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maio 31, 2017
Sala Pensando: Regina Vater na dotART, Belo Horizonte
Bons ares, ares bons. É com este frescor que o ano começa na dotART galeria, com a inauguração de novas exposições no dia 25 de abril: Abrindo a caixa, de Lívia Moura; Barulho, de Felipe Fernandes; e na Sala Pensando o vídeo Green ou Sinal verde para o saque das Américas, de Regina Vater.
As riquezas brasileiras e frutos furtados pelos europeus pós-descobrimento do Brasil foram o ponto de partida para a obra Green ou Sinal verde para o saque das Américas, da artista Regina Vater, consagrada por seu trabalho e importante papel político nos anos 70, com trabalhos ainda atuais. Esta vídeo-instalação e também a obra de vídeo-arte apresentada na livraria BOOK PEOPLE em Austin (EUA), pela ocasião do lançamento do livro de artista de Regina Vater com o mesmo título, fazem parte da Sala Pensando e integram a programação das novas exposições da dotART galeria aberta até 24 de junho.
A obra surgiu de um convite feito pela curadoria da exposição “América, The Bride of the Sun”, realizada no Koninklijk National Royal Museum, na Bélgica. Regina Vater desenvolveu o projeto arquitetônico da peça que foi produzida no próprio museu. Da mostra também participaram artistas consagrados como Ana Maiolino, Waltércio Caldas, Cildo Meireles, Tunga, Roberto Evangelista etc.
Trata-se de uma peça de encaixe, um pedestal com três suportes de acrílico que apoia uma TV. O vídeo mostra as riquezas da flora e as invenções agrárias do “Novo Mundo” que foram exploradas e exportadas para a Europa depois do “descobrimento” do Brasil. Entre eles, são representados alimentos considerados “ouros brasileiros”: tomate, mandioca, batata, cacau. A iluminação verde ou “green” representa o acesso “sinal verde” para este saque.
Ainda na TV são reproduzidas imagens de tribos indígenas, de grupos variados, considerados como os primeiros homens do continente e fotos de "nature morte", termo acadêmico para pinturas de natureza morta. “Os holandeses inauguraram este tipo de arte pintando as frutas do Brasil para mostrar aquilo que poderiam levar. Foi neste período que começaram a aparecer técnicas que representavam a luz natural e solar nas obras”, diz Regina.
Sobre o contexto mundial em que o vídeo está sendo exposto, Regina diz: “Acredito que este saque ainda está ocorrendo. Só que agora não levam só alimentos, exploram do nosso petróleo, água, nióbio, outras riquezas.” E ainda completa sobre estar expondo em Belo Horizonte: “Conheci Minas Gerais em 1964, durante a Escola de Arquitetura. Acho Minas um estado mágico e é ótimo expor aqui novamente”.