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abril 16, 2017
José Medeiros no Banco da Amazônia, Belém
José Medeiros nos expõe a sentimentos antagônicos em exposição de nova secção da sua série fotográfica Já Fui Floresta, que aborda, especificamente, a relação dos índios com o mundo globalizado.
A harmonia presente na composição de seus registros nos conduz à contemplação da suntuosidade da natureza que integra o cotidiano vivenciado por diversos indígenas ao percorrerem a densa mata do território de suas aldeias. Entretanto, concomitantemente a isso, ao apreciar o movimento que se faz presente na maioria destes retratos realizados por José Medeiros, somos também interpelados a nos questionar para onde caminham esses índios. Qual o destino destes personagens?
Considerando a realidade em que estão inseridos os indígenas brasileiros, é notório que eles possuem extenso caminho a percorrer na busca pela manutenção de suas identidades e existências.
Guy Veloso, que assina a curadoria desta exposição, dimensiona a dualidade de sensações que a as fotografias proporcionam. “Na exposição Já fui Floresta, a estética dialoga com a temática de uma forma proporcionalmente inversa. Enquanto as fotografias trazem um fascínio quase místico aos olhos, o assunto escolhido pelo fotógrafo carrega o peso da morte. José Medeiros traz aqui indígenas de regiões e etnias diferentes com algo em comum: suicídio, prostituição, drogas, fome, doenças e alcoolismo.”
Quando um artista monta uma exposição, sabe-se de antemão da data de abertura e de encerramento. No caso da mostra Já fui floresta, há um diferencial: No último dia, (16.06) os visitantes serão convidados pelo fotógrafo para juntos, destruir as fotos, a terminar fisicamente com a exposição. Ela então nunca mais será apresentada - ao menos naquela forma.
Guy Veloso criou esta verdadeira performance que interagirá público e fotógrafo. "Assim como os indígenas que estão sendo assassinados em seus corpos e cultura, o público participará simbolicamente de mais um genocídio indígena.
A exposição Já fui floresta traz uma reflexão para este conflito que envergonha o país.
O Fotógrafo
José Medeiros é mato-grossense e começou a fotografar aos 16 anos de idade. Sempre demonstrou profundo interesse em manifestações culturais e desenvolve trabalhos com questões indígenas há mais de duas décadas. Sua missão fotográfica e antropológica, marcada sempre pela postura questionadora e polêmica, convida a refletir sobre as questões existenciais humanas.