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março 10, 2017

Thiago Honório na Luisa Strina, São Paulo

Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar Solo, primeira exposição individual do artista mineiro Thiago Honório (Carmo do Paranaíba, 1979) na galeria.

[scroll down for English version]

Honório apresenta o trabalho Roca. Trata-se de uma cabeça de imagem de roca ou de vestir do século XVIII disposta sobre sólido geométrico produzido com um procedimento construtivo brasileiro utilizado no período colonial no repertório das construções dos séculos XVIII e XIX, conhecido como pau a pique, taipa de mão, taipa de sopapo ou taipa de sebe.

Essa técnica vernacular consiste no entrelaçamento de ripas ou toras de madeiras verticais com vigas de bambu horizontais e amarradas entre si por cipó, engendrando uma grande estrutura tramada cujos vãos se preenchem com barro, resultando numa parede. Das práticas da chamada arquitetura de terra é uma das mais recorrentes, principalmente nas zonas rurais.

A cabeça, estátua ou imagem de roca designa a tipologia de imagens sacras processionais que são travestidas com trajes de tecidos, perucas e adornadas com pedras preciosas, semipreciosas ou bijuterias. A palavra roca, como substantivo feminino, significa bastão, haste ou vara, possuindo na extremidade um bojo que se enrola a rama do algodão, do linho, da lã: roca de fiar. Também denota a formação volumosa e elevada de pedra, rocha, rochedo, penhasco.

Segundo Thiago Honório: “A imagem de roca tradicionalmente aparece em procissões e consiste numa estrutura de madeira articulável que dá a ver apenas a cabeça, mãos ou braços e, às vezes, os pés da peça esculpida, envolta em indumentária e adereços que a caracterizam conforme seus usos litúrgicos. Grande parte dessas imagens era construída numa escala aproximada da escala natural do corpo humano”. Este gênero de imagens adquiriu considerável difusão no Brasil, sobretudo na Bahia e em Minas Gerais durante o período Barroco, estendendo-se até meados do século XIX.

No caso de Roca, obra que ocupa sozinha grande área da sala de exposição, a cabeça da imagem de roca encontra-se no topo de um “monte” geométrico de pau a pique e taipa de mão.

Na exposição Solo, Roca apresenta-se fincada na terra, solo; com o duplo sentido da ideia de solo, nesse caso tanto a apresentação destinada ao solista quanto a terra. O trabalho busca problematizar à maneira metalinguística as noções de solo, camadas da terra, piso, chão de construção ou casa, ou a superfície que é construída para se pisar; substrato físico sobre o qual se fazem obras. Em sentido figurado, faz referência a nação, país ou região: em solo brasileiro, solo fértil. A etmologia do substantivo solo vem do latim sŏlum, que significa fundo, fundamento, pavimento e planta do pé. E também solo no sentido de só; a solo na ideia de executado por uma só voz ou instrumento; do latim sōlus, a, um a partir da noção de só, solitário; e também pode ser a dança, a ginástica artística, o trecho musical, a apresentação teatral, a exposição individual ou a seção a ser executada por um único intérprete.

Exposições recentes do artista incluem Trabalho, MASP Museu de Arte de São Paulo, 2016; Boate Azul em colaboração com Pedro Vieira, Museu de Arte da Pampulha, 2016; Títulos, Paço das Artes, 2015. Ainda em 2016, Thiago Honório lançou o seu primeiro livro intitulado {[( )]} – publicado pela editora IKREK – e premiado pelo ProAC. Em 2017 lançará Augusta, publicado pela mesma editora. Possui obras nos acervos do MASP Museu de Arte de São Paulo; MAC/USP Museu de Contemporânea da Universidade de São Paulo; MAR Museu de Arte do Rio; MAM/SP Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAB/FAAP Museu de Arte Brasileira e na Pinacoteca do Estado de São Paulo.


Galeria Luisa Strina is pleased to present Solo, Thiago Honório’s (Carmo do Paranaíba, 1979) first solo exhibition at the gallery.

Honório presents his work Roca, a head of an 18th century imagem de roca (holy or religious statuette) mounted on a solid shape made from a Brazilian building material commonly used in the 18th and 19th century colonial period, known locally as pau a pique (similar to wattle and daub).

This vernacular technique consists of a large lattice framework formed by vertical wooden slats or logs and horizontal bamboo beams, interwoven by vines and filled in with clay, resulting in a wall. This is one of the most recurrent of all the so-called earth architecture, especially in rural areas.

The religious head, statue or imagem de roca designates the kind of processional holy statuettes which are dressed in clothing, wigs and adorned with precious and semi-precious stones or costume jewellery. The Portuguese word roca, as a feminine noun, means staff, pole or rod, with a bulge at the end around which cotton, linen or wool is wound: a reel (roca de fiar). It also means the large, elevated formation of stone, rock, boulder or cliff.

According to Thiago Honório: “The ‘imagem de roca’ traditionally appears in processions and consists of a jointed wooden structure of which one can only see the head, hands or arms and, sometimes, the feet of the sculpted piece, wrapped in clothing and ornaments that characterize it according to its liturgical purposes. Many of these statuettes were built to a roughly life-size scale.” This kind of sculpture became considerably widespread in Brazil, especially in Bahia and Minas Gerais during the baroque period and until the mid-19th century.

In the case of Roca, a work that stands alone in a large area of the exhibition room, the head of the statuette is found atop a geometric “mound” of pau a pique.
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In the exhibition Solo, Roca is anchored to the earth, the ground; implying the dual meaning of the Portuguese word solo, which can translate equally as soil, land or ground and solo. The work seeks to critically analyze, in a metalinguistic manner, the notions of solo, layers of earth, floor, the ground of a building or house, or the surface which is made for standing on; physical bedrock on which construction work is executed. In a figurative sense, it refers to nation, country or region: on Brazilian land, fertile land. The etymology of the Portuguese noun solo comes from the Latin sŏlum, which means bottom, foundation, pavement and sole of the foot. And also solo in the sense of alone; the idea of being executed by just one voice or instrument; from the Latin sōlus, one from the notion of only, solitary; and can also be dance, artistic gymnastics, musical piece, theatrical presentation, individual exhibition or section to be performed by a single artist.

The artist’s recent exhibitions include Trabalho, MASP Museu de Arte de São Paulo, 2016; Boate Azul in partnership with Pedro Vieira, Museu de Arte da Pampulha, 2016; Títulos, Paço das Artes, 2015. Also in 2016, Thiago Honório launched his first book entitled {[( )]} – published by IKREK – and earning a ProAC award. In 2017 he will release Augusta, through the same publisher. His works feature in the collections of MASP Museu de Arte de São Paulo; MAC/USP Museu de Contemporânea da Universidade de São Paulo; MAR Museu de Arte do Rio; MAM/SP Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAB/FAAP Museu de Arte Brasileira and at the São Paulo State Pinacoteca.

Posted by Patricia Canetti at 3:03 PM