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abril 1, 2017

Para que eu possa ouvir na Adelina, São Paulo

Voltada para artistas da América Latina, galeria de arte contemporânea surge com a intenção de se aproximar do público geral e nova proposta de gestão

Em abril, São Paulo ganha um novo espaço dedicado à arte contemporânea: a Adelina Galeria, que será inaugurada no bairro de Perdizes. Projeto pessoal do executivo Fabio Luchetti, que sempre admirou as artes, a galeria se propõe a desmistificar esse mundo e também a contribuir para a formação de público. A inauguração acontece junto com a abertura da exposição Para que eu possa ouvir, que busca levar ao público uma reflexão sobre quebra de paradigmas e como se pode ver o mundo com os olhos dos outros

O nome Adelina Galeria é uma homenagem de Fabio à sua mãe: leitora voraz e amante da cultura, ela foi a principal mola para despertar o interesse do filho pela arte. O desejo de abrir uma galeria, no entanto, surgiu quando ele já atuava como executivo. CEO da Porto Seguro desde 2006, Fabio idealizou e acompanhou de perto a criação do complexo cultural da companhia e, com isso, aumentou seu repertório pessoal e também começou a se interessar mais pelo mundo das artes. Com esse empreendimento, Fabio pode trabalhar sua visão dentro da arte que vão além do objeto de arte, empregando também sua assinatura de gestão para esse negócio.

“Por meio da Adelina Galeria, terei um contato mais próximo com curadores e artistas, buscando aqueles com biografias e características que gerem maior identificação com o nosso projeto, além de poder contribuir para que jovens talentos sem muitos recursos tenham uma chance em sua carreira”, explica Fabio Luchetti.

Mais do que buscar desenvolver um olhar apurado para artes nos últimos anos, Fabio também se preparou academicamente para abrir sua galeria com uma especialização. Recentemente, o executivo fez uma pós-gradução em Museologia, Curadoria e Colecionismo no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, possibilitando aprofundamento nas questões artísticas para criar um projeto consistente e sustentável.

Pilares
Além da comercialização de obras de arte, a Adelina Galeria irá trabalhar dois pilares fundamentais: formação (do artista e de público) e relacionamento (com o território e a cidade). A trajetória empresarial de Fabio irá contribuir para a gestão do negócio. A ideia é ter uma relação mais justa e de real parceria com os artistas, contribuindo não só para a sustentabilidade do espaço, como também para o seu desenvolvimento. A Adelina terá uma equipe dedicada a apoiar os artistas em todos os aspectos, – desde auxiliar com a sua comunicação e imagem até debater novos suportes – para que eles possam se dedicar a desenvolver sua arte.

Projetos de formação e de relacionamento com o bairro também serão abarcados na Adelina Galeria. Fabio está montando com a sua equipe projetos que sejam duradouros e que possam trabalhar a arte desde cedo, contribuindo não só para a formação de público para a arte contemporânea como para a formação de novos artistas. O envolvimento e a contribuição para o desenvolvimento do bairro de Perdizes também fazem parte desse viés de relacionamento com o bairro. A Adelina Galeria sempre buscará encontrar no bairro seus fornecedores de produtos e serviços. “Esperamos estimular esse espírito de contribuir com o local em comerciantes, empresas e moradores também”, diz Fabio.

A galeria também terá um conjunto de quatro a seis ateliês na mesma rua. Eles serão utilizados para dar suporte aos artistas representados pela Adelina e também para programas de residências para artistas da America Latina, além de abraçar outros projetos educativos em desenvolvimento.

Proximidade
Mais do que um lugar dedicado à contemplação e à comercialização da arte, a Adelina Galeria quer ter suas portas abertas para todos e ser um espaço de convivência, se aproximando do conceito de centro cultural. A arquitetura do espaço já mostra isso: o prédio onde será instalada é próximo da rua e convida o público a entrar, num visual que não gera constrangimento ou afastamento para esse movimento. A ideia é que, além das artes visuais, o espaço também se abra para cursos e dialogue com outras manifestações artísticas.

A relação com a comunidade também será um fator importante: a equipe da galeria está buscando universidades do bairro para montar parcerias constantes e contribuir para formação de público e de artistas. A proposta também é que a galeria atue junto com outros atores culturais do bairro de Perdizes (como a Livraria Zaccara, a Galeria Brasiliana e a Casa da Travessa), ajudando a fortalecer o circuito cultural que já existe na região escolhida para sediar este projeto.

Antes de escolher o local onde instalaria seu empreendimento, Fabio pesquisou o bairro, buscando compreender como seria o acolhimento da Adelina Galeria e como ela poderia contribuir para o desenvolvimento local. Apesar de próximo de grandes polos de opções culturais (Vila Madalena, Pinheiros e Barra Funda), o bairro de Perdizes tem um perfil residencial, mas com áreas que têm adotado estabelecimentos comerciais e de serviços (como a proximidade da Rua Cardoso de Almeida). Além disso, Perdizes está perto dos Jardins, Cerqueira Cezar, Higienópolis e pode, facilmente, se tornar um ponto de apoio para quem quer consumir arte, cultura e entretenimento.

Para que eu possa ouvir
A primeira exposição da Adelina Galeria será Para que eu possa ouvir, que tem curadoria assinada por Douglas Negrisolli. A ideia da mostra é propor uma escuta da arte ao visitante, por meio de uma reflexão em cima do significado da palavra alteridade com obras de artistas latino-americanos. Olhar o mundo com alteridades pressupõe se colocar no lugar do outro, tentando compreender o que aquela pessoa vive. Esse processo também envolve enxergar o mundo por outra ótica. (leia o texto do curador)

A mostra será composta por três instalações, um vídeo, três pinturas, sete fotografias e um objeto. Os trabalhos expostos serão assinadas por Erica Kaminishi, Cristina Suzuki, Rodrigo Linhares, Beatriz Lecuona, Óscar Hernández, Thiago Toes, Renan Marcondes, João Tolomei Opriê, Stephan Doitschinoff e Francisco Valdes.

Posted by Patricia Canetti at 1:28 PM