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fevereiro 24, 2017
Bruno Faria + Marcos Chaves na dotART, Belo Horizonte
Até o dia 3 de março, a dotART galeria apresenta o humor provocativo de Marcos Chaves, na exposição Crônicas, e o frescor de Bruno Faria, com a mostra Panorama El Viajero, ambas sob a curadoria de Wilson Lazaro.
Marcos Chaves, Crônicas
O carioca Marcos Chaves apresenta ao público mineiro um recorte de 20 anos de sua produção artística, entre 1996 e 2016, composto por fotografias e uma obra em vídeo. Trabalhando sobre os parâmetros da apropriação e da intervenção, sua obra é caracterizada pela utilização de diversas mídias, transitando livremente entre a produção de objetos, fotografias, vídeos, desenhos, palavras e sons. “Ele une a poesia, o ritmo e o humor na sua obra para criar”, comente o curador Wilson Lazaro.
O artista faz da palavra, do humor e da crônica fotográfica seus instrumentos para colocar em questão as incertezas, suas e coletivas, e desafiar as certezas do mundo. O uso do texto em seu trabalho abre diferentes significados, ampliando as possibilidades de leitura e percepção de situações, às vezes bastante simples e óbvias. “O texto pode propor leituras mais complexas, dobras, propiciando ao expectador acesso a outras possíveis interpretações do assunto em questão. Às vezes com a supressão de uma vírgula, um acento ortográfico ou mesmo a eliminação do espaço entre as palavras, procuro dar visibilidade a uma nova maneira de observar o que parecia ser o óbvio ou o clichê”, afirma Chaves.
Uma das obras mais conhecidas do artista, que trabalha justamente o texto e suas camadas de significados em diálogo com a fotografia, está presente na dotART galeria: “Eu só vendo a vista”, de 1998. “Nesta obra, a junção da frase ‘Eu só vendo a vista’ com a fotografia da Baía de Guanabara, principal cartão postal carioca, é uma síntese da cidade, sobre ser carioca, ser artista no Rio. Sobre o mercado, no caso o da arte e o imobiliário”, finaliza
Bruno Faria, Panorama El Viajero
O recifense Bruno Faria apresenta a exposição “Panorama El Viajero”, partindo de um deslocamento entre diferentes paisagens, colocando-se como um etnógrafo, um sujeito que procura conhecer e entender o mundo. A exposição tem como ponto central um olhar sobre suas distintas linguagens: desenho, colagem, pintura, escultura e arte sonora. “Partindo de contextos específicos, o trabalho do artista revela seu olhar crítico sobre o mundo em que vive”, destaca o curador.
Na obra de Bruno Faria há um frescor ao lado de certas lembranças e antigas memórias. Ao se utilizar de objetos encontrados carregados de memórias, ele se expressa por meio da ressignificação destes itens. “Acredito que uma boa obra de arte contemporânea seja um reflexo do presente, algo que traga frescor. Minhas obras podem ser vistas em diferentes linguagens, do tradicional desenho, uma instalação ou uma ação no espaço público. Para cada obra, a apresentação dela é pensada, sobretudo, em relação ao público que verá”, afirma o artista.