|
fevereiro 20, 2017
Cromofilia vs Cromofobia: continuação na Nara Roesler, Rio de Janeiro
Continuando sua investigação da cor e essa hipotética batalha entre a tabela cromática e o círculo cromático, a diretora artística da Galeria Nara Roesler, Alexandra Garcia Waldman, apresenta a segunda parte da exposição coletiva Cromofilia vs Cromofobia: Continuação, agora na sede carioca. A mostra, cuja primeira parte passou por São Paulo, inclui 23 obras dos artistas Abraham Palatnik, Angelo Venosa, Antonio Dias, Artur Lescher, Bruno Dunley, Carlito Carvalhosa, Daniel Buren, Eduardo Coimbra, Hélio Oiticica, José Patrício, Karin Lambrecht, Laura Vinci, Marcelo Silveira, Marco Maggi, Melanie Smith, Milton Machado, Rodolpho Parigi, Sergio Sister, Tomie Ohtake, Vik Muniz e Virgínia de Medeiros.
Tomando como base teórica o ensaio Chromophilia, do livro Chromophobia, de David Batchelors, a exposição apresenta artistas contemporâneos que brincam, destroem e se deleitam com a tensão entre o uso das cores industriais pós-1960 e o advento da tabela cromática. Batchelor descreve a tabela cromática, como uma lista descartável de cores prontas. “Cada tira de papel é uma pintura abstrata perfeita em miniatura, ou um exemplo compacto de serialismo cromático, ou uma página de um vasto catálogo raisonné de monocromos”. A tabela conferiu aos artistas liberdade e autonomia na utilização das cores, algo inimaginável dentro da rígida estrutura estabelecida anteriormente pelo círculo cromático. Nas palavras de Batchelor: “o círculo cromático estabelece relações entre cores e implica uma hierarquia quase feudal entre elas – primárias, secundárias e terciárias, puras e não tão puras”.
Os artistas da exposição brindam os visitantes com o espectro completo do drama cromático. Daniel Buren rejeitou a ideia de que a eliminação da cor produziria uma forma mais pura de arte; ao contrário, a cor para ele é essencial e não pode ser substituída por palavras ou ações.
Rodolpho Parigi, com cores explosivas tece formas geométricas planas, em composições que evocam paisagens urbanas semi-abstratas e fragmentadas. Já Vik Muniz, cuja obra se relaciona à percepção e à representação de imagens do mundo, desta vez explora a força da cor sozinha, a partir de uma pintura monocromática do consagrado artista Yves Klein.
Enquanto Eduardo Coimbra e Marco Maggi constroem com a cor particulares geometrias, Artur Lescher a introduz como elemento em sua escultura formal. De outro lado, Sérgio Sister e Bruno Dunley recontextualizam ideias clássicas relativas à tela no sentido de janela, investigando a intrincada relação entre as cores quando estas interagem com o espaço e o ar.
Entre os trabalhos bidimensionais, ainda, as obras de José Patrício e Marcelo Silveira tangenciam a arte cinética ao criar com a cor e material certa ilusão ao olhar e as pinturas de Karin Lambrecht definem paisagens por uma monocromia vibrante. Diferentemente de Carlito Carvalhosa, cujo desenho orgânico contrasta com a aplicação de um único tom pálido e dos suaves tons do desenho de Antonio Dias. Por sua vez, Angelo Venosa introduz a cor em suas estruturas que investigam o interior dos corpos.
Os artistas na exposição desafiam os espectadores a experimentar a cor. Eles materializaram as cores para alcançar a liberdade de experimentação, deixando para trás a rigidez do círculo cromático.