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abril 17, 2017
Ana Prata no www.aarea.co
“Sem areia”, de Ana Prata, em cartaz no site www.aarea.co
Em sua terceira edição, www.aarea.co lança no dia 21/04 o trabalho “Sem Areia”, de Ana Prata, concebido especialmente para o site. A obra, composta de 106 mandalas desenhadas em um aplicativo do IPad, dispõe-se em uma sequência que prevê a exposição de 2 segundos para cada um dos desenhos, totalizando cerca de 3 minutos e meio de apresentação.
De origem sânscrita, a mandala tem valor etimológico relacionado ao sentido de “círculo” e, consequentemente, de “essência”. Sua representação visual, baseada em uma simbologia geométrica abstrata, tem a ver com práticas religiosas. Embora suas acepções sejam variadas e derivem de uma cultura a outra, acredita-se que da observação meditativa das mandalas decorra um efeito espiritual relativo à contemplação interior que abre vias para o autoconhecimento. No contexto contemporâneo, a mandala está presente nas bancas em revistas para colorir, em decorações de restaurantes vegetarianos, em tatuagens, num certo misticismo para consumo rápido que virou cliché em nossos dias.
As mandalas desenhadas por Ana Prata, no entanto, dispensam um empenho paciente e meticuloso. Elas são elaboradas em poucos minutos, por gestos erráticos com o dedo diretamente na superfície da tela digital e apesar de não comportarem uma suposta harmonia simétrica ideal, ainda conservam certa graça e delicadeza.
Em “Sem areia”, a mesma mídia utilizada para realizar os desenhos continua sendo o meio pelo qual o trabalho é apresentado: numa sequência acelerada, as mandalas são visualizadas na tela de celulares, tablets e computadores. Por serem os mesmos dispositivos provocadores de ansiedade e dispersão na contemporaneidade, esses certamente não são os meios mais propícios para o envolvimento meditativo. Ainda assim, o trabalho não descarta por completo essa dimensão espiritual que, afortunadamente, vem acompanhada de senso de humor em suas imperfeições e apresentação no estilo “Power Point”.
Ana Prata (Sete Lagoas - MG, 1980) vive e trabalha em São Paulo. No período de 2009 - 2014, apresentou exposições individuais no Centro Cultural São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia, Instituto Tomie Ohtake e Galeria Millan e Galeria Marília Razuk. Em 2014 expôs no La Maudite (Paris) e em 2015 participou da vitrine do Kunsthalle São Paulo e do projeto Kubikulo, na Kubik Gallery (Porto). Entre as coletivas de que participou, destacam-se o Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil (São Paulo), 2011 e 2013, a mostra "Os primeiros dez anos", no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo), 2011, a mostra Lugar Nenhum, no Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro, RJ), 2013, bem como "O espírito de cada época", do Instituto Figueiredo Ferraz, 2015 e "A luz que vela o corpo é a mesma que revela a tela", da Caixa Cultural Rio de Janeiro, em 2017. Em 2016 realizou residência na Residency Unlimited, em Nova York e no mesmo ano fez uma individual na Pippy Houldsworth Gallery, em Londres.