|
junho 2, 2017
Lecuona & Hernández na Adelina, São Paulo
Inaugurada em abril, a Adelina Galeria renova suas exposições nesse mês de junho e recebe duas individuais: a dupla Lecuona y Hernández traz peças criadas no ateliê da Adelina especialmente para a exposição, com a curadoria de Raphael Fonseca, e Andrei Thomaz, em Luz inscrita, imagem incerta, apresenta obras inéditas com a curadoria de Giselle Beiguelman. As duas mostras serão inauguradas no dia 6 de junho, às 19 horas.
Os artistas das Ilhas Canárias Beatriz Lecuona e Óscar Hernández estão no País desde março em busca de uma relação com a cidade de São Paulo para a criação das obras da individual Falso Histórico. A exposição dá continuidade ao processo de investigação da dupla a respeito da relação entre imagem, tridimensionalidade, espaço e cultura. Durante o período de um pouco mais de um mês, alguns dos elementos que mais chamaram a sua atenção foram os limites físicos e simbólicos entre o espaço público e o privado. Dialogando com essa questão, os artistas refletem sobre algo que aparece em alguns de seus trabalhos anteriores: o higienismo e sua relação com o desaparecimento e a morte.
“São Paulo, assim como qualquer grande cidade latino-americana, passou por um voraz processo modernizador que foi capaz de conjugar os traumas advindos do fim da escravidão africana no Brasil e o desejo de ter uma experiência urbanística eficiente e moderna segundo padrões europeus. Não é à toa que a cidade possui, assim como outras capitais do Brasil, um bairro chamado Higienópolis - era preciso almejar a assepsia para se fazer a manutenção dos diferentes estratos sociais pós-abolição da escravidão. Esse desejo de limpeza observado em diversos momentos de sua experiência pública na cidade também pode ser refletido no espaço privado, por exemplo, através do uso de tapetes e outros acessórios domésticos que são usados para limpeza do corpo e para esconder elementos indesejados da privacidade”, contextualiza Raphael Fonseca.
Beatriz Lecuona (Santander, 1978) e Óscar Hernández (Garachico, 1978) decidiram apostar em uma carreira artística profissional e formar uma dupla ainda na universidade, em 1999. Formados em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes pela Universidad de La Laguna (2000). Vivem e trabalham em Tenerife, nas Ilhas Canárias (Espanha). Entre suas exposições individuais, destacam-se “Coming soon”, na Casa de los Coroneles em Fuerteventura (2015), "Testigos", na Sala de Arte Contemporáneo em Tenerife (2011) e “Todo Hielo” no Espaço Canarias em Madrid (2009). Participaram de importantes bienais internacionais como a XI Bienal de la Habana, Cuba (2012), a X Bienal Internacional de Cuenca, Equador (2009) e a Bienal Dakar Off no Senegal (2006), também fizeram parte de mais de 50 exposições coletivas, tais como: ‘Crisis? What Crisis? (¿tiene forma la catástrofe?)’, no espaço TEA, em Tenerife (2016), “Sin escala", no DA2, em Salamanca (2013), "El Columpio Español", na Ascaso Gallery em Miami (2013), ""Moře, Kterým plujeme" na Galerie Chodovská tvrz em Praga (2011) e "The Old Soldier Action" no Centro de Cultura Contemporánea de Valencia (2010).
Raphael Fonseca (Rio de Janeiro, 1988) é crítico, curador e historiador da arte. Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas na categoria curador (2015) e foi curador residente na Manchester School of Art (2016). Doutor em História e Crítica da Arte (UERJ) e professor de Artes Visuais no Colégio Pedro II, atualmente, Raphael trabalha como curador no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, no Rio de Janeiro, e escreve para a revista ArtNexus.