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maio 25, 2017
Erica Ferrari na Funarte, São Paulo
Erica Ferrari apresenta fragmentos de ruínas para edificações destruídas por atos políticos na Funarte
O Ministério da Cultura e a Funarte São Paulo tem o prazer de apresentar, a partir de 27 de maio de 2017, das 15h às 20h, o projeto Estudo para Monumento, da artista Erica Ferrari, selecionado no Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015 – Galerias Funarte de Artes Visuais São Paulo. A instalação é uma construção em escala real de dois possíveis fragmentos de ruínas cuja referência são importantes edificações situadas no Rio de Janeiro e em Berlim. A ideia é discutir sobre a continuidade histórica desses símbolos a partir de seus desaparecimentos em consequência de atos políticos.
Elaborado especialmente com madeira e material de descarte, em parte carbonizado, no trabalho há o tensionamento entre a história e significado do edifício modernista Columbushaus, projetado em 1932 pelo arquiteto alemão Erich Mendelsohn e incendiado em junho de 1953, em protesto popular na antiga Berlim Oriental; e a primeira sede da União Nacional dos Estudantes – UNE, na Praia do Flamengo, em palacete confiscado da Sociedade Germania, que sofreu atentado em abril de 1964 no contexto de repressão da ditadura militar e hoje é reconstruída com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. Ambos os episódios envolvem atos repressivos empregados por sistemas de governo recém implantados, ocorrendo entretanto em lados opostos no contexto da Guerra Fria e por agentes antagônicos. As ruínas dos prédios sobreviveram alguns anos no corpo da cidade, indicando na paisagem o ataque físico e significativo. Se pensarmos na definição de monumento como construção que adquire valor de símbolo dentro de uma comunidade devido à atribuições históricas e ideológicas, não só a sede da UNE e o Columbushaus se apresentam como tal, mas também suas subsequentes ruínas.
É significativo como o corpo arquitetônico se torna alvo imediato e eficaz da luta política e sua destruição traz em si não apenas o fim das atividades ali exercidas mas também o significado que o edifício carregava para aquela comunidade. Por fim, existe também a constatação da força dessas áreas destruídas como tábula rasa para a especulação imobiliária, para a construção do ‘novo’ que se torna cartão postal e ponto de referencia das metrópoles do século XIX, como é o caso de ambos.
ERICA FERRARI
[São Paulo, SP,1981]
Mestranda em Poéticas Visuais pela ECA USP e Bacharel em Artes Plásticas pela mesma Universidade. Nos últimos anos produziu objetos e instalações a partir de pesquisa em torno das relações entre arquitetura, paisagem e história. Nessa pesquisa inclui-se estudos sobre a densidade simbólica das construções arquitetônicas, as diferentes representações da ideia de paisagem e dos elementos que a compõem e sobre a compreensão do espaço fisicamente e socialmente construído da cidade. Os trabalhos são geralmente construídos com materiais utilizados na construção civil e no mobiliário, como madeira, gesso, fórmica e cimento.
Recebeu diversos prêmios de incentivo à produção artística e teve obras adquiridas por coleções públicas através de salões e chamadas abertas. Apresentou exposições individuais na Galeria Emma Thomas, no Palácio das Artes, no Museu de Arte de Ribeirão Preto, na 32° ARCO em Madrid e no Festival Cultura Inglesa. Foi artista residente na Casa Tomada (São Paulo), no Sculpture Space em Utica (Nova York) e na Rampa (Madrid). Em 2014 exibiu individuais na PIVÔ e no Paço das Artes. Em 2015, após residência no GlogauAIR em Berlim, produziu um novo corpo de trabalhos apresentado no Museu Murillo La Greca em Recife e na coletiva Totemonumento na Galeria Leme. Produziu a instalação 'O nome da margem' para a mostra Provocar Urbanos no SESC Vila Mariana e site specific na FUNARTE Ocupada em parceria com Maurício Adinolfi. Em 2017 prepara projeto para a FUNARTE de São Paulo e participa do Programa Independente do Masp – PIMASP.
Também foi integrante entre 2005 e 2010 do Grupo Hóspede com o qual participou de diversas mostras e projetos pelo país. Dentre as atividades desenvolvidas com o grupo destacam-se o projeto Laboratório Hotel - formação de centro de estudo e residência no Largo da Batata em São Paulo - patrocinado pela Secretaria de Estado da Cultura em 2007, além das seleções em iniciativas como o Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo e a Temporada de Projetos do Paço das Artes.