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junho 7, 2017
Roesler Hotel: A pureza é um mito na Nara Roesler, São Paulo
A pureza é um mito: o monocromático na arte contemporânea, curadoria de Michael Asbury
A Galeria Nara Roesler | São Paulo tem o prazer de apresentar A Pureza é um Mito: O monocromático na arte contemporânea, com curadoria de Michael Asbury, na 27a edição de Roesler Hotel. O projeto Roesler Hotel foi criado pela galeria em 2002 para promover o diálogo entre as comunidades artísticas nacional e internacional, convidando curadores e artistas a realizar experimentos no espaço da galeria.
A Pureza é um Mito: O monocromático na arte contemporânea apresenta mais de 50 trabalhos de 43 artistas em mídias diversas, como instalação, fotografia e pintura. A exposição tem como proposta olhar o monocromo sob pontos de vista diversos, enfatizando a diversidade onde geralmente se presume haver uniformidade. O título tem origem numa frase de Hélio Oiticica no interior de uma das cabines (Penetrável PN2) do ambiente Tropicália, exposto pela primeira vez em 1967, na mostra Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Embora inclua obras produzidas entre 1950 e os dias atuais, a exposição não pretende ser antológica, e sim sobrepor modos de prática e potenciais conceituais do monocromo.
A persistência do monocromo na atualidade talvez seja mais relevante para o legado da arte conceitual nas práticas contemporâneas do que a morte da pintura que o próprio pretende anunciar. No entanto, se a arte contemporânea é uma arte pós-conceitual, como muitos afirmam, as práticas recentes e atuais que empregam a monocromia também tendem a problematizar uma categorização tão estreita. Em outras palavras, o monocromo tanto desafia quanto enriquece a genealogia da arte conceitual na história da arte, já que, por sua própria natureza, evoca o conceito em detrimento da forma. A ausência de forma exige que seja assim. Se pensarmos em Malevich ao invés de Duchamp, por exemplo, reconherecemos outra fonte óbvia das práticas conceituais e, por extensão, da arte contemporânea em si.
Hoje em dia, os artistas fazem colidir essas genealogias, subvertendo – muitas vezes ludicamente – a tradição da pintura supostamente séria ao mesclar ready-mades e cores, intervenções cromáticas site-specific, objetos efêmeros e, até mesmo, a imaterialidade da luz. Assim, ao mesmo tempo em que ironiza a seriedade do discurso da história da arte, o monocromo produz um enunciado potente acerca das teorias atuais da arte contemporânea (ou da ausência delas). Assim como as premissas de Oiticica para a arte contemporânea, apresentadas no ensaio “Esquema Geral da Nova Objetividade” (1967), a exposição em cartaz tenta ressaltar as diferenças de procedimento e as diversas genealogias da prática que pressupõem a precedência histórica, e, por extensão, a legitimidade contemporânea que ela implica, com base em considerações puramente estéticas. Associações fáceis como essa devem ser contestadas, já que a pureza é um mito.