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junho 12, 2017
Judith Lauand na Driscoll Babcock, EUA
Exposição de Judith Lauand em Nova York percorre 60 anos de sua trajetória artística
A Driscoll Babcock Galleries apresenta, em Nova York, Judith Lauand: Abstrações do Concretismo Brasileiro, a segunda pesquisa dedicada a esta renomada artista e uma oportunidade para examinar a duradoura contribuição desta distinta figura da abstração do pós-guerra e da arte latino-americana. Judith Lauand (1922, Pontal, São Paulo), que no Brasil é representada pela Galeria Berenice Arvani, foi uma participante formativa no projeto construtivista brasileiro de longa data, que inclui carreiras de notáveis mulheres contemporâneas, particularmente Lygia Clark, Lygia Pape e Mira Schendel, todas as quais atingiram o nível internacional de atenção crítica. Em uma luz semelhante, Lauand emergiu internacionalmente como uma artista que negociou as restrições sociais de sua posição como mulher e as inovadoras estratégias pictóricas que ela definiu no discurso racional do Concretismo. As abstrações de Lauand são uma leitura cuidadosamente calibrada de linha, forma e espaço, e sua aplicação autoral da linguagem e da geometria é igualmente guiada pela objetividade, rigor matemático e precisão.
Na década de 1950, seu sincretismo estético com o Concretismo em São Paulo proporcionou oportunidades de trocar ideias e apresentar seus trabalhos como a única mulher entre o proeminente grupo de artistas que formaram o movimento de vanguarda chamado Grupo Ruptura. Ao usar um vocabulário construtivo, Lauand, como muitos de seus colegas paulistas, voltou-se para as ideias e obras influentes de Max Bill e Josef Albers. Esta pesquisa explora seis décadas da prática do artista, entre a década de 1950 até 2008, apresentando exemplos significativos do uso experimental de materiais sintéticos e industriais, grades modulares e estruturas em série, vértices radiativas, além de padrões óticos e ilusórios.
Os círculos cortados na superfície de esmalte da obra “Concreto 33” (1956) amplificam o uso de preto, vermelho, branco e verde como modelo dinâmico. A investigação sustentada de sistemas geométricos de Lauand é evidente na geração de formas e estruturas soltas que são posteriormente desenvolvidas em múltiplas versões em cadernos, litografias, desenhos e pinturas. As espirais em expansão e contração no trabalho “Concreto 66” (1957) são metodicamente examinadas tanto em guache, quanto em gravuras em papel, como também em painéis esmaltados em partículas.
Judith Lauand também explorou a capacidade de formar rotações infinitas com a espiral logarítmica, sugerindo uma visualização intuitiva da representação da experiência e do espaço temporal. Os raios desenroláveis de Lauand na obra “Do círculo ao oval” (1958), utilizam tinta e argamassa na tela, desenhando a delimitação de Waldemar Cordeiro das propriedades científicas das espirais em sua importante série “Ideia Visível”. Esse padrão radial colorido retorna com a obra “Sem título”, de 2001. Mesmo que a artista revise seu conjunto de formas principais ao longo de sua carreira, a abordagem libertadora de Lauand para o quadro estrutural e teórico do Concretismo ampliou nossa definição do termo histórico de ruptura.
Lauand participou como monitora de galeria e de docentes na já celebrada II Bienal de São Paulo, realizada desde o final de 1953 até o início de 1954. A segunda bienal - a exposição internacional com mais de trinta e dois países participantes da Europa, das Américas, do Médio Oriente e Ásia - também coincidiu com a comemoração do quarto centenário da cidade no recém-construído Parque do Ibirapuera pelo seminal arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. No mesmo ano, Lauand declarou seu compromisso com os princípios do Concretismo que visavam determinar um novo conceito de realidade alinhado com os desenvolvimentos práticos do design moderno, da arquitetura e da estética da máquina.
Lauand teve sua primeira exibição individual em 1954 e posteriormente participou de coletivas históricas, incluindo a III Bienal de São Paulo em 1955-56; A Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956; E a retrospectiva internacional sobre Concretismo, (Arte de Concreto: 50 Anos de Desenvolvimento), organizada por Max Bill em Zurique em 1960. Lauand foi objeto de uma retrospectiva importante, “Judith Lauand: Experiências”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2011, e a recente pesquisa, “Judith Lauand: 1950 e Construção de Geometria”, no Instituto de Arte Contemporânea, São Paulo Paulo, em 2015.