|
junho 12, 2017
Monica Barki + Thomas Jeferson no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Artista discute temas como a condição feminina e os jogos de poder na exposição que reúne cerca de 60 obras, do final dos anos 1970 até os dias de hoje
Artista em constante atividade, Monica Barki usa a arte como libertação. Experimenta, incorpora e transita com versatilidade entre os mais variados suportes. É com a força de seu trabalho que traz à tona temas como a condição feminina, os jogos de poder e as relações conflituosas. A partir de 13 de junho ela apresenta a exposição Eu me declaro, no Paço Imperial, com curadoria de Frederico Dalton. A mostra reúne cerca de 60 obras, entre desenhos, pinturas, gravuras, fotografias, vídeos, assemblages e máquinas em diferentes dimensões, produzidas no final dos anos 1970 até o início de 2017.
“Com esta exposição declaro todo o meu amor à arte. Ela expressa o que sou e sinto. É o modo mais sincero que encontrei de me comunicar com as pessoas”, diz a artista, justificando o título da mostra. Eu me declaro ocupa as quatro salas do segundo andar do Paço com trabalhos inéditos e obras impactantes nunca vistas pelo público. “Monica trabalha muito bem em inúmeras linguagens e quis valorizar isso. O público vai poder penetrar o trabalho da artista em múltiplas direções e redescobri-lo em novos contextos”, explica o curador Frederico Dalton.
Na Sala Sínteses, a primeira e maior área da exposição, estão as obras mais recentes, produzidas nos últimos três anos. No espaço, a artista sintetiza em pinturas obras previamente realizadas em diferentes suportes. Nestes trabalhos ela explora sua fase mais erótica, colocando-se como mulher guerreira, dominadora e sensual. Monica volta a pintar a óleo depois de 30 anos reelaborando cenas de suas performances, que também serão mostradas em vídeo.
A artista mostra também fotografias, muitas delas parte da série Desejo e de sua mais recente exposição, Arquitetura do secreto, nas quais é a própria protagonista de performances feitas em vários motéis da cidade. “O desejo está sempre implícito. E em meu trabalho busco constantemente o autoconhecimento ”, diz.
O conjunto de reflexões que transcendem o real e abordam a condição humana estão reunidos na Sala Metafísica. “Este espaço destaca os aspectos macabros do imaginário da artista. São apresentados desenhos, gravuras, ataduras impressas e assemblages mais antigos agora mostrados sob um novo ângulo”, explica o curador. A Sala das Máquinas, a terceira, reúne três obras que utilizam mecanismos animados por motor para fazer girar trabalhos impressos em lona ou pintados a mão.
Para encerrar, a artista propõe uma volta no tempo. A sala Origem mostra algumas de suas primeiras pinturas, produzidas ainda no final dos anos 1970, que já evidenciavam questões relativas à posição da mulher na sociedade. “Monica se faz representar por sua arte”, resume Frederico Dalton.
Monica Barki - Graduada em Comunicação Visual e em Licenciatura em Artes Plásticas pela PUC-RIO. Entre 1970 e 1976 frequentou o Centro de Pesquisa de Arte, sob orientação de Ivan Serpa e Bruno Tausz. Na década de 1980, fez cursos de cerâmica, litografia e pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2009 e 2010 estudou Arte e Filosofia com Fernando Cocchiarale, no Rio.
Entre as principais exposições individuais estão Desejo, Galeria TAC (Rio de Janeiro, 2014), Arquivo sensível, Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, 2011), Colarobjeto, Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2000) e Pinturas, Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro, 1992). Monica Barki também participou de diversas coletivas no Brasil e no exterior, entre elas, The Role of image, TerrArte Gallery, Buckinghamshire (Londres, UK, 2016), Contemporary Brazilian Printmaking, International Print Center New York (Nova Iorque, 2014), Colarobjeto, Centro Cultural Recoleta (Buenos Aires), Gravura em campo expandido, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2012), Arte Brasileira Hoje, Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM-RJ (2005), 11ª Bienal Ibero-Americana de Arte (México,1998) e 21ª Bienal Internacional de São Paulo (1991).
Suas obras estão presentes em diversas coleções, entre elas MAM-RJ, MAM-SP, Itaú Cultural (São Paulo), IBM (São Paulo e Rio), Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte) MAC-Niterói/RJ (coleção João Sattamini), Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar (Fortaleza), Museus Castro Maya (Rio), e Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba).