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fevereiro 24, 2017
Marcos Chaves na Nara Roesler NY, EUA
Para inaugurar seu novo espaço em Nova York, a Galeria Nara Roesler apresenta Marcos Chaves, uma seleção de 30 obras, incluindo fotografias, instalações e vídeos, abrangendo os 25 anos de carreira do artista.
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O conjunto de trabalhos reunidos destaca o particular olhar andarilho de Chaves, que capta e constrói crônicas visuais, a partir de imagens encontradas nas cidades, especialmente no Rio de Janeiro, onde mora. Com um vocabulário fundado no humor e no acaso, o artista retira objetos banais, cenas e paisagens cotidianas do contexto lógico, para subverter ângulos estabelecidos e provocar diferentes narrativas. “Marcos Chaves surpreende significados e valores imersos nas coisas vulgares, dissimulados no hábito ou na convenção. Faz deslocamentos imprevisíveis e produz assemblages em tom de paródia, destilando aí a sua aguda observação sobre o mundo, da tecnologia ao lixo”, afirma a crítica brasileira Ligia Canongia.
Chaves usa o humor como catalisador de seu trabalho, recorrendo a registros visuais diversos para criticar a cegueira com que se veem as coisas corriqueiras sob a influência das convenções socioculturais. Para ele, o processo de criação de uma obra de arte pode consistir em retirar um objeto comum de seu ambiente funcional, combiná-lo com outros objetos, contextos ou referências e então apresentá-lo com legendas diferentes das que se esperaria para ele. “É incrível que depois de séculos de discussão não se consiga fazer uma distinção entre o riso e a seriedade sem colocá-los como oponentes. O humor, como intenção sincera, pode ser uma atitude política concisa, sem ser dogmática, bastante conseqüente”, comenta o artista.
No contexto urbano, Chaves flagra intervenções espontâneas populares, como as sinalizações de buracos em vias públicas, composta por insólitos objetos (série Buracos 1996/2014), ou captura delicadezas poéticas contidas em latas de tinta entornadas (Sem título 2012 / 2016), na sombra de um inseto sobre um muro (Dancing spider, 2016), ou na luminosidade colorida projetada sobre um piso comum de calçada (Sem título, 2012).
A abordagem irônica é sublinhada em imagens como na fotocomposição fálica de três arranha-céus (Sem título, 2016), no díptico que combina o crescimento improvável de uma copa de árvore e uma cadeira desprovida de função (série Santiago, 2012), na foto protagonizada por uma corda desgastada disposta em forma de clave de sol (Sem título 2016), ou no vídeo que sugere o trágico-cômico do sorriso (Laughing mask,2005)
“Evocando em seu trabalho o ambiente ruidoso do mundo, a Marcos Chaves interessa, sobretudo, a disponibilidade para ver o que é dado a todos – a vida ordinária – como se fora sempre e de novo a primeira vez”, afirma Moacir do Anjos.
Marcos Chaves (n. 1961 no Rio de Janeiro, Brasil) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira artística no início da década de 1980. Artista conceitual, Chaves trabalha com fotografia, vídeo, assemblage e instalações de grandes dimensões, transformando experiências cotidianas e materiais comumente ignorados em objetos artísticos. Com leveza e paródia, suas obras empregam o humor para ocultar uma sensibilidade trágica e poética. “O humor abre caminhos”, afirma. “Às vezes você ri de coisas que podem não ser tão engraçadas assim. O humor pode nos fazer parar para pensar”. Chaves sobrepõe textos a fotos, registra suas próprias intervenções em fotografia e vídeo e instala objetos não-artísticos preexistentes em contextos artísticos, numa abordagem que lembra Marcel Duchamp. Em Academia, criou uma academia ao ar livre, com cimento, tubos de ferro, madeira e barras, que moradores do Rio de Janeiro podiam usar para se exercitar. O título é um trocadilho com a centralidade do samba e das academias no cotidiano dos cariocas.
Opening its new venue in New York, Galeria Nara Roesler presents Marcos Chaves, a selection of 30 pieces including photographs, installations, and videos, spanning 25 years of the artist’s work.
The featured artworks highlight Chaves’ unique perspective as he captures and spins visual chronicles out of images found in cities, especially Rio de Janeiro, where he lives. With a vocabulary built on humor and chance, the artist draws commonplace objects, everyday scenes and landscapes out of their logical contexts to subvert established angles and provoke different narratives. “Marcos Chaves unearths the meanings and values that underlie mundane things, disguised by habit or convention. He carries out unpredictable displacements and produces parodic assemblages to convey his razor-sharp observation of the world, from technology to trash,” says Brazilian critic Ligia Canongia.
Humor is the catalyst for Chaves’ work; he relies on multiple visual registers to criticize the blindness with which run-of-the-mill things are seen when under the sway of social-cultural convention. For him, the process of creating an artwork can consist of picking an ordinary object out of its functional environment, combining it with other objects, contexts or references, and then exhibiting it with unexpected captions. “It’s astounding that despite centuries of debate, distinction between laughter and seriousness can only be made through opposition. Humor, as a sincere intention, can be a concise, undogmatic, rather consequential political attitude,” the artist ponders.
In the urban realm, Chaves depicts spontaneous popular interventions such as road hole signs built with off-the-cuff objects (Holes series, 1996/2014), or else he captures the exquisite poetry in tipper-over cans of paint (Untitled, 2012/2016), an insect’s shadow on a wall (Dancing spider, 2016), or the colorful luminance projected on ordinary sidewalk tiles (Untitled, 2012).
His ironic streak jumps out in images like the phallic photocomposition of three skyscrapers (Untitled, 2016), the diptych that couples the unlikely growth of the crown of a tree with a functionless chair (Santiago series, 2012), the photo of a worn-out rope laid out as a G clef (Untitled, 2016), or the video that implies the tragicomedy of a smile (Laughing mask,2005)
“Evoking a noise-ridden world in his work, Marcos Chaves is above all things interested in the willingness to see what’s given to everyone – ordinary life – as if it were the first time, over and again,” says Moacir dos Anjos