro-cinema, interatividade, mobilidade e VJing, produzindo videoclipes, documentários e vídeos experimentais para televisão, celular e internet, assim como instalações multimídia, intervenções urbanas, aplicativos e performance. Participou de festivais e mostras como: Circuito Arte.mov, Salão Xumucuís de Arte Digital (Belém do Pará), Eletrônika (Belo Horizonte), Visual Brasil (Barcelona), RoadWeb.tv (Benidorm), Pocket Films Festival (Paris) e Dance.Off (Belfast).

CURADORIA E COORDENAÇÃO

Daniel Gonzalez Xavier é gestor cultural e curador especializado em arte, tecnologia, audiovisuais e projetos educativos multi-plataformas. Formado em Comunicação Social pela FAAP é Master em Gestão Cultural pela Universidad Carlos Tercero de Madrid. Foi mediador cultural do programa de arte, tecnologia, ciência e sociedade, Medialab-Prado (Espanha) e coordenador de comunicação da ONG Casa da Árvore. Entre seus trabalhos curatoriais se destacam: AV_BR na Feira Internacional de Arte Contemporânea ARCO (Madri), AVLAB (Madri, Santiago Córdoba e São Paulo), o módulo de arte interativa do Decibelio: Festival de Artes Experimentais da Comunidade de Madri e Hipersônica – FILE (São Paulo). Foi coordenador de produção da exposição internacional Ecossistemas Humanos (Sesc Vila Mariana) e bolsista das instituições Casa de Velazquez (Madri) e Centro Nacional de Artes Plásticas da França (Paris), obtendo a ajuda à criação contemporânea da Instituição Intermediae/Matadero (Espanha). Desenvolveu a Plataforma Cultural online Arquivo Vivo do Centro Cultural da Espanha em São Paulo. Publicou diversos artigos e é palestrante e mediador de simpósios, colóquios e congressos internacionais.

Posted by Patricia Canetti at 8:05 PM