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abril 24, 2017
Além da Imagem na Sem Título, Fortaleza
Exposição sobre o lugar da pintura na arte contemporânea será inaugurada na Sem Título Arte
A curadoria é da pesquisadora e crítica de arte Marisa Flórido e reúne trabalhos de sete artistas. A mostra será aberta ao público no dia 25 de abril, com uma mesa de debates.
Como pintar em uma época em que telas não são mais janelas renascentistas emoldurando paisagens desenhadas em perspectiva ou suportes modernistas? Qual o lugar da pintura nesses tempos imersos no fluxo ininterrupto e desmedido de imagens e informações processadas e emitidas pelas novas tecnologias? Como rearticular as formas visuais e as palavras que as colocam em relação? Como pensar a disjunção ou o reenlace entre imagens e palavras, entre o expor e o significar? A tela, nas últimas décadas, vem da sucessão de imagens que proliferam nas interfaces tecnológicas e econômicas estabelecendo, portanto, outros caminhos, novas interrogações.
Os sete artistas da mostra Além da Imagem, cuja curadoria é da pesquisadora e crítica de arte Marisa Flórido, enfrentam, cada um a seu modo, as inquietações que perpassam a interseção entre a vida contemporânea e a prática pictórica. São obras que problematizam o lugar da pintura e da imagem em uma época imersa no fluxo ininterrupto e vertiginoso de imagens, informações e capital, no contexto atual regido pela lógica da economia globalizada e da velocidade das novas tecnologias de comunicação em rede.
A exposição resulta do trabalho de pesquisa e de orientação que Marisa Flórido desenvolve com um grupo de artistas formado nos cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e que se consolidou no curso de aprofundamento “Imersões”, da Casa França Brasil/RJ (coordenado por Marcelo Campos, Marisa Flórido, Efraim Almeida e Cadu). São artistas oriundos de diferentes áreas de conhecimento e atuação profissional como a Literatura, o Direito, a Economia, a Arquitetura, a Administração, a Psicologia e o Design e que estão em processo de acompanhamento continuado de seus trabalhos de arte. A mostra vai refletir então esse processo contínuo de formação de artista que problematiza a pintura no contexto contemporâneo.
As novas tecnologias não estão presentes explicitamente na mostra, mas sim suas interrogações e efeitos: nas formas de vida, nos sistemas de troca, no colapso e reenlace entre imagens e narrativas, nos transtornos de tempo-espaço, nas relações entre público e privado. Para alguns (Rafael Prado, Fernanda Leme, Talita Tunala, Jean Araújo) trata-se de se apropriar e retirar as imagens do fluxo vertiginoso e do imediatismo com que as consumimos. São imagens colhidas da percepção cotidiana, da imaginação, dos resíduos da memória ou de filmes e das redes sociais e tratadas como fragmento que explicita estranhamentos. À artesania da pintura associa-se a montagem do cinema e de tecnologias eletrônicas, gerando reconfigurações e novas articulações. Para outros (Gilberto Martins, Cláudia Lyrio, Eduardo Garcia ) dá-se o inverso: objetos e mercadorias, pigmentos em processos alquímicos, guardanapos e cascas, abelhas e cigarras. As coisas em sua concretude invadem o universo da arte, como se buscassem a carne da imagem, a pele do mundo, o olho que a tateia...
Como bem define Marisa Flórido “são obras que interferem e perturbam as interfaces entre os fluxos eletrônicos/midiáticos/imaginários/perceptivos das imagens e das palavras que circulam pelo mundo, agregando novas percepções. São fragmentos visuais e narrativos, superfícies-testemunho de encontros e histórias (talvez improváveis) a serem contadas; mas são, também, a um só tempo, a interrupção das narrativas usuais e obstrução nos fluxos das imagens condicionantes e servis.”
Na abertura, dia 25 de abril, Flórido coordenará uma mesa sobre “Confluências e tensões: diálogos entre Arte, Economia e Direito.” Um debate sobre cruzamento e partilha de saberes e sensibilidades acerca das artes frente às novas tecnologias e à economia globalizada. Além de Marisa Flórido irão compor a mesa o artista, advogado e professor de Direito da Informática e da Internet Gilberto Martins e o artista, economista, especialista em Economia Industrial e Mercado Financeiro (Eduardo Garcia)
A curadora
Crítica de arte e curadora independente, Marisa Flórido é Professora adjunta do Instituto de Arte da UERJ. Doutora em Artes Visuais (História e Crítica da Arte) pela Escola de Belas-Artes da UFRJ, publicou textos e artigos sobre artes visuais em livros, revistas de arte, catálogos e periódicos no Brasil e no exterior. Entre os livros publicados estão: “Nós, o outro, o distante na arte contemporânea brasileira” [Circuito, 2014]; “Ana Vitória Mussi” [organização e texto; Apicuri, 2013]. Como curadora independente organizou, entre outras exposições “Inventario de los Gestos” [in FAAC - Festival Internacional de Arte de Acción, Cuenca / Equador, 2015] “Transperformance 2 [Oi Futuro Flamengo RJ, 2012]; “Bang” -Ana Vitória Mussi [Oi Futuro Flamengo RJ, 2012]; “Sonia Andrade: Retrospectiva 1974-93” [Centro de Arte Hélio Oiticica, RJ, 2011]; Décima Bienal Habana - Integración y resistencia en la era global [curadora cons - Havana, Cuba, 2009]; exposições “Arte e Música” [Caixa Cultural, DF, SP e RJ 2008 ]; Exposição Sobre(A)ssaltos – BH, 2002; Curadora do Rumos Itaú Cultural 2001-2002. Foi crítica de arte no jornal O Globo (entre 2010 e 2013), no Jornal do Brasil (2004 e 2005) e na Revista Isto É. Vive no Rio de Janeiro, onde nasceu.
