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março 17, 2017
Raphael Couto na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Raphael Couto apresenta sua segunda individual na galeria, Tronco, resultado de experimentações recentes baseadas na performance e seus desdobramentos: vídeos fotografias. “Essas ações, encontros entre corpo, arquitetura e natureza, partem de um desejo de um corpo mais físico em sua totalidade – ao mesmo tempo estranho e harmônico no ambiente”, explica o artista.
"Diferentemente das produções anteriores – que tinham o corpo como suporte de intervenções, dando a este um caráter de objeto, nesta exposição o corpo é apresentado em situações de sustentação, resistência e equilíbrio, afetado pelos diversos ambientes ao redor: casa, quintal, mata, ateliê”, explica Raphael.
O artista apresenta três vídeos e seis fotografias realizadas em duas residências recentes.
O vídeo Tronco que intitula a exposição, desenvolvido durante residência na zona rural de Brasília, coloca o artista numa conversa com a própria natureza do cerrado, frágil e resistente, que se organiza num ciclo intenso de vida e morte – onde incêndios e regenerações se sobrepõem.
Ao vídeo seguem fotos homônimas, realizadas em duas residências (Brasília e Resende/RJ), onde há um diálogo com a estrutura tronco; seja no apoio nessa natureza-morta, seja no prender-se à terra – a mesma que sustenta e mantém vivos os pinheirais que rodeiam o artista.
Na série de fotografias intitulada Faixas, o corpo atravessado por uma faixa adesiva, normalmente utilizada em fisioterapia, é pensado no ambiente arquitetônico – onde chão e parede do ateliê, reforçam a sua presença. Em uma referência direta à videoperformance de Bruce Nauman “Walking in an Exaggerated Manner Around the Perimeter of a Square” (1967-8), o corpo ocupa os espaços de modo escultórico, criando jogos de força e equilíbrio restritos pela faixa cromática.
O vídeo Pedra enfatiza a plasticidade do corpo, quando, ao pendurar uma pequena pedra no pulso, é criada uma espécie de “dança” no repuxar da pele, e o vídeo Vertigem, onde mastigo e regurgito o livro homônimo do escritor alemão, WG Sebald; – onde um corpo que caminha pelo mundo (e se afeta por este com crises de vertigem) afeta o corpo do artista, no exaustivo e repetitivo processo.
Raphael Couto possui mestrado em Estudos Contemporâneos das Artes (UFF) e seus trabalhos integram importantes coleções privadas, incluindo as de Joaquim Paiva, Vanda Klabin, Afonso Costa e Gilberto Chateaubriand (em comodato no MAM/RJ). Em 2014, realizou sua individual Atravessamentos na galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea, participando também nas feiras ArtRio e SP-arte subsequentes. Entre os festivais e eventos de performance, destacam-se o LaPlataformnace (São Paulo/SP) Corpus Urbis, em Macapá/AP, o Ruído Gesto em Rio Grande/RS e a mostra P.Arte, em Curitiba/PR, além do Encuentro Latinoamericano de Performance, no Museu de Arte Contemporâneo Argentino, em Junín – Buenos Aires.Em 2015 atuou como curador de duas edições do Codorna Performa, evento de performance em seu ateliê no centro histórico do Rio de Janeiro, além da exposição coletiva Bordaduras Contemporâneas, no Espaço Cultural do Colégio Pedro II. Participou também das residências Performance Participação Política, em Brasília; Vigiai e Bordai, em Resende/RJ, LaPlataformance, em Cananeia/SP, Estação Nuvem, Visconde de Mauá/RJ e Periférico, no Departamento Nacional do Sesc, no Rio de Janeiro.