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março 3, 2017
Zip'Up: Felipe Seixas na Zipper, São Paulo
Em Queda (2017), uma das obras que integram a mostra (I)matérico presente, de Felipe Seixas na Zipper Galeria, quatro blocos de concreto servem de suporte para um monitor de TV colocado sobre as peças em um ângulo de 45 graus. Na imagem exibida na tela, uma forma semelhante a dos objetos é vista em sequência em um gráfico representado por milhares de pixels. A relação entre a materialidade dos blocos e imaterialidade dos gráficos, presente neste trabalho, é uma das questões que permeiam a exposição. Primeira individual do artista em São Paulo e com curadoria de Nathalia Lavigne, a mostra inaugura o calendário Zip’Up deste ano.
Se em trabalhos anteriores os blocos de concreto moldados apareciam em combinações como carvão e pigmento, explorando a relação entre forma e não-forma desses objetos, sua produção mais recente introduz uma pesquisa sobre o aspecto imaterial das novas tecnologias. Temas como o acúmulo documental e a fragilidade de memórias tecnológicas aparecem ainda em obras como Ascendência (2017), na qual o movimento constante de linhas coloridas criado em um gráfico é visto em um aparelho telefônico através de um saco plástico com água, provocando uma distorção ótica causada pela refração do líquido.
“Grande parte dos trabalhos partem desse ponto em comum: explorar a relação entre o material e o imaterial na construção da forma. O concreto é muito presente, e gosto de pensar sua composição sólida e bruta em contraposição a outros materiais mais leves. Há também a presença de produtos de tecnologia recente, e me interessa contrapor o uso de uma tecnologia por hora avançada, mas que logo se torna obsoleta, com uma técnica antiga, como a do concreto”, afirma Seixas.
A exposição inaugura no dia sete de março, a partir das 19h, e segue em cartaz até 8 de abril.
Felipe Seixas (São Bernardo do Campo, 1989) vive e trabalha em São Paulo. É bacharel em Comunicação Social com habilitação em Design Digital (2011) pela Universidade Anhanguera, São Paulo. Participou dos cursos "A escultura como objeto artístico do século XXI", com Ângela Bassan (2015), e "Esculturas e Instalações: possibilidades contemporâneas" (2016), com Laura Belém, ambos na FAAP; e integrou o grupo de acompanhamento de projetos do Hermes Artes Visuais, com Nino Cais e Carla Chaim. Entre suas principais exposições estão a 1° Bienal de Arte Contemporânea Sesc DF, Distrito Federal (2016); 44° Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, Santo André -SP (2016); 7° Salão dos Artistas sem Galeria (2016), Galerias Zipper e Sancovsky, São Paulo- SP e Galeria Orlando Lemos, Nova Lima – MG; O Muro, Rever o Rumo, Central Galeria, São Paulo-SP. Em 2015, recebeu o prêmio Menção Especial no 22° Salão de artes Plásticas de Praia Grande.
Nathalia Lavigne (Rio de Janeiro, 1982) é pesquisadora e mestre em Teoria Crítica e Estudos Culturais pela Birkbeck, University of London. Atualmente, realiza uma pesquisa sobre reprodução de obras de arte no Instagram, circulação de imagens e colecionismo digital no programa de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Foi curadora da exposição "Imagem-Movimento", na Zipper Galeria. Como pesquisadora, integrou o projeto “Observatório do Sul”, plataforma de discussões promovida em 2015 pelo Sesc São Paulo, o Goethe-Institut e a Associação Cultural Videobrasil, que reuniu ao longo do ano profissionais de diversas áreas de atuação para discutir a questão do Sul Global no campo da cultura. É colaboradora de veículos como Bamboo, Select, Artforum, entre outros.