Os artistas
Cláudia Lyrio
Mestre em Literatura Brasileira, Especializada em História da Arte e Arquitetura (PUC-Rio). Graduação em Pintura – EBA e em Letras, ambas pela UFRJ. Fez diversos cursos livres de desenho, gravura e pintura na EAV Parque Lage, com Katie van Scherpenberg, Malu Fatorelli, João Magalhães e outros. Tem formação em Gravura pelo atelier Villa Venturoza/RJ; Trajetória e Aprofundamento com Lia do Rio; Processo Criativo e Dynamic Encounters Rio (2009 e 2015) com Charles Watson. Recentemente, realizou o curso “Imersões Poéticas” - com Marcelo Campos, Efraim Almeida, Cadu e Marisa Flórido,na Casa França Brasil - RJ – 2016. Entre as exposições que participou: Imersões, na Casa França Brasil / RJ em 2017; Salões de Arte Contemporânea de Guarulhos, SP; Salão de Artes Visuais de Vinhedo, no qual recebeu Prêmio Aquisição de Pintura; QUAL O SEU LINK?, na VG Galeria de Arte - Shopping Cassino Atlântico, RJ; 2ª BIENAL DE GRAVURA E ARTE IMPRESSA RIO-CÓRDOBA, Museu Histórico Nacional, RJ; NÓS COLORIDOS e OCUPA CUBO – ambas no CM de Artes Calouste Gulbenkian, RJ e a V BIENAL DA EBA - TEMPO - Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica - Centro/RJ. Cláudia Lyrio é natural do Rio de Janeiro, onde vive e trabalha.
Eduardo Garcia
Artista Visual e economista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e mestre em economia industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do Ministério do Planejamento, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), de 1994 a 2004. Desde 2010, é Diretor de Investimentos do fundo de pensão Real Grandeza - Fundação de Previdência e Assistência Social. É membro de conselhos de administração e fiscal de empresas. Possui artigos e livros publicados no Brasil e no exterior. Desde 2015 busca formação em artes, com participação em grupos de estudos e cursos no Parque Lage, na Casa França-Brasil e na EBA/UFRJ. Exposições: 2017, Imersões, Casa França – Brasil; Intersecção de Conjuntos, Espaço Saracura, RJ. 2016: In progress, ocupação do Solar dos Abacaxis, RJ. Em seus trabalhos investiga as operações de natureza estética, pertencentes e decorrentes dos sistemas financeiros de produção, de distribuição e consumo de mercadorias.
Fernanda Lemos
Arquiteta pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Úrsula–RJ. Ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV-RJ) em 2009 e vem se dedicando à pintura e frequentando os cursos livres da EAV: Questões Fundamentais da Pintura - Luiz Ernesto Moraes; Teorias da Arte - Fernando Cocchiarale; Encounters vídeos - Charles Watson; Modelo Vivo - Gianguido Bonfanti; Arte Moderna e Contemporânea - Viviane Matesco; Workshop de pintura - Katie Scherpenberg; Questões Prático-Teóricas da Pintura na Contemporaneidade - Luiz Ernesto Moraes e Bruno Miguel;Teoria e Portfólio: Pré-Produção, Produção e Pós-produção - Marcelo Campos, Brígida Baltar e Efraim Almeida; A Prática da Pintura - Chico Cunha; Grupo de estudos sobre Teoria da Arte - Reinaldo Roels; Construção, Conceito e Narrativa na Figura Pintada - Chico Cunha e Daniel Lannes; Grupo de estudos sobre Filosofia e Arte - Paulo Sérgio Duarte; Grupo de estudos na Casa França Brasil Imersões Poéticas: Marcelo Campos, Efraim Almeida, Cadu e Marisa Flórido. EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 2013 - Centro Cultural da Justiça Federal (RJ), Coletiva Mais Pintura! 2014- E.C.C.O Espaço Cultural Contemporâneo Brasília - DF- Coletiva Mais Pintura!; 2014- Parque Lage- EAV - (RJ) - Galeria Principal, Coletiva Mais Pintura! - dez/2014; 2015 - Casa Cor Rio - Espaço Bel Lobo e Bob Neri; 2017– Salão 13º Abre-Alas – Galeria” A Gentil Carioca”- jan-2017; Imersões na Casa França Brasil / RJ
Gilberto Martins
