|
março 17, 2017
Pedro Varela na Luciana Caravello, Rio de Janeiro
Pedro Varela mostra seu universo tropical
Pedro Varela foi buscar no historiador Henry Rousso o título de sua exposição: Un passé qui ne passe pas – assim em francês mesmo. Rousso é um dos historiadores mais importantes da corrente que vai buscar uma história contemporânea, que investiga como o passado recente reverbera nos dias de hoje. E o mote dessa exposição – sua primeira individual na Luciana Caravello Arte Contemporânea - é a vontade de falar desse passado que continua reverberando. O seu interesse por personagens conceituais e também nessa representação da flora é justamente falar desse passado que não passa, que emerge nas nossas relações sociais, no nosso DNA, na forma como vivemos hoje.
Pedro apresenta um conjunto de obras monocromáticas em sua maioria, com personagens conceituais que surgem no meio de um emaranhado de plantas, caules e flores tropicais. Esses personagens às vezes são históricos, às vezes são ficcionais, mas sempre fazem parte do universo tropical. São recortes da história da arte, personagens anônimos e famosos, estereótipos, referências da cultura popular. Estão na mostra duas pinturas coloridas grandes de 150 x 150 cm, mais quatro monocromáticas grandes e cinco pequenas, além de alguns desenhos recortados. O texto da exposição é do curador Marcelo Campos.
No trabalho de Pedro, os personagens conceituais que emergem no meio da floresta falam sobre esse passado ainda vivo. Eles são links para diferentes épocas, que estão juntos por sua relação com os trópicos, especialmente o Brasil, criando uma paisagem/narrativa fragmentada.A questão histórica sempre esteve presente nos trabalhos de Pedro, mas nunca de forma tão direta. Isso surgiu aos poucos; a série preta e branca com personagens brotando começou em 2005.Mas a preocupação do artista não é com a história em si, com algo distante que já não faz parte das nossas vidas. “Minha ideia é abordar o que ainda está vivo, mesmo que precise recorrer aos bandeirantes, a imagens de gravuras e cartas náuticas antigas e personagens históricos. No meio desse caldo entram referências mais novas como Herzog enforcado, Brasília e Tarsila do Amaral.“
Pedro mora em Petrópolis, mas está passando uma temporada em Paris – sua mulher, Carolina Ponte, faz uma residência artística na Cité des Arts. De lá ainda irão para a Dinamarca antes voltar ao Brasil. Pedro viveu no México entre 2007 e 2009 e foi com a volta ao Brasil que surgiu seu interesse pelos trópicos.Seu trabalho já cruza fronteiras. Entre individuais e coletivas, participou de exposições no México, no Qatar, França, Genebra, Londres, Uruguai, Argentina, Lisboa. Esteve em 2016 na feira “Untitled”, em Miami.