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abril 24, 2017
Karin Lambrecht no Santander, Porto Alegre
O calendário de artes visuais do Santander Cultural inicia 2017 marcado por uma mudança emblemática em sua programação. Com abertura ao público em 15 de março, a mostra RS Contemporâneo – Pensamentos Curatoriais traz uma nova formatação ao projeto homônimo, centralizando as atenções da exposição no trabalho curatorial.
Iniciado em 2012, o projeto RS Contemporâneo estimula discussões culturais e artísticas, além de atender à permanente necessidade de inovação e criatividade. Até 2017, as cinco edições apresentaram dezoito artistas que trouxeram trabalhos bastante profícuos no meio cultural. Obras que foram observadas por curadores de fora de sua área geográfica de atuação e que, até então, não haviam se voltado às suas poéticas.
Este ano, o projeto recebe uma significativa mudança que está traduzida no subtítulo Pensamentos Curatoriais: trata-se da inversão e ampliação do discurso tradicional sobre mostras de arte. Acostumados a analisarmos uma exposição a partir das obras dos artistas, o Santander Cultural propõe um olhar sobre o trabalho do curador e elege a figura deste profissional para indicar o tema que deseja trabalhar.
“O Santander aposta no amadurecimento da iniciativa, que mantém a valorização de jovens nomes gaúchos com foco na originalidade e vanguarda da prática artística, incentivando assim a curiosidade e a inquietude pela inovação”, destaca Marcos Madureira, vice-presidente executivo de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander Brasil.
A primeira edição do RS Contemporâneo – Pensamentos Curatoriais tem curadoria de André Venzon (ler texto curatorial) com obras integrantes da coleção Justo Werlang, exclusivamente da artista Karin Lambrecht. No recorte de 103 trabalhos predominam pinturas, dos anos 80 até a fase mais recente da artista, e desenhos, além de três grandes instalações e mais de 60 documentos entre escritos de artista, esboços, estudos e aquarelas que revelam o processo de criação de Karin. A escolha de Venzon se dá pelo caráter incomum que o colecionador imprimiu às suas aquisições, direcionando-as especialmente para oito artistas: Iberê Camargo, Xico Stockinger, Siron Franco, Nelson Felix, Daniel Senise, Karin Lambrecht, Mauro Fuke e Felix Bressan.
Karin Lambrecht nasceu em 1957, em Porto Alegre, onde vive e trabalha. Participou das 18ª, 19ª e 25ª edições da Bienal de São Paulo (1985, 1987 e 2002) e da 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2005). Trabalhando no campo expandido da pintura e da escultura, a obra de Karin Lambrecht materializa a abstração gestual da Geração 80 ao mesmo tempo em que faz referência à Arte Povera e a Joseph Beuys. Usando pigmentos de cores vibrantes, emulsiona seus próprios materiais de pintura, ela aplica pinceladas gestuais amplas a telas feitas à mão, sem moldura, rasgadas e queimadas. Muitas vezes também incorpora materiais orgânicos, tais como sangue animal, carvão, água da chuva e terra. Seus motivos recorrentes incluem: cruzes, o corpo humano e palavras enigmáticas escritas à mão ou carimbadas, que emergem das camadas de tinta, sugerindo doença, morte e cura.
André Venzon é artista visual, gestor cultural e curador. Mestrando em Poéticas Visuais pelo PPGAV UFRGS. Bacharel em Artes Visuais, com ênfase em Desenho, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005). Especialista em Gestão e Políticas Culturais pela Universidade de Girona, Espanha (2011). Presidiu a Associação Rio-grandense de Artes Plásticas Francisco Lisboa (2006-2010); Conselheiro de Cultura e Vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul (2008-2010); Membro do Colegiado Nacional de Artes Visuais (2010-2012). Dirigiu o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul MACRS (2011-2014), durante a sua gestão o Museu recebeu o Prêmio Açorianos de Artes Plásticas como destaque em espaço institucional, público ou privado, de divulgação artística (2014). Participou em diversas exposições coletivas e individuais. Ganhador do concurso público para construção do monumento em homenagem aos 100 anos da 1ª Imigração Judaica organizada para o Brasil, no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, RS (2004). Indicado para o I Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria escultura (2007) e IV Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Novas Mídias e Tecnologias (2010). Participou do programa Museum Study Tour, intercâmbio entre representantes de alguns dos mais importantes museus da Escócia, Inglaterra e Brasil, a convite do British Council (2013). Integrou o Conselho Curatorial do projeto RS Contemporâneo do Santander Cultural de Porto Alegre (2014).