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junho 7, 2017
Temporada de Projetos 2017: Renan Marcondes em Paço das Artes no MIS, São Paulo
Falta de afeto inspira mostra de Renan Marcondes que chega em junho ao Paço no MIS
A próxima exposição da Temporada de Projetos do Paço das Artes une performance, vídeo e escultura. No dia 10/6, às 15h, a instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo inaugura a mostra Protetores de proximidade humana (unidades Valsa e Beijo), de Renan Marcondes, no térreo do MIS (av. Europa, 158). Na abertura, o artista participa de um bate-papo com o crítico Marcio Harum e a diretora artística e curadora do Paço das Artes, Priscila Arantes.
A mostra reúne as obras Protetor de proximidade humana para valsa (bem como danças de casal em geral que não empreguem rodopios) e Protetor de proximidade humana para beijos (bem como para trocas de fluidos corporais em geral). Os trabalhos são compostos por objetos acompanhados de vídeos e textos explicativos fictícios. A série é desdobramento direto de uma pesquisa em performance desenvolvida por Renan Marcondes desde 2011, que usa a ficção como recurso. “Por meio de objetos que impossibilitam o toque, o contato e a comunicação entre as pessoas, de vídeos e textos fictícios, Renan Marcondes coloca em cena a falta de afeto, que permeia o mundo contemporâneo”, diz Priscila Arantes.
Protetor de proximidade humana para valsa (bem como danças de casal em geral que não empreguem rodopios) é constituído por uma estrutura de madeira com bocal e estacas nas extremidades. “A estrutura serve supostamente para distanciar os corpos do casal que dança, além de impedir qualquer tipo de comunicação verbal ou contato entre as bocas”, diz o artista. A obra é acompanhada por um suposto vídeo promocional, que compara um casal dançando sem a estrutura e com ela, entrecortado por frases de efeito como “Sem a fala sussurrada”, e por um falso texto de parede que situa historicamente o objeto entre os anos de 2010 e 2020.
Já Protetor de proximidade humana para beijos (bem como para trocas de fluidos corporais em geral) é composto por duas máscaras de madeira que impedem que os olhos vejam o outro rosto. Os objetos são ligados por um tubo desenhado para que apenas as línguas se encontrem. Uma almofada suspensa na altura do quadril completa a obra e pode ser apertada ao longo do beijo.
O vídeo, que completa o trabalho, apresenta depoimentos fictícios sobre seu processo de criação, entrecortados por demonstrações de seu uso e eficácia. “A estrutura desse vídeo oferece possibilidades de não apenas ver o objeto em funcionamento, mas de criar imagens que ultrapassem a lógica da propaganda e evidenciem a estranheza desse suposto produto (dando, por exemplo, extrema atenção para a ação das línguas dentro do tubo ou para as mãos que apertam uma almofada ao invés de tocar o outro corpo)”, afirma o artista.
Por fim, o texto de parede irá “explicar” o contexto e os motivos de surgimento do objeto. “Um cenário higienista e preconceituoso será o principal argumento para a criação desse objeto no qual se beija sem se ver, se tocar e se afetar”, completa.
Renan Marcondes é artista plástico, performer e pesquisador representado pela Adelina Galeria (SP). Doutorando pela ECA/USP, membro do corpo editorial da e Revista performatus e membro fundador do Pérfida Iguana, pólo de produção em dança e performance. Suas principais exposições incluem Contra corpo (individual na Oficina Cultural Oswald de Andrade); mostra VERBO de performance art; [per-forma] (SESC Bom Retiro); MOVIMENTA #1 e #2 (Galeria Mezanino), dentre outras. O artista foi premiado no Setor de performance da sp-arte 2015, no Salão de Arte da Juventude do SESC Ribeirão Preto e no Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (Santo André).