Artista visual e advogado. Possui cursos de formação em artes no MAM/RJ, Paço Imperial e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, incluindo teoria e prática em arte contemporânea. Realizou exposição individual (no Espaço Cultural da Fundação CEPERJ, em 2016) e em coletivas na Casa França Brasil (Imersões, 2017), no Parque Lage, em outros Estados e feiras internacionais de arte (Paris e Florença). Em seus trabalhos, investiga a relação entre matéria e virtualidade. Vive e mantém ateliê no Rio de Janeiro, onde nasceu. Advogado formado pela PUC/RJ, com mestrado na USP e Doutorando na Universidade de Buenos Aires. Fez cursos de especialização em Harvard e no M.I.T. É Professor de Direito da Informática e da Internet na PUC/RJ, NCE/UFRJ, Fundação Getúlio Vargas, Escola da Magistratura do Rio de Janeiro, Escola Superior de Advocacia da OAB/SP e professor visitante em universidades no exterior. Consultor e pesquisador da ONU e de outros organismos internacionais e co-autor de leis para a Internet no Brasil e no exterior. Árbitro e mediador de conflitos sobre tecnologia e sobre arte. Estuda e escreve sobre as conexões entre Direito, tecnologia e arte há mais de trinta anos.
Jean Araújo
Graduando em Artes Visuais pela Universidade Cândido Mendes (RJ), realizou, em 2015, a exposição individual Nada mais me importa, no Espaço Furnas Cultural, Rio de Janeiro. Tem participado de salões nacionais e exposições coletivas como: Casa França Brasil (Imersões, 2017), Salão de Artes Visuais de Vinhedo (SP) e 23º Salão de Artes Visuais de Mococa (SP), ambos em 2015. Em 2016, integrou a coletiva realizada pelo Programa de Exposições do Museu de Arte de Ribeirão Preto (SP) e participou do projeto In Progress, realizado no Solar dos Abacaxis, no Rio de Janeiro. Entre os cursos de especialização que frequentou nos últimos anos destacam-se: 2014 - Experiência Desenho, com Suzana Queiroga, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ. 2015 - Questões Prático- Teóricas da Pintura na Contemporaneidade, com Luiz Ernesto e Bruno Miguel, na Escola de Artes Visuais Parque Lage, RJ. 2015 - Interfaces Contemporâneas, Processo Híbrido de Criação, com Bruno Miguel, no Parque Lage RJ. 2015 - Processo Criativo e Dynamic Encounters, com Charles Watson RJ. 2016 - Arte contemporânea: uma introdução portátil mas segura, com Agnaldo Farias, na Galeria Silva Cintra Box 4. 2016 - Imersões poéticas, coordenação de Marcelo Campos, Efrain Almeida e Cadu, na Casa França Brasil. 2016 - História, Arte e Afrobrasilidade, com Marcelo Campos.
Rafael Prado
Nasceu em Porto Velho, Rondônia, em 1989. Dos 13 aos 15 anos, estudou nos Estados Unidos, Atlanta, onde as aulas de arte despertaram seu interesse pelo desenho. De volta ao Brasil, prestou vestibular para o curso de Desenho Industrial na Universidade Federal de Santa Maria, onde estudou de 2010 a 2012. Incentivado por uma professora da graduação, em janeiro de 2011, participou do curso Propriedade e Procedência, com o Professor Charles Watson, no Rio de Janeiro. Em 2013, mudou-se para o Rio de Janeiro onde, desde então, faz diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e transferiu a graduação para o curso de Design Gráfico da Universidade Estácio de Sá. Exposições coletivas: 2017 - Imersões na Casa França Brasil / RJ. 2016 - 41º Salão de Arte Ribeirão Preto, MARP, São Paulo.
Talita Tunala
Psicóloga com Especialização em Psicologia Junguiana pelo IJRJ e Mestrado em Educação e Desenvolvimento Humano pela UNESA.Na década de 1980, participou de Curso de Desenho no MAM/RJ. Entre 1995 e 1996, estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage/RJ, retornando de 2011 a 2016. Neste último ano, fez o curso de Desenho Contemporâneo na PUC/RJ. Atualmente, frequenta o curso Imersões Poéticas na Casa França-Brasil. Em 2014, participou da exposição coletiva "A Primeira Vista", na Galeria Artur Fidalgo/RJ. Em 2015, da exposição coletiva "29 de Setembro", no Largo das Artes/RJ e em 2016 da ocupação coletiva "In Progress" do Solar dos Abacaxis/RJ, todas com curadoria de Efrain Almeida e Marcelo Campos. Em 2017, Imersões, na Casa França Brasil / RJ.