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fevereiro 20, 2017

Rivane Neuenschwander no MAR, Rio de Janeiro

O Museu de Arte do Rio – MAR, sob a gestão do Instituto Odeon, inaugura em 21 de fevereiro a exposição O nome do medo, da artista Rivane Neuenschwander, em colaboração com o fashion designer Guto Carvalhoneto. Com curadoria de Lisette Lagnado, patrocínio do prêmio da Fundação Yanghyun (Coreia do Sul) e em parceria com a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), a mostra apresenta 32 peças desenvolvidas por Rivane e Guto. Elas são resultado de um processo de criação iniciado a partir de oficinas realizadas com crianças de escolas públicas e particulares e de unidades de reinserção social (URS), além de público espontâneo do MAR e do Parque Lage.

O projeto que dá nome à mostra foi concebido por Rivane após ser agraciada com o Yanghyun, em 2013, na sexta edição do prêmio coreano que contempla artistas com obras reconhecidas internacionalmente. Por meio deste, a Fundação Yanghyun oferece aos ganhadores um sistema de apoio para realização de uma mostra em um museu renomado. O MAR, como um espaço de fomento à educação como prática de criação e experimentação, foi escolhido para receber as peças produzidas a partir das atividades de O nome do medo no Rio de Janeiro.

Em 2015, Rivane foi convidada para colaborar com o evento Children’s Comission, realizado anualmente pela galeria de arte Whitechapel (Londres, Inglaterra), criado para promover a interação das crianças com a arte. Na ocasião, a artista se propôs a investigar o medo a partir do olhar das crianças, que foram estimuladas a listar e desenhar seus maiores temores e a construir capas com materiais ricos em texturas e cores – algodão, organza, fitas, plásticos, linhas e outros materiais ligados ao universo do corte e da costura –, como uma forma de ajudá-las a acolher e se proteger de seus medos. Os artigos produzidos nos encontros foram transformados em capas estilizadas, criadas pela artista com a colaboração do fashion designer Lucas Nascimento, brasileiro radicado em Londres.

No Rio de Janeiro, foram realizadas 12 oficinas, com duração de três horas, com mais de 240 crianças, entre 6 e 13 anos, na Escola do Olhar e na EAV Parque Lage. Artistas renomados como Laura Lima, Anitta Boavida, Chiara Banfi, Daniel Steegmann-Mangrane, entre outros, auxiliaram os participantes nas confecções de suas peças. As capas desenhadas e construídas durante as atividades ganharam um novo formato pelas mãos de Rivane e do fashion designer Guto Carvalhoneto, com acompanhamento de Lisette Lagnado.

Para a artista, o projeto permite questionar as origens psíquicas e sociais do medo e ajuda a criança na elaboração de seus conflitos. Rivane explica que “a oposição entre brincadeira e violência faz com que esse trabalho ofereça condições singulares para que a criança manifeste seus anseios e temores, para que os adultos reavaliem tanto a infância quanto a exposição cotidiana da criança à brutalidade, e, ainda, para repensarmos como o medo decorre de um tipo de afeto coercitivo dentro da sociedade”.
Rivane já fez exposições individuais e coletivas na Suécia, Irlanda, Japão, África do Sul, França, entre outros países. Suas obras são produzidas a partir de processos colaborativos com o público.

Sobre Lisette Lagnado
Lisette Lagnado (1961, Kinshasa, Congo) é crítica de arte e curadora independente. Formada em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é mestre em Comunicação e Semiótica (dissertação sobre a obra de Mira Schendel) e doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo, com uma tese sobre o programa ambiental de Hélio Oiticica. Junto com amigos e familiares, fundou, em 1993, o Projeto Leonilson, que permitiu organizar a primeira retrospectiva do artista, morto em decorrência da AIDS. Autora dos livros Leonilson. São tantas as verdades (São Paulo: Projeto Leonilson/SESI/DBA, 1995) e Laura Lima. On_off (Rio de Janeiro: Cobogó, 2014), tem diversos artigos e ensaios publicados no Brasil e no exterior. Entre as exposições que concebeu, foi curadora, em 2006, da 27ª Bienal de São Paulo ("Como Viver Junto"); da mostra “Desvíos de la deriva. Experiencias, travesias y morfologías” (2010), no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS), em Madri; e do 33º Panorama do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013). Desde agosto de 2014, dirige a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro.

Sobre Guto Carvalhoneto
Guto Carvalhoneto formou-se em design de moda pela Universidade Cândido Mendes, em 2008. Já em 2009 foi viver em Paris para aprofundar os seus conhecimentos. Durante esse período, trabalhou como visual merchandising para uma marca de prêt-à-porter francesa e paralelamente desenvolveu sua pesquisa focada na precisão e técnicas da alta costura parisiense. Em 2011, lançou sua marca, buscando experimentar materiais e formas não comuns à moda comercial, unidas às semelhanças estéticas entre o sertão e o oriente, contaminando-se também pelo cinema e pelas artes visuais.

Posted by Patricia Canetti at 6:57 